Sra. Kity? Consegue me ouvir? Silêncio absoluto, só se ouvia o som da chuva que caía e os galhos que batiam conforme o vento soprava em direção a eles. - Você está bem? Sra. Kity? Estamos aqui para ajudá-la, seus vizinhos alegam ouvir um barulho.
Enquanto isso, podia-se ouvir os cochichos das pessoas ao redor da casa. Muito se falava de ouvir gritos, choros e até murmúrios e gemidos de dor. O que era muito estranho, pois a casa estava em silêncio absoluto, e só estava ela sentada no chão da sala, quieta, apenas respirando, com uma roupa leve de saída de praia. O que era muito estranho, porque quem iria à praia com chuva ou até mesmo à piscina com aquele tempo? Mais uma vez, a policial Camila a questionou... - Sra. Kity, vamos olhar os cômodos da casa, tudo bem? Kity olhou fixamente nos olhos de Camila e, com um suspiro, balançou a cabeça com um sinal de sim. Camila acenou com a mão para os outros policiais que estavam fora da casa, em uma varanda coberta, rodeados de pessoas que alegaram ouvir os tais barulhos. Eles entraram e rapidamente olharam os cômodos da casa: banheiro, quartos, salas, corredores, porão... Enfim, tudo, mas nada encontraram. - Camila, está tudo limpo - disse Jorge, o policial. - Sra. Kity, pode nos acompanhar? Precisamos saber o motivo de tantas denúncias de barulhos. A senhora mora com seu esposo e dois filhos, certo? Onde eles estão agora? - disse Camila, enquanto olhava para Jorge e para ela, como se fizesse algum sinal para que Jorge a ajudasse. A Sra. Kity olhou para eles, olhou para o chão, como um suspiro de alívio, voltou os olhos para Camila, se levantou e foi em direção às escadas que a levavam à sacada de sua casa. - Sra. Kity? Onde você vai? - gritava Camila. - Sra. Kity? O que houve? Cadê a sua família? - disse Jorge. Sem ao menos dar espaço aos policiais, ela subiu as escadas, chegou à ponta da sacada e... - Segura ela, Jorge! - exclamou Camila. - Não, senhora Kity, venha aqui, não faça isso! Pode-se ouvir o estridor do corpo da senhora Kity caindo da sacada abaixo. - SOCORROOOOOOO! Chamem a emergência imediatamente! - disse Camila com a voz trêmula. Alguns minutos depois, não se ouviu mais nada. Todos foram embora para suas casas, só restou Camila, Jorge e um corpo no chão, rodeado de uma fita amarela que deixava toda uma casa linda restrita. Realmente, o silêncio da Sra. Kity era um mistério, mas mais que isso era a dúvida que ficava: onde estava a sua família? E por que tudo estava tão limpo, tão perfeito para tamanho barulho que os vizinhos reclamavam? Por que a Sra. Kity se matou? Por que o silêncio do ambiente? Camila só queria que esse caso fosse estudado mais a fundo. Jorge só queria que a morte não fosse sua culpa, pois ele sequer tentou ampará-la, apenas usou a sua voz, com entoação de ajuda. Camila foi ao caminho de casa esperando o outro caso que ela iria ter pela frente...