“Lisandra”O Patrício e eu voltamos para a cozinha e encontramos o Rick contando para a Wanda e o Romano o que havia descoberto sobre a Taís. A Wanda tentava animá-lo.- Rick, você é um rapaz tão bom, não deve se fechar para o amor. Existem boas moças por aí. Olha o meu menino Patrício, ele encontrou uma boa moça. – A Wanda falava quando entramos e eu passei o braço pelos ombros do Rick.- Mas o seu menino, Wandinha, teve sorte, porque essa boa moça esteve debaixo das barbas dele a vida inteira! – O Rick sorriu pra mim. – Já perdoou esse palerma?- Ele está em fase de observação. Disse que vai me fazer uma surpresa, então, até que essa surpresa aconteça, eu estou de olho nele. – Falei olhando para o Patrício. Eu dei a ele o benefício da dúvida, mas ficaria atenta e ele sabia disso.- Você não vai se arrepender, meu doce! – O Patrício passou por mim e deu um beijo no meu ombro, indo em direção a geladeira. – Então, o que teremos no almoço de amanhã?- Paella de frutos do mar. – A Wanda
“Ricardo”Eu saí da casa do Patrício quando já estava escurecendo. Eu estava achando deprimente ter que voltar para a minha casa, mas, conforme o advogado me advertiu, até sair o divórcio, era melhor eu deixar tudo como estava.Me sentei na sala com uma caixa de pizza e uma cerveja, liguei a televisão e escolhi um filme antigo. Eu adorava filmes em preto e branco e tinha uma coleção deles. Me sentei e na metade do filme eu já estava irrequieto.A sugestão da Lisa de que eu deveria convidar a Ana para o almoço do dia seguinte estava martelando em minha cabeça. Talvez eu devesse convidá-la, afinal éramos amigos, mas talvez ela estivesse ocupada ou tivesse outros planos. Quando os créditos do filme subiram eu me dei conta de que passei mais da metade dele pensando se convidaria ou não a Ana para um almoço entre amigos. Isso não era nada demais, não deveria estar me ocupando a cabeça tanto assim.E meia hora depois eu cheguei a conclusão que era melhor mandar uma mensagem pra ela do que p
“Patrício”No fim do dia, antes de ir embora, a Melissa me chamou de lado. Ela havia passado praticamente o dia todo rondando a Lisandra, certamente a essa altura já sabia tudo o que precisaríamos.- Já sabe como vai ser, não é? – Perguntei.- Em cada mínimo detalhe. Mas amanhã, você precisa almoçar comigo. E não vai dizer a ela que é comigo que você vai almoçar, ou ela vai desconfiar. – Melissa me alertou.- Pode deixar. Vou usar o Rick de distração. – Eu ri.- Ai, Guzman, o Rick me preocupa. Larga a cachorra da Taís e já está se enrolando com a garota Lancaster. – Melissa olhava para a Anabel se despedindo das garotas.- Mas eles são apenas amigos, Mel, qual o problema? – Perguntei.- Ai, Guzman! Mas você é um palerma mesmo! – Melissa me encarou e balançou a cabeça.Depois que todos foram embora eu encontrei a Lisandra sentada na sala olhando pela porta de vidro.- Está tudo bem, meu doce? – Me sentei ao seu lado e a puxei para se encostar em mim.- Está. Foi um ótimo dia, não foi?
“Lisandra”Já faziam umas três semanas desde o almoço na casa do Patrício. Desde então as coisas pareciam meio fora do lugar. O Rick estava evitando a Anabel e quando a Manu e eu tentávamos tocar no assunto ele desconversava. O Patrício estava agindo de forma estranha e andava cheio de compromissos com o Alessandro na hora do almoço, mas eu tinha a sensação de que ele me escondia algo. A Melissa parecia estar trabalhando para o Grupo Mellendez ao invés de trabalhar para o Heitor, pois ela aparecia no escritório todos os dias e ela andava realmente meio perturbada com o tema casamento, eu já estava pensando em dar uma prensa no Nando. A Manu estava sempre aos sussurros no telefone e quando eu chegava ela desligava depressa, como se estivesse me escondendo algum segredo.E como se não bastasse eu achar que todo mundo andava meio estranho, eu agora andava perdendo coisas. Logo eu, que sempre fui tão cuidadosa, agora estava tendo problemas para encontrar meus pertences. Tudo começou com o
“Patrício”A Lisandra andava muito preocupada com o sumiço das coisas. Mas nada estava sumindo. Eu precisei daquelas coisas para preparar a surpresa pra ela. E eu sempre retirava alguns itens da bolsa dela, depois que ela arrumava as coisas para levar para o apartamento. E sempre que dava eu passava por lá e levava mais algumas coisas dela para a minha casa. Eu queria que as coisas dela ficassem na minha casa, queria que ela ficasse de vez lá.No decorrer das semanas eu havia tido uma idéia, algo que ela poderia gostar muito. Eu me lembrei que a Lisandra adorava ir para a fazenda dos meus pais e me lembrei do quanto ela gostou de passar uns dias na fazenda da família da Manu. Então eu resolvi comprar um sítio, um lugar retirado da cidade, onde pudéssemos passar os finais de semana tranquilos, longe da agitação e em contato com a natureza. Ela adorava a natureza.Mas isso eu não havia contado para ninguém, era uma surpresa que eu queria fazer pra ela e queria fazer sozinho. Eu havia ma
“Lisandra”Eu cheguei cedo para a minha consulta. Teria tempo para comer alguma coisa e eu estava morrendo de fome. O cheiro que vinha daquele pequeno bistrô estava divino e eu não resisti, mesmo sabendo que talvez fosse melhor estar em jejum para fazer alguns exames. Mas o meu estômago roncou e eu estava com uma fome que há dias eu não sentia.Eu entrei e logo percebi uma ruiva sentada na mesa perto da janela. Ela parecia esperar alguém e me chamou a atenção porque me lembrou da ex namorada do Patrício, embora a ruiva do restaurante não fosse ruiva natural. Mas também era impossível não notar aquela cabeleira vermelho fogo.Eu passei por ela e me sentei numa mesinha bem no fundo, quase escondida pelo balcão. O garçom se aproximou e me entregou o cardápio, mas antes que eu fizesse o pedido eu vi alguém entrar, alguém que eu conhecia bem, afinal era o meu namorado. Mas ele não tinha um compromisso com o Alessandro?Eu observei o Patrício entrar e me preocupei, pois se ele me visse ali
“Lisandra”O mundo desabou ao meu redor. Aquilo não podia estar acontecendo, não agora, não assim. Eu olhei para o médico em completa confusão e ele me retribuiu com aquele olhar apaziguador.- Pelo visto não foi programado. – Ele concluiu.- Eu tomo pílula, desde que fiquei sexualmente ativa, eu sempre tomei e eu nunca me esqueço. – Foi o que eu consegui dizer, como se isso explicasse algo.- Que por si só não é cem por cento eficaz e pelo que você me contou, no último mês você esteve tomando antibióticos e teve desarranjos intestinais, isso certamente anulou o efeito das pílulas contraceptivas. – Ele explicou e me observou. Eu tremia com o papel em minhas mãos.- Lisandra, um filho é uma boa notícia. – O médico tentava me animar.- Sim, doutor. – Eu não conseguia dizer mais nada.- Posso ligar para alguém vir te buscar? – Ele percebeu que eu estava assimilando a notícia e que não estava me sentindo bem.- Não é necessário. O que eu faço agora? – Eu sabia que um filho era uma benção.
“Patrício”Eu não tinha mais onde procurar pela Lisandra. No aeroporto ela não estava, ela também não embarcou em nenhum vôo, nenhuma das garotas sabia dela e ela não estava no apartamento. Eu comecei a pensar em coisas terríveis e não via outra solução, eu precisava falar com o Flávio, como policial ele teria meios melhores de me ajudar a encontrá-la.Eu fui até a delegacia e encontrei o Flávio logo na entrada. Ele me recebeu alegremente, mas eu sabia que quando contasse o que aconteceu ele logo estaria quebrando a minha cara.- Olha o meu cunhado aí! Precisa da polícia ou veio só tomar um café comigo? – O Flávio me cumprimentou, mas logo percebeu o meu nervosismo. – O que foi, Patrício?- Preciso falar com você. – Eu respondi.- Vamos para a minha sala. – O Flávio me levou para a sala dele. Eu entrei e achei bem peculiar não ter uma porta ali.- Não deveria ter uma porta aqui? – Perguntei.- Portas fechadas são um problema, meu amigo, desde que uma policial oferecida se trancou aqui