Destino
Destino
Por: Heart_Monteiro7
Prólogo

Uma bela mulher!

Assim Víbora observava sua linda e bela menina espalhada na cama com seus longos cabelos negros que pareciam a noite sem estrela de escuros, ela se espreguiçava suavemente como se fosse uma gata e logo seus olhos da cor de esmeralda se abriram com o brilho mais lindo que já pode ver na vida.

- Oi!

Ela sorria de maneira doce e sem se dar conta de forma sensual.

- Se continuar me olhando assim não vou conseguir segurar, terei que fazê-la minha novamente!

O lençol que cobria o pequeno corpo da mulher deslizou para o chão deixando a vista suas coxas torneadas e sua bunda empinada.

- Como uma coisinha tão inocente e pequena como você pode ser ao mesmo tempo tão sensual e atraente?

Víbora acariciava a bunda da mulher de forma carinhosa mas era nítido suas segundas intenções.

- Talvez seja a magia que carrego dentro de mim!

Esmeralda é cigana de nascença, Víbora havia conhecido a bela mulher quando foi realizar um serviço encomendado perto do acampamento que a bela cigana vivia, ele viu quando Esmeralda dançava com outras mulheres em uma pequena praça e se encantou perdidamente por ela contudo Esmeralda não poderia ficar com um homem que não fosse cigano mas assim que os olhos dela encontraram com os de Víbora não pode fugir da grande atração que sentiu por ele.

Esmeralda era filha do chefe dos ciganos e quando tentou conversar com seu pai sobre o homem que amava, ele não aceitou que sua filha mais nova estava apaixonada por um homem não cigano e quis obrigar Esmeralda a se casar com um dos ciganos influentes do acampamento, se sentindo pressionada pelo seu pai e pelos outros ciganos, resolveu procurar seu amado e contar sobre sua situação.

Víbora queria tanto ter aquela pequena adivinha em seus braços que não se importou com as diferenças culturais e de idade, já que Víbora tinha 25 e Esmeralda 16, decidiu levar a bela cigana para viver com ele, no dia marcado após ele realizar seu trabalho, Víbora e a jovem cigana fugiram para viver seu grande amor.

Desde de então Víbora dedica seus dias entre seus serviços muito bem pagos e sua bela mulher, apesar de nunca ter oficializado a união dele com ela, o mesmo sentia que o sentimento que ambos compartilhavam era algo diferente, como se fosse um amor de muitas vidas, ele em si não acreditava nisso mas sua linda cigana sempre dizia isso, Esmeralda é sua alma gêmea e ele dela, isso era algo que não podia negar.

- Amor, estamos juntos já faz algum tempo, e nunca soube seu nome. Isso é um pouco estranho! Não gosto de chamar meu amor eterno com um nome de um animal tão traiçoeiro!

Ele sabia que esse assunto voltaria novamente, no começo Esmeralda queria muito saber seu nome verdadeiro mas ele sempre dizia que não gostava do nome de batismo e preferia ser chamado como Víbora, Esmeralda pareceu não entender bem mesmo não aceitando, não insistiu por pensar que o nome dele fosse feio ou desagradável, porém com o passar do tempo e a convivência, Esmeralda queria saber o nome do homem que compartilhava a vida.

- Querida, meu nome não é relevante. É melhor você nunca saber qual é, para sua proteção!

A mulher direcionou um olhar questionador em direção do seu amado, ela se levantou e colocou uma fina camisola sob seu corpo nu.

- Qual o problema de sua mulher saber seu nome?

Ele não podia dizer à ela sobre a união dos assassinos selvagens, quando um homem entra na UAS não podia mais usar seu nome de batismo pois isso poderia ser usado contra ele pelos seus inimigos e até mesmo à policia podia encontrá-los facilmente.

- Esmeralda, venha aqui!

Como se ele fosse seu dono e senhor, a jovem seguiu em sua direção vendo ele se sentar na cama que antes foi cenário da junção perfeita de dois amantes, ele colocou o pequeno corpo de sua amada em seu colo e acariciou gentilmente suas coxas.

- Morena, preciso proteger você do que sou e do que faço. Entenda que é a mulher mais importante da minha vida jamais colocaria em risco sua vida pelo que faço, portanto peço para não tocar mais nesse assunto, estamos entendidos?

Ela assentiu com a cabeça, mas percebeu que não podia discutir com ele e deu um sorriso torto mostrando seu descontentamento.

- Vamos mudar de assunto. Que tal voltar para essa cama e continuarmos aonde paramos?

Víbora foi o primeiro homem de Esmeralda, as ciganas costumam preservar sua pureza e quando percebeu que ela entregaria sua virgindade para ele, o homem se sentiu o mais importante do mundo e quando ela fez toda uma cerimônia digna das culturas ciganas para entregar seu corpo à ele, se sentiu especial para sua Esmeralda.

- Ainda não!

Ele fez uma expressão de chateação.

- Tenho algo para contar à você, meu amado!

Ela possuía um sorriso que chegava os olhos de tanta felicidade, Esmeralda estava grávida, havia descobrindo na manhã daquele dia, já havia um ano que vivia com Víbora e durante esse tempo não havia se arrependido em nenhum momento por ter fugido e se entregado à ele, por isso quando soube que esperava um fruto do amor dos dois ficou feliz.

- Então me diga, minha pequena cigana!

Ela ainda não sabia se seu amado aceitaria uma gravidez, já que ela não foi planejado, Esmeralda não se prevenia e ele também não se protegia, então talvez ele também queira ter uma família como ela, os ciganos são famosos por ter famílias numerosas e Esmeralda pretendia ter muitos filhos também pois queria ter uma família com Víbora mesmo não sabendo seu nome verdadeiro, quando ela ia começar a falar, o homem escutou o barulho de batidas na porta e logo se vestiu para poder atender.

- Esmeralda, espere aqui no quarto e logo voltamos a conversar!

Ele depositou um beijo casto em seus lábios e saiu apressado em direção da parte inferior da casa onde viviam, era um lugar grande e confortável apesar de Esmeralda ser acostumada a viver em tendas e sair viajando pelo mundo como uma verdadeira cigana mas por incrível que pareça aquela doce menina amava viver como uma não cigana pois estava do lado do homem que amava, ela queria saber como Víbora mantinha aquela vida abastada, nunca ligou com luxo pois não tinha isso mas não entendia como ele conseguia manter aquele padrão de vida, ficou curiosa e sabia como ia descobrir com que seu homem ganhava a vida, resolveu correr para o banheiro e tomar um banho rápido, colocou seu vestido florido que se encaixava perfeitamente em suas curvas e soltou seus cabelos que iam até abaixo de sua cintura e foi em passos leves até a sala para poder saber qual era o serviço dessa semana.

Sabia que Víbora cumpria trabalhos todas as semanas e que sempre ficava fora durante dias e voltava com presentes e uma mala cheia de dinheiro, isso causava estranheza nela mas resolveu não perguntar pois no fundo tinha medo da resposta, já estava na parte inferior da casa e foi lentamente para o escritório e percebeu que a porta estava entreaberta.

- O serviço é simples! Deve entrar e matar a família inteira, não deixe testemunhas e nem vestígio como sempre!

Esmeralda colocou a mão na boca para abafar o soluço de um choro que estava preste à sair, seu amado é um assassino, não podia acreditar.

- A parte da UAS já foi repassada, sua parte será enviada assim que terminar seu trabalho!

A cigana não queria mais ouvir contudo permaneceu ali para de alguma forma ouvir ele dizer que não faria o serviço.

- Entendo, Lion. E como vai seu filho?

Víbora sabia que Lion teve um filho de uma prostituta e se preocupava com o menino que apesar da mãe viciada que possuía ainda tinha uma grande devoção por ela.

- Ele está bem, agora tive a certeza que ele é meu filho mesmo, o garoto nasceu com a marca perto da virilha como eu, demorei um pouco para ir atrás dele e da mãe, uma prostituta que trabalha com ela me procurou dizendo que meu filho não estava bem, o garoto já tem seis anos e nem sabe ler e escrever, aquela drogada não cuidou do filho direito.

Lion esteve envolvido durante muito tempo com aquela mulher mas sabia que ela não ficava apenas com ele e tinha muitos parceiros sexuais mas quando a meretriz procurou ele dizendo estar grávida dele, ele não acreditou apenas depois de ver a marca no menino teve certeza.

- O que fará agora que sabe dessa informação?

Víbora sabia o cargo que Lion ocupava na UAS como segundo após o seu pai iria logo ser o líder de todos.

- Vou tirar o meu filho daquela mulher, é óbvio que a viciada não tem condições de cuidar do meu filho e herdeiro!

Esmeralda continuava a escutar toda conversa com atenção, horrorizada com toda aquela conversa.

- Tem mais informações sobre essa família?

Víbora perguntou querendo mudar de assunto já que percebeu o incômodo que seu amigo tinha em comentar sobre isso.

- Apenas um homem, sua mulher e o filho deles. Serviço rápido e simples, já esta acostumado com isso sei que é especialista em matar famílias inteiras com maestria!

As lágrimas escorriam pelo rosto moreno de Esmeralda, ele realmente era um assassino frio e cruel, era especialista em matar famílias inteiras e fazia isso muito bem como o tal Lion descreveu, naquele momento tudo que conseguia pensar era como poderia ter uma família com aquele homem sem escrúpulos que matava famílias inteiras sem piedade, teve que pensar rápido para resolver aquele impasse, saiu dali decidida a ir embora e nunca mais voltar.

- Escute, Lion. Esse é o serviço de fechamento.

O serviço de fechamento significava que o homem estava livre dos assassinatos pois havia provado seu valor e seria um membro honorário da mesa dos selvagens, uma comissão que controlava tudo dentro da UAS.

- Claro! É até estranho saber que não irá cumprir mais os serviços, sabe que é um dos melhores da UAS.

Víbora queria ser merecedor do amor de Esmeralda, sua morena era íntegra e honesta, ele tinha certeza que se ela soubesse quem ele era de verdade não iria quere-lo ao seu lado, queria ter uma família com aquela pequena de olhos verdes preciosos.

- Tudo isso por uma mulher?

- Isso tudo é por uma mulher sim, Esmeralda é a mulher que amo nunca conheci alguém tão especial como ela. Não é porque você só se atrai por mulheres que não prestam que Esmeralda também seja assim.

Lion ficou incomodado com o comentário pois seu amigo tinha razão, o homem tinha uma certa atração por mulheres que não tinham valor nenhum.

- Ela sabe que é um assassino? Ou melhor, ela sabe o seu nome verdadeiro?

Víbora sabia que seu amigo de longa data queria feri-lo pois se Esmeralda é tão valorosa assim, não ficaria com um assassino e ele tinha medo que ela realmente não ficaria com ele sabendo sua verdadeira profissão.

- Não ela não sabe! Irei contar para ela a verdade assim que terminar esse último serviço. Somos irmãos de honra, formos iniciados juntos, Lion, não queria ofender você. Mas respeite Esmeralda, ela é a única coisa boa que tenho na vida, logo você irá conhecê-la e verá com seus próprios olhos como ela é doce e encantadora.

Lion sabia que seu amigo estava apaixonado, mas não conseguia entender o que era aquele sentimento que fazia Víbora se afastar dos serviços encomendados e viver como um homem pacato da mesa dos selvagens, ele ainda preferia a emoção do perigo e adrenalina da matança desenfreada.

- Respeito sua escolha e espero conhecer logo sua bela cigana, quem sabe ela lê minha sorte.

Ele começou a rir para dissipar o clima do momento anterior.

- Vou pedir para ela fazer um jantar e vou convidar você, traga seu pequeno também, Esmeralda ama crianças.

Sabia que sua bela mulher queria uma família numerosa e ele também queria isso, como órfão sempre almejou ter uma família e sabia que com Esmeralda ele podia ter isso.

- Estou de partida para realizar o serviço que foi designado para mim esse mês, quando chegar aviso à você e pode marcar o jantar pois estarei aqui para conhecer sua cigana, trarei meu filho comigo!

Ele se despediu do amigo e já se encaminhou para seu quarto como de costume avisaria a Esmeralda que iria viajar a trabalho e logo voltaria, daria as indicações de sempre, para permanecer em casa e esperá-lo linda e disposta como sempre foi durante o último ano que viveram juntos, ele olhou para cama vendo uma mala pronta e Esmeralda vestida com uma calça e um moletom, não parecia sua doce esposa com suas vestimentas tradicionais que ela fazia questão de manter.

- O que significa isso, Esmeralda?

Ela abaixou a cabeça querendo esconder seu rosto marcado com as lágrimas mas víbora não permitiu que ficasse assim por muito tempo.

- Sinto muito, não podemos mais continuar juntos!

Víbora por um momento não conseguiu processar bem o que sua amada havia dito.

- Está louca? Como não podemos ficar juntos?

Esmeralda não sabia o que dizer para Víbora pois não era falta de amor, o sentimento ainda estava vivo dentro dela, a mulher suspeitava que nunca mais iria amar alguém com tanta força e desejo mas não poderia ficar com ele sabendo o que fazia.

–Descobri tudo, Víbora!

Ele tremeu à ouvir sua mulher dizer que sabia sobre quem ele era realmente.

- Querida, me perdoei por mentir, não estava preparado para dizer a verdade, esse é o último trabalho e depois desse nunca mais irei matar ninguém, acredite em mim.

Por um instante, Esmeralda queria acreditar nisso com toda a força do seu coração mas e às mortes anteriores, como poderia esquecer que o homem que ama tinha sangue de tantas pessoas nas mãos?

- Não faça esse último trabalho, esqueça isso, meu amor. Vamos viver a partir de agora sem mentiras, um novo começo para nós!

Víbora sabia que não podia negar esse trabalho, na realidade quando jurou lealdade à UAS estava determinado que nunca poderia negar um serviço e esse em especial daria sua liberdade dos trabalhos criminosos e assim poderia viver sem culpas com sua cigana.

- Não posso, querida! Esse será o último trabalho depois estarei livre para vivermos o nosso recomeço.

Esmeralda balançou a cabeça de forma negativa chorando ainda mais.

- Sinto tanto por você e principalmente sinto muito por nós. Não posso continuar com você dessa maneira, sabe como vejo a vida de todos os seres como preciosa e mesmo assim não me falou a verdade, teve tantas oportunidades para dizer e sempre fugia disso, nem seu nome sei. Quem é você?

Ele percebeu que ela tinha razão, ele podia ter contado a verdade desde do começo dando a escolha de Esmeralda segui-lo ou não, Víbora foi egoísta sim, não conseguia viver sem sua bela morena mais imaginou que poderia levar a situação por muitos anos se isso fosse permitido por ela mas agora não tinha opções a não ser aceitar a rejeição de sua amada.

- Sou o homem que te ama. Fique comigo, vamos esquecer o passado, esse é o último trabalho, eu jurou.

Esmeralda queria acreditar que fosse mas a nuvem da incerteza pareou sobre sua mente escurecendo tudo.

- Sei que fui egoísta em não deixar escolher se queria ficar com um assassino e fiz você abandonar sua família e tradição mas precisa entender que não posso viver sem você.

Ela olhou em seus olhos e ele viu que sua amada estava determinada e nada iria mudar sua decisão, Esmeralda pegou sua mala com suas roupas, não queria levar nada que fosse proveniente do dinheiro manchado de sangue de Víbora, ela saiu em direção a porta e ele seguiu seus passos, a morena virou-se rapidamente e olhou bem dentro dos olhos do homem que nunca deixaria de amar.

- Pelo menos diga seu nome!

Ela precisava saber para se agarrar à algo verdadeiro e não as mentiras que ele falou tantas vezes, ele ficou mudo por alguns minutos ponderando se contaria, Esmeralda continuou seu caminho quando escutou a voz rouca dele.

- Marcos! Meu nome de batismo é Marcos.

A moça deixou sua mala de lado, foi em sua direção e deu um beijo de despedida no homem que jamais esqueceria, quando se soltou dele, Esmeralda olhou nos olhos castanhos claros de Marcos pela última vez.

- Amo você para sempre, Marcos Víbora.

Ela pegou sua mala e saiu correndo pelas escadas, deixando Víbora desolado e sem chão no quarto que tantas vezes fizeram amor, ele também amava aquela mulher, havia dito isso à ela inúmeras vezes mas naquele momento de despedida não conseguiu dizer. Como se sentisse ferido por ela ir embora, ele não tinha mágoa dela pois sabia que isso poderia acontecer mas seu coração não queria aceitar que ela não estaria mais ao seu lado, ele se lembrou que Esmeralda não tinha dinheiro e era somente uma menina de 17 anos, ele correu para tentar alcançar mas já era tarde demais, a jovem mulher já tinha partido levando o coração de Víbora.

Esmeralda tinha uma reserva que sua mãe deu à ela para que não passasse dificuldade bem provável a velha cigana já deveria ter visto nas cartas que sua menina teria uma decepção amorosa que mudaria sua vida para sempre, a pobre menina entrou no táxi que apareceu de maneira divinal em seu caminho, a menina não sabia o que fazer, não poderia voltar para o seu povo pois seria considerada uma qualquer e bem provável seu pai não aceitaria seu retorno ao acampamento.

Pela primeira vez depois de ter seguido seu coração, se sentiu sozinha, o taxista falava sobre um bairro com predominância de latinos e que ele vivia lá, Esmeralda sabia falar espanhol e podia viver bem lá, o homem dizia que o bairro era novo e havia muitos apartamentos ali que estavam sendo doados pela prefeitura.

- Estou aqui falando e falando, e até agora não me falou aonde quer que deixe você, menina.

Esmeralda sabia onde ela poderia recomeçar sua vida junto com seu bebê.

- Me leve para o bairro de Guadalupe!

O taxista que ao longo da viagem, a cigana descobriu se chamar Jorge, ajudou a menina a encontrar um pequeno apartamento próximo a sua casa, Esmeralda contou que precisava de um emprego e que não possuía parentes para ajudá-la, Jorge mencionou que havia um restaurante que estava precisando de uma garçonete e que ele pertencia à seu irmão e cunhada, no mesmo dia, Esmeralda foi conversar com o irmão do taxista que se chamava Ernesto, ele e sua esposa de nome Amália se afeiçoaram a menina desde do primeiro momento que à viram.

- Esta contratada, começamos cedo e vamos até ás 20:00!

A jovem sentiu a necessidade de contar sobre a gravidez, mesmo tendo a certeza que podia não conseguir o emprego.

- Senhor Ernesto e Senhora Amália, não vou mentir. Estou grávida de poucos meses, mas não tenho medo de trabalhar, preciso muito desse emprego mas vou entender se não quiserem me dar essa chance.

Amália abraçou a menina vendo que ela não tinha ninguém para ajudá-la.

- Ficamos felizes de ter nos contado. Imagino que o pai tenha abandona você depois que descobriu a gravidez, tem homens que nem deveriam ser homens.

Esmeralda ficou calada ouvindo Ernesto, ela não havia contado para Víbora, não sabia se ele queria uma família depois de ouvir o homem que estava com ele dizer que Víbora era especialista em matar famílias inteiras, preferiu se calar, ela iria conseguir cuidar de sua filha sozinha sem ajuda de ninguém, somente ela e seu bebê.

- O emprego continua sendo seu. Não nos importamos se está grávida, queremos que se sinta acolhida, menina.

A cigana se sentiu protegida e querida por aqueles desconhecidos e sabia que poderia recomeçar junto com seu bebê.

Algum tempo depois, Esmeralda deu à luz a uma linda menina na qual colocou o nome de sua mãe, Jasmim. A menina tinha os olhos claros e os cabelos castanhos, seria difícil não olhar para pequena Jasmim sem se lembrar dos olhos de Víbora, a pequena parecia muito com o pai, ela ainda era muito apaixonada por ele e até mesmo duvidava que poderia esquecer dele algum dia, os dias se tornaram meses e os meses em anos, mas ela nunca havia esquecido seu grande amor.

Certo dia quando voltava da escola com sua filha ao lado, viu uma pequena menina de aproximadamente 3 anos sentada na calçada, ela estava suja e chorava muito, a menina se levantou e começou a andar sem direção pela rua, Esmeralda correu e pegou a menina antes que ela fosse atropelada, a menininha chorava ainda mais quando ela colocou em seu colo de maneira carinhosa.

- Mamãe, o que ela tem

Jasmim já tinha dez anos e ficou preocupada com a pequena.

- O que foi meu, anjinho?

A menina parou de chorar um pouco mas Esmeralda percebeu que ela estava olhando sem direção como se não conseguisse ver descobriu que a pobre criança era cega, olhou para os lados e não encontrou nenhum adulto por perto.

- Aonde estão seus pais, pequena?

A menina começou a chorar ainda mais.

- Mamãe.

Ela chorava alto, Esmeralda apesar do medo começou a procurar alguém que pudesse ser a mãe que a pequenina tanto chamava, até que chegou a um beco escuro e sujo encontrando uma mulher com os olhos abertos mas não havia nenhuma marca de tiro ou outro ferimento, ela se aproximou e viu que a mulher não respirava mais, ela abraçou a pequena menina com mais carinho sabendo que a mesma havia ficado órfã pois bem provavelmente aquela seria a mãe que a menininha tanto chamava, ela correu para o restaurante para avisar Ernesto que chamou a policia, descobriram que a mulher se tratava de uma prostituta de codinome Escarlate, a causa da morte foi overdose, ela tinha 25 anos e não tinha parentes vivos apenas a filha.

Mas a menina não possuía documentos e nem algo que a identificasse, apenas uma correntinha com um pingente de rubi em formato de um leão. A pequena menina não parava de chorar enquanto Esmeralda tentava convencer os policiais à não levá-la para um orfanato.

- Por favor, capitão Vieras, posso cuidar da menina, sabe como os orfanatos são horríveis, ela apenas tem 3 aninhos, não quero nem pensar como será vista nesse lugar sendo filha de uma prostituta e ainda cega. Me conhece desde que comecei a trabalhar no restaurante, até sei que gosta de café sem açúcar e que leva os tacos para Maitê todas as tardes.

O capitão de plantão na delegacia gostava de Esmeralda, como todos que rodeavam ela.

- Tudo bem, cigana. Conseguiu me convencer mas saiba que terá que caprichar na dose do café todos os dias, entendeu?

Ela sorriu para o homem rechonchudo e saiu feliz da sala, pegou a pequena e Jasmim e foi em direção da sua casa.

- Jasmim, agora ela vai viver em nossa casa, será sua irmãzinha, você deve cuidar e protegê-la. Ela não enxergar, e vai precisar muito de nós.

Ambas já estavam na sala do pequeno apartamento, Jasmim viu a pequena dormir tranquilamente no colo de sua mãe.

- Mamãe, ela não tem nome. Como vou chamar minha irmãzinha?

Esmeralda ficou emocionada por Jasmim aceitar tão bem a pequena órfã.

- Estava pensando em Sara, como Santa Sara do nosso povo, minha florzinha. O que acha?

Esmeralda havia ensinado sua filha à amar a cultura e a tradição cigana, Jasmim ficou feliz com o nome.

- Sara é um nome muito abençoado, mamãe!

A menina acordou um pouco assustada mas assim que viu o sorriso de Esmeralda e Jasmim, a pequena Sara se alinhou no peito de sua nova mãe.

- Agora você se chamará Sara mas caso se lembre do seu nome verdadeiro podemos usar ele, lembra do seu nome, meu amorzinho?

A menina começou a chorar novamente mas logo parou com o balançar suave de Esmeralda.

- Vamos fazer assim, se esqueça tudo que foi ruim, pode me chamar de mamãe e Jasmim de irmã, iremos cuidar de você. Ensinaremos como viver sem enxergar e se precisar sempre iremos ajudá-la.

A pequena Sara se alinhou ainda mais no colo de sua nova mamãe e dormiu novamente em um sono profundo, os vizinhos comovidos com a historia deram uma cama para que a pequena pudesse dormir junto com sua irmã mais velha e roupas usadas para que a menina pudesse se vestir.

O tempo passou!

Sara já tinha 10 anos e Jasmim 17, Esmeralda continuava trabalhando no restaurante como garçonete e Jasmim depois da aula ajudava sua mãe, Sara aprendeu com Amália a tocar violão, descobriram que a menina possuía uma voz doce e melodiosa, assim ela se tornou a atração do restaurante cantando e tocando seu violão depois das aulas da escola. Depois de terminar a apresentação, Jasmim correu para ajudar a irmã.

- Obrigada, mana!

Jasmim sorriu vendo a beleza dos olhos claros de sua irmã, ela se sentia triste ao ver Sara tão linda e forte não poder enxergar.

- Sara, mamãe fez omelete para o almoço. Venha, vamos para casa!

Esmeralda já esperava suas filhas, as três eram vistas como guerreiras por todos do bairro, apesar das dificuldades da vida, elas permaneciam unidas.

Elas chegaram em seu condomínio de apartamentos, tudo era muito simples e humilde mas elas continuavam alegres e felizes, ao chegar em sua porta perceberam que havia uma caixa na frente da porta, Esmeralda correu para ver se era uma encomenda mas se surpreendeu ao ver uma recém nascida dentro da caixa, a criança parecia que estava morta mas logo o bebê se mexeu, Esmeralda pegou a criança com cuidado, percebeu que ela estava com febre e correu com ela para o hospital público da cidade, ela comunicou o capitão Vieras que havia encontrado um bebê em sua porta, e que não sabia quem poderia ter deixado o bebê ali.

- Esmeralda, todos na vizinhança sabem como seu coração é bom e generoso. Não vê? A pessoa que deixou a criança em sua porta sabia que apenas você poderia cuida desse bebê.

A cigana sabia que era verdade, ela se afeiçoou a criança de imediato.

- Como faço para adotar esse bebê como fiz com Sara?

O capitão Vieras explicou que já havia realizado a solicitação pois antes de dizer aquelas palavras sabia que seria difícil o bebê ser adotado, a criança foi diagnosticada com um problema respiratório de difícil tratamento causada provavelmente por um parto difícil.

- É uma menina, mamãe! Como vamos chamá-lá?

Jasmim pareceu animada em ter outra irmã, a moça como a mãe tinha um grande coração.

- Samira, o que acharam, meninas?

Sara e Jasmim sorriam para mais nova membra da família.

- Agora minha família esta completa. Tenho Jasmim, minha doce florzinha, Sara, meu lindo rouxinol e agora nossa pequenina Samira.

Esmeralda conseguiu a família que tanto almejava ter e apesar de saber que enfrentaria muitos obstáculos, ela estava feliz em ter suas três filhas ao seu lado.

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