Ao notar a expressão de Liam, as memórias começaram a ressurgir.
Cinco anos atrás, numa noite chuvosa, Liam, recém-nomeado líder da alcateia, era questionado pelos anciãos por sua fraqueza. Ele estava sentado sozinho no campo de treinamento, coberto de feridas.
Quando o encontrei, ele olhava fixamente para uma pedra comum em sua mão.
— O que é isso? — Perguntei suavemente.
— Uma pedra da lua. — Respondeu ele com uma risada amarga. — Dizem que é um objeto sagrado, que dá força e conforto a um lobo. Mas eu a carrego há tanto tempo e ainda sou tão fraco.
Sentei-me ao lado dele, cuidando delicadamente de seus ferimentos.
— Força não se conquista da noite para o dia. Você já está se esforçando demais.
— Elena. — Ele se virou para me encarar, com os olhos cheios de vulnerabilidade. — Se algum dia eu me tornar forte o suficiente, você ainda estará ao meu lado?
— Estarei. — Respondi sem hesitar. — Forte ou fraco, sempre estarei ao seu lado.
Naquela época, ele apertou minha mão com força, como se eu fosse sua pedra da lua mais preciosa.
Mas agora, ele chamou aquilo de "símbolo dos fracos".
— Elena? — Disse Seraphina, irritada com meu devaneio. — Em que você está pensando? Entregue logo essa pedra.
Voltei à realidade e percebi que todos estavam olhando para a pedra da lua em minha mão.
— Entregar? Por quê?
O capitão deu um passo à frente, com tom severo.
— A pedra da lua é um artefato sagrado do povo lobo. Não é algo que uma humana como você possa possuir. De onde você a roubou?
— Eu não roubei. — Franzi a testa. — Meu filho a encontrou na praia.
— Na praia? — Seraphina zombou. — Elena, se você vai mentir, pelo menos faça parecer crível. Pedras da lua verdadeiras só existem em terras sagradas dos lobos. Como poderia uma estar numa praia pública? Você deve tê-la roubado!
O guarda concordou de imediato.
— Sim! Deve ter sido roubada! Como uma humana poderia possuir legalmente uma pedra da lua?
O capitão endureceu a expressão.
— Roubar um artefato sagrado é um crime grave. Segundo a lei da alcateia, você enfrentará punição severa.
— Eu disse que não foi roubada! — Minha paciência estava se esgotando.
— Então prove. — Liam finalmente falou. — Caso contrário, como o Alfa de mais alta hierarquia aqui, tenho o direito de entregá-la ao tribunal da alcateia para julgamento.
Nesse momento tenso, as portas do elevador se abriram com um "ding".
Uma pequena figura correu para fora, chorando.
— Mamãe! Mamãe! Cadê minha pedra? Papai disse que você ia achar pra mim!
Era meu filhote de três anos, Adrian.
Meu coração derreteu ao vê-lo.
— Adrian! — Ajoelhei-me e abri os braços. — Mamãe achou. Está aqui.
Os lobos ao redor ficaram boquiabertos. O garoto tinha no máximo três anos, mas emanava a aura de um lobo puro-sangue — uma aura tão intensa que era quase opressiva.
— Este… este garoto… — Gaguejou o capitão.
De repente, Seraphina avançou e arrancou Adrian de meus braços.
— Ele carrega uma linhagem de alto nível! Como uma humana inferior como Elena poderia dar à luz tal filhote?
Adrian se debatia e gritava nos braços dela.
— Mamãe! Mamãe! Eu quero minha mamãe!
— O filhote deve ter sido sequestrado! — Seraphina anunciou em voz alta. — Elena não é apenas uma ladra de artefatos sagrados — ela é uma traficante do herdeiro de um Alfa!
O saguão explodiu em murmúrios e indignação.
— Traficando o herdeiro de um Alfa?!
— Deuses, isso só prova que humanos não podem se livrar de sua natureza vil. Ousam sequestrar um de nossos filhotes!
— Não é à toa que ela tinha a pedra da lua. Deve ter roubado junto com a criança!
O capitão imediatamente ordenou aos homens:
— Contenham-na! Isso é um crime grave!
Vários guardas avançaram, prendendo meus braços atrás das costas. Tentei me debater, mas eram fortes demais e em maior número.
— Soltem-me! — Gritei furiosa. — Adrian é meu filhote!
— Seu filhote? — Seraphina zombou, segurando Adrian chorando. — Uma humana dando à luz um lobo de sangue nobre? Elena, suas mentiras ficam cada vez mais absurdas.
Adrian soluçava nos braços dela.
— Mamãe! Eu quero minha mamãe! Você é má! Má!
Ver meu filho assim era como uma faca no coração. Lutei com todas as minhas forças, mas os guardas me seguravam ainda mais firme.
— Elena. — Liam se aproximou e olhou para mim com profunda decepção. — Eu sabia que você era uma humana gananciosa, mas nunca imaginei que pudesse afundar tão baixo. Roubo, sequestro, mentiras… há algo que você não faria? Eu estava certo em não te escolher naquela época. Você não merece ser a companheira de um Alfa.
Ele se virou para o capitão.
— Levem-na embora. Entreguem-na ao tribunal da alcateia. Quanto à criança, comecem a contatar as principais alcateias para descobrir quem está sem herdeiro.
— Não! — Balancei a cabeça freneticamente. — Adrian é meu filho! Vocês não podem levá-lo!
Nesse instante, as portas do elevador se abriram novamente.
Um homem exalando uma aura de domínio absoluto saiu. Tinha quase dois metros de altura, vestia um terno preto impecável e carregava a majestade de um rei em cada passo.
Mais aterrorizante ainda era o poder de seu cheiro de Alfa, tão intenso que deixava todos sem fôlego.
Todos os lobisomens presentes, incluindo Liam, instintivamente baixaram a cabeça em sinal de respeito.
— Rei Alfa.
Os olhos prateados do homem varreram a sala, finalmente pousando em mim. No momento em que nossos olhares se encontraram, meus próprios olhos arderam de emoção.
No segundo seguinte, um poder imenso irrompeu de dentro de mim. Olhos dourados de loba lampejaram dentro dos meus e a marca adormecida no meu pescoço começou a queimar e a emitir luz.
Todo o saguão foi instantaneamente banhado pela luz prateada da lua.