Conhecendo o diabo

Acordei já faz um tempo e estou aqui no quarto. Travo uma batalha interna entre descer e conhecer a família de Nicole ou ficar aqui segura. Tá vou descer.

Estou na escada e vejo minha " mãe" com um homem ao seu lado parece que eles estão discutindo com alguém.

- você precisa assumir responsabilidades! Nicolas você já tem 19 anos!

Fala o homem

Eles param de discutir quando me veem. Nicole e o homem me olham surpresos, já Nicolas me olha com talvez curiosidade?

- filha? Que bom te ver aqui! Sinto muito pelo seu-

A interrompo antes que ela continue

- não precisa sentir. Em 13 anos você nunca sentiu nada.

Falo e vou em direção ao meu quarto novamente. Não arisco descer de novo. Hoje já foi um dia cansativo o suficiente.

Acordo cedo no dia seguinte.

São 5:30 da manhã, estou me preparando para uma corrida. Sabe para reconhecer território.

A área burguesa da cidade não fica muito afastada do brooks, então não seria difícil. Saio do quarto e vou em direção a cozinha. Pego uma maçã e começo a correr sem rumo.

Tenho que ter cuidado com meu joelho. A ruptura dele não está 100% curada

Maldito Daniel

Correndo começo a pensar na minha vida. O que teria acontecido se meu pai não tivesse casado? O que aconteceria se eu não conhecesse o Daniel?

Tenho certeza que eu estaria bem melhor.

Depois de quase meia hora correndo meu joelho começa a dar sinais de dor. Paro imediatamente.

Levanto a calça e percebo que eu esqueci a faixa.

Vou ter uma bela dor a noite.

Quando chego em casa são 7:30

- Graças a Deus! Filha onde você estava?

Pergunta Nicole assustada

- eu estava correndo, sabe reconhecendo o ambiente.

Falo friamente.

- Deus o que aconteceu com o seu joelho?

Nicole fica branca quando vê meu joelho todo roxo.

É bem perceptível machucados em uma pele tão pálida e branca quanto a minha.

- vamos dizer que enquanto você brincava de casinha uma pessoa me machucou. Me machucou muito.

Vou em direção a escada mancando um pouco.

- Tome café com a gente, sai daqui trinta minutos.

Assenti e fui pro meu quarto. Essa casa é muito grande é desse lugar que eu tenho que fazer uma planta baixa.

Entro no banheiro e tomo um banho. Coloco a faixa no joelho e vou em direção ao espelho.

Eu odeio isso sério.

Odeio meu corpo.

Quando se faz balé você aprende a amar a dança e odiar o seu corpo.

Especialmente quando sua madrasta fazia questão de te lembrar de como minha cintura não era fina o suficiente ou o quanto minhas coxas eram grossas.

Essa fase passou.

Agora em maioria eu odeio as cicatrizes.

As cicatrizes em minha coxa, meus pulsos, na minha costela.

Depois de anos sem comer direito, depois de tudo o que eu passei. Ainda estou viva.

Quando vejo estou com lágrimas nos olhos. Lágrimas por lembrar do meu pai, que sempre cuidou de mim, lágrimas por lembrar do porque de cada cicatriz estar no meu corpo.

Limpo as lágrimas e desço para a cozinha. Nicolas, Salvatore e Nicole já estavam sentados me esperando.

Viro e encaro Nicolas, seus olhos estão fixos em minhas coxas, por eu estar apenas com uma blusa grande e um short de treino curto.

Percebendo a tensão do ambiente Salvatore começa a falar:

- bom querida! Seja bem vinda! Como já sabe eu sou seu padrasto e esse é meu filho Nicolas. Espero que não se importe mas vou ter uma reunião agora e não vou tomar café com vocês.

- Tudo bem Salvatore, boa reunião

Tento parecer o mais amigável possível.

Me sento a mesa e Nicolas continua a me encarar.

Isso já está um saco.

Pego apenas um café sem açúcar e tomo.

Eu esqueci de falar?

Mas sim ainda tenho algumas sequelas dos meus traumas com o corpo então como bem pouco.

O mínimo para sobreviver.

- não vai comer nada?

Nicolas fala

Me concentro em sua voz rouca.

Extremamente linda e gostosa de se ouvir.

- é estou sem fome.

Falo dando de ombros

Depois de um tempo minha mãe acrescenta:

- você não tem escola não clara? Eu posso te mudar para uma escola aqui perto.

- eu já conclui o ensino médio. Estou de "férias" até fazer 18 e começar a faculdade.

- e vai fazer o que?

- balé

- balé?

Nicolas fala surpreso

- sim, por que está surpreso?

- nada não

Ele fala e sai da cozinha

Logo em seguida término meu café e volto para o quarto para fazer uns alongamentos.

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