“Patrício”Não foi assim que eu imaginei começar o dia com ela hoje. Eu queria ter sido mais suave, mais tranquilo, mas ao ouvir que ela deixaria a empresa eu fiquei louco, isso não aconteceria mesmo! E sem pensar eu a carreguei para a minha sala e nos tranquei ali. Nós ficaríamos trancados juntos nessa sala até que ela me ouvisse e tirasse da cabeça essa idéia de ir embora.Mas ela começou a chorar e isso me pegou completamente desprevenido. As lágrimas dela eram de dor, as lágrimas de um coração partido e vê-la assim fazia com que eu sentisse tudo dentro de mim doer, era uma dor emocional que eu sentia fisicamente. Eu odiava vê-la chorando, sempre odiei, e nas muitas vezes que eu a fiz chorar eu sempre senti essa dor física além da emocional, sempre doeu em mim como se fosse me matar, uma dor lancinante e que não passava.Era essa dor que eu sentia enquanto ela chorava ali no meu peito. E quando eu me dei conta, eu também estava chorando, chorando com ela, chorando por ela. Eu odiav
“Patrício”Eu me perdi no olhar dela por um momento, aqueles olhos lindos e meigos. Mas eu precisava falar, falar do que aconteceu e do que eu senti, do que eu estava sentindo agora e o que eu queria.- Eu fui um estúpido com você aquele dia na boate, fui um idiota, mas não foi a primeira vez que eu me portei mal com você, e eu não me orgulho disso. Eu não deveria ter ido embora da boate daquele jeito.- Patrício, você não me deve explicações, nós éramos amigos, nada mais. Tudo bem você ter ido embora, só poderia ter avisado que estava indo, assim não ficaríamos preocupados com você. Está tudo bem, você encontrou uma mulher interessante e saiu de lá com ela... – Eu comecei a rir, ela estava com ciúme também, eu senti na sua voz. – Do que você está rindo?- Estou rindo porque você está com ciúmes de alguém que nem existe. – Ela me encarou séria. – Meu doce, eu saí da boate sozinho! Não tem outra mulher, não precisa ficar com ciúme. Eu fui embora porque eu vi o seu amigo te abraçar, com
“Lisandra”Eu não podia acreditar no que estava ouvindo. Ele estava ali, finalmente querendo ficar comigo, ser meu namorado. Não era uma declaração de amor, mas eu senti, pela primeira vez que eu tinha a chance de conquistá-lo e como eu queria conquistá-lo! Alguma coisa ele já sentia por mim ou não estaria tão preocupado que eu me afastasse ou que me interessasse por outro.- Namorada? – Experimentei a palavra e me parecia cair tão bem. Mas eu sabia que antes de tudo, era necessário que esclarecêssemos totalmente o que aconteceu na boate.- Não me castiga assim, meu doce! Seja minha, por favor? – Ele pedia em um tom de súplica. Será que ele ainda não tinha entendido que eu sempre fui dele? Mesmo quando ele não me queria eu era dele.- Patrício, você tem certeza do que está dizendo?- Uma enorme certeza. Você não imagina como eu fiquei desesperado esses dias sem saber de você. Você não imagina como eu sinto sua falta, a saudade que eu estou sentindo de você, dos seus beijos, dos seus c
“Lisandra”Ele estava me olhando como se estivesse processando aquelas duas palavras, como se levasse um tempo para compreender que eu tinha pesadelos recorrentes.- Espera, no dia em que a minha mãe esteve aqui ela te perguntou por pesadelos, eu estou neles com frequência? – Eu esperava que ele não me perguntasse isso, mas eu não mentiria.- Desde que você gritou comigo pela primeira vez eu tenho pesadelos. Em geral são versões de você gritando comigo e dizendo que me detesta e que eu sou uma menininha mimada e insuportável. Antes de você voltar de viagem eram formas diferentes e cruéis de você me demitir. – Eu abaixei os meus olhos. – E nos últimos dias era você dizendo que amava a Sabrina e que ela era uma mulher e eu apenas uma menininha mimada.- Nos dias em que dormimos juntos você não teve nenhum pesadelo. – Ele me observava como se quisesse capturar cada mínima reação que eu tivesse.- Nos dias em que dormimos juntos eu estava relaxada e feliz, por isso não tive pesadelos. Pod
“Patrício”Lisandra me olhava sem entender, mas foi realmente engraçado. Ela se assustou tanto que me derrubou. Ela sempre foi um pouco desastrada e quando ficava nervosa era ainda pior.- Meu doce, você é linda demais, mas é meio desastrada! – Eu falei vendo a incompreensão dela e depois elevei a voz para responder ao meu amigo. – Alê, está tudo bem, me dá só um minuto.- Ô, rapaz, não me diga que eu interrompi de novo? – Alessandro gritou da porta e eu voltei a rir. Me lembrei das muitas vezes que ele e a Catarina estavam em situação bem semelhante a minha agora e eu os interrompi.- Quem é o empata foda agora? – O respondi me levantando e pegando a minha camisa do chão. Eu ainda ouvi a gargalhada do Alessandro.- Só pra você saber, a Melissa está a caminho! – Alessandro avisou, me fazendo rir mais enquanto eu ajeitava a saia da Lisandra no lugar e a ajudava a se sentar. Ela me observava como se a minha conversa com o Alessandro fosse um grande absurdo. E seria, se ele não fosse o m
“Lisandra”Quando voltamos do almoço eu finalmente me sentei a minha mesa para trabalhar. Foi só então que notei sobre ela uma sacola de papel de uma loja de doces muito fina. O cartão estava preso no laço de fita que adornava a sacola. Abri e fiquei emocionada, nele estava escrito:“Eu não sei se eu tenho resposta para todas as perguntas, mas eu quero me desculpar por cada vez que te magoei. Eu ainda não sei o que você está fazendo comigo, mas você me encanta, me fascina e me faz querer estar com você. Eu juro que tentei fugir disso, mas eu não consigo mais ficar longe de você. Por favor, deixa eu me explicar, deixa eu me desculpar. Patrício Guzman.”As palavras dele naquele cartão significavam muito. Eu não sabia quando ele teve tempo para providenciar isso, mas o cartão estava datado do dia anterior. Abri a sacola e dentro havia uma caixa de turrones, meu doce preferido. Ele teve o trabalho de consegui-los e eu estava encantada olhando para a caixa. Mas antes de ir lhe agradecer eu
“Patrício”Eu sabia que os irmãos Moreno seriam a parte difícil nessa situação com a Lisandra, mas eu não esperava por um escândalo, tampouco queria que eles descobrissem assim. Eu reuni toda a minha calma e agi como um homem preparado, racional e inteligente.- Podemos conversar como pessoas civilizadas, Raul? – Eu o encarei, mas continuei abraçado a Lisandra, ela parecia assustada com a entrada abrupta do irmão.- Pessoas civilizadas, Patrício? Você estava prestes a profanar a minha irmãzinha em cima da sua mesa de trabalho!- Não seja ridículo, Raul! Eu não estava profanando nada! A Lisandra e eu estamos namorando. – Eu falei com segurança e percebi que a Lisandra deu um pequeno sorriso.- Namorando? Mas que absurdo é esse? Ela é uma criança e vocês são quase irmãos! – O Raul chegava a ser cômico, sempre tratou a Lisandra como um bebê.- Minha nossa, Raul! A criança aqui tem vinte e sete anos, isso são quase trinta, meu amigo. E para minha alegria, eu nunca considerei a Lisandra co
“Lisandra”Quando o meu irmão entrou na sala eu sabia que ele ia gritar e espernear, mas não passaria disso, pois o Raul não era estressado como o Flávio, que partiria para cima do Patrício sem se lembrar que eram amigos. E foi exatamente o que aconteceu, ele fez um dramalhão, mas se convenceu de que eu estava feliz e já estava sorrindo.- Irmãzinha, me desculpe o jeito que eu falei com você, é que eu fiquei muito surpreso. – Meus irmãos eram protetores e me tratavam como se eu fosse uma criança que precisasse ser protegida, e quando brigavam comigo logo se sentiam mal e estavam se desculpando.- Eu te desculpo, mas só porque hoje eu estou generosa! – Eu sorri e ele me abraçou.- Cunhado, bem vindo a família! Cuida dela, e tenta manter as suas calças na cintura! – Ele estendeu a mão para o Patrício.- Hipócrita! – O Patrício riu e o abraçou. – Eu cuido dela. – Eu achei tão lindo, queria pular no colo do meu namorado e enchê-lo de beijos.- Eu já vou indo! – O Raul se despediu do Patrí