Capítulo 3

Zeca mirou-se no espelho.

-Acha ele parecido comigo?

Joelma ficou tentada a não responder. Fingiu estar concentrada em sua tarefa habitual, mas por fim suspirou cansada ao comentar:

-Todos nós trazemos conosco marcas por dentro e por fora. O tempo passou para os dois.

-Não queria vê-lo.

-Mas, por quê? Sempre falam dele pra mim com tanto carinho, tanta admiração... Tenho certeza que Miguel vai ficar muito feliz ao revê-lo.

-É... Talvez tenha razão...

Contemplou o rosto pálido novamente no espelho.

Miguel já sentia os efeitos da viagem longa e cansativa: a cabeça latejava e estava um pouco impaciente.

Suas respostas tornaram-se monossilábicas e ficara muito difícil fingir o entusiasmo inicial.

Sentiu uma grande vontade de beber algo mais forte que água ou refrigerante.

O cheiro da cerveja, da caipirinha e do licor estava o deixando louco por um gole.

Começou a suar.

Pediu licença a uma prima que contava entusiasmada qualquer coisa que ele nem havia prestado atenção.

Tentou localizar a porta da frente e uma maneira de chegar até ela sem ser interrompido.

Passou pelas tias que estavam concentradas em um assunto bastante interessante.

Desculpou-se com um sorriso quando alguém tentou se aproximar.

O obstáculo maior seria sua mãe que o viu aproximando-se da saída.

-Miguel.

-Preciso de um pouco de ar.

-Deve estar exausto da viagem. E também não vi você comendo desde que chegou.

-Mais tarde mãe. Eu só quero respirar um pouco.

Beijou-lhe a face enrugada.

Ao sair de casa, avistou ao longe a pequena praça com os mes-mo assentos de cimento sobre os mosaicos formados com pe-dras de mármore e um discreto e modesto jardim.

A brisa do final da tarde trouxe consigo uma antiga canção da rádio local.

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