“Anabel”Tinha algo acontecendo e eu não sabia o que era. Desde que nos mudamos que o Rick estava estranho, se dizendo cansado demais. Nós íamos e voltávamos juntos do trabalho, mas passávamos o dia todo sem nos ver. Jantávamos juntos e ele falava pouco, quando íamos para a cama ele dormia abraçado comigo, mas era isso, apenas dormia. Já tinha três dias que ele não me tocava. Era como se ele tivesse se fechado. E toda vez que eu perguntava se estava tudo bem ele apenas dizia que estava cansado. Eu é que já estava ficando cansada. Então eu decidi tomar uma providência, mas essa noite ele não me escapava!- Mel, preciso de você! – Eu falei assim que ela atendeu o telefone.- Está tudo bem, Ana? – Ela perguntou e eu nem sabia o que dizer.- Está, mas eu quero fazer uma surpresinha para o Rick hoje, daquelas que nem se ele estiver desmaiando de sono ele vai conseguir resistir, me entende? – Eu pedi.- Ah, entendi, entendi perfeitamente! – A Mel deu uma boa risada. – Consegue sair daí mais
“Leonel”Eu queria torcer o pescoço da Ilana, acabar com vidinha de mentirosa medíocre dela. Tão ordinária quanto a própria mãe! Como eu pude me enganar tanto? Logo eu, o enganador, fui enganado. E tentar matar o Isidoro tinha sido muito ruim pra mim, ainda mais ele, que sabe demais e tem como acabar com a minha vida.Não que nesse momento precise de muito para acabar comigo, eu já perdi o controle da empresa, perdi o controle sobre a Anabel, sobre o Donaldo... a única coisa que eu ainda controlava era a puta da minha esposa, que eu estava mantendo em rédea bem curta, mas já estava cansado também.E agora eu tive que contratar outro advogado às pressas porque o Isidoro está no hospital e renunciou a todos os meus processos. E nem me deixaram falar com ele para saber o que estava acontecendo. Isso era péssimo pra mim, porque o novo advogado era o tipo certinho, que não age pelos caminhos tortos e obscuros. Mas na pressa, teve que ser esse mesmo, pelo menos tinha fama de ser bom.- Leon
“Isidoro”Finalmente de volta em casa. Dez dias naquele hospital tinha sido demais. Se bem que foi bom, para que eu tivesse tempo de pensar e analisar as coisas. Ah, Ilaninha, você fez uma grande merda! E me deixou muito puto da vida com você e a sua familiazinha de merda!Eu nem estava puto por gastar uma fortuna consertando a porta que o delegado quebrou, ele salvou a minha vida, se a polícia não estivesse à espreita eu estaria a sete palmos agora. Foi uma sorte pra mim, mas um grande azar para a Ilana e a mamy e o papy dela. Eles me pagariam muito caro.- Pronto, senhor! – O rapaz que estava colocando o vidro na porta se aproximou, o trabalho tinha ficado muito bom. Eu o paguei e ele se foi.Agora eu tinha um outro compromisso e eu não perderia tempo. Fui ao escritório, abri o cofre e tirei o envelope. Eu guardei aquilo por tantos anos, sabia que uma hora ou outra me serviria e a hora chegou. Eu coloquei o envelope na pasta e fui para a delegacia. Eu daria um depoimento bem longo e
“Ricardo”Depois que o Don me ligou contando sobre a decisão que tirou do Leonel o direito de usar o sobrenome Lancaster, foi a vez do Flávio me ligar para me contar sobre o depoimento do Isidoro. Eu desliguei o telefone e fiquei pensando em todas as revelações que o Isidoro fez, explicava muita coisa. Eu precisava compartilhar isso com o Alencar e foi o que fiz, fui até a sala que ele estava ocupando e contei tudo.- Canalha! – O Alencar exclamou ao final do meu relato. – Quer saber, Rick, eu vou até a casa desse canalha, vou lá saber direitinho a história verdadeira, porque é claro que ele dourou a pílula para a polícia.- Mas você acha que ele ainda está escondendo alguma coisa? – Eu perguntei em dúvida.- Nada que seja de interesse para a polícia, mas do nosso sim. – O Alencar se levantou e vestiu o paletó.- Eu vou com você. – Eu me levantei e caminhei a passos largos atrás do Alencar.Quando chegamos, o Alencar tocou a campainha e uma senhora usando um uniforme cinza abriu a por
“Ricardo”O Alencar, a Melissa e eu nos reunimos do lado de fora da casa do Isidoro. Eu ainda estava pensando em como a Melissa tinha chegado ali antes de nós.- Um cretino, sórdido, nojento. – O Alencar estava indignado e com razão.- Calma, Alencar, agora você sabe a verdade. Ele me disse que vai desaparecer assim que puder. O que eu acredito que seja rápido. – Eu falei com o meu amigo que respirou fundo, eu acreditava que o Isidoro realmente não seria mais um problema. Então eu olhei para a Melissa. – Mel, como você chegou aqui tão rápido?- Ah, Rick, meu parceiro me ligou, informações em primeira mão, é o nosso combinado. – Ela respondeu com um sorriso cheio de confiança.- Parceiro? – Eu estreitei os olhos para ela.- Mais conhecido como delegado Moreno! – Ela me fez rir.- Desse jeito você vai acabar deixando o Heitor e entrando para a polícia! – Eu brinquei e ela estalou a língua.- Heitorzinho não vive sem mim, ele está com a cabeça no lugar, mas sem mim ele é como um navio se
“Ricardo”Eu voltei para a minha sala me sentindo péssimo, eu realmente tinha agido mal com a Anabel. E eu precisava dar um jeito para que ela me desculpasse rápido, não estava gostando de ficarmos assim. Pensei em mandar flores, como diria o Heitor, é um clássico do romance. Mas eu sabia que seria pouco. Mesmo assim eu liguei para a floricultura e mandei entregar um grande arranjo de rosas vermelhas com um cartão pedindo desculpas.Enquanto eu aguardava para saber o efeito que as flores causariam, o Alessandro e o Patrício entraram em minha sala.- Mas que cara de defunto é essa? – O Patrício perguntou e eu estalei a língua, estava meio mal humorado.- Ih, isso tem cara de ter sido encrenca com a Ana. – O Alessandro riu. – Sabe como é, agora tem que rastejar.- Não acho que seja pra tanto. – Respondi sem nenhuma diversão.- Eu nem acredito que vou ver isso, o Rick, da tríade dos perfeitos do grupo, fez alguma bobagem! – O Patrício riu.- Tríade dos perfeitos? – Eu perguntei sem enten
“Anabel”Finalmente havia chegado o dia da audiência, depois de dois adiamentos. Eu esperava que quando saísse daquele tribunal o Leonel já não fosse legalmente o meu pai. Embora eu não pudesse tirar de mim o DNA dele, eu pelo menos o tiraria da minha vida, eu não queria mais continuar me magoando, tampouco permitiria que ele continuasse me agredindo, me ferindo.Quando o Rick e eu chegamos, o Don, o Átila e o Dr. Romeu já estavam lá, bem como mais adiante eu vi o Leonel e um homem de terno que pensei ser seu advogado. Eu estava muito nervosa, o que eu estava fazendo ali era necessário, mas muito doloroso também.Não demorou para que o Leonel se aproximasse, altivo em seu terno azul elegante. Ele parecia estar mais velho e seus olhos estavam cansados. Ele me olhou diretamente nos olhos, como se estivesse decepcionado. Eu me acostumei àquele olhar, sempre foi assim que ele olhou para mim, sempre decepcionado.- Você vai mesmo em frente com isso? – Ele perguntou e eu segurei o braço do
“Leonel”Desde o momento em que aquele exame de DNA foi aberto eu senti como se o chão tivesse sido arrancado de debaixo dos meus pés. Era como se eu estivesse tentando me manter equilibrado sem ter nada em que me apoiar e como se o mundo girasse a uma velocidade vertiginosa a minha volta. Era uma sensação enervante, nauseante, apavorante.Como isso poderia ser? Eu ainda me lembrava, a Antônia andava me evitando, pelo menos há umas duas semanas antes dela se encontrar com o Alencar eu não a tocava e depois que ela se encontrou com ele, ela me evitou por mais de um mês, até que eu exigi meus direitos de marido. Mas aí ela já estava grávida, então quando ela o procurou ela devia saber que já estava grávida, o Isidoro me confirmou que ela contou para ele que estava grávida. E eu sempre achei que a Anabel fosse prematura, ela era tão pequena e, pelas minhas contas, a Antônia estava apenas com menos de oito meses de gestação quando deu a luz.E aquela estúpida da Márcia, foi tudo culpa del