Capítulo 5

Foi o abraço mais demorado que já tinham dado. Os dois estavam ofegantes e choravam copiosamente. A saudade sufocante pôde, enfim, ser aliviada. Porém, a magia da troca de olhares em consonância com o furor daquele tórrido abraço era suficiente para entender que ambos escondiam no disfarce sombrio daquele instante, algo de misterioso.

Ficaram em silêncio contemplativo por um bom tempo. A emoção falava por si só.

À volta para casa foi rodeada de novidades: Miguel contava a seu irmão sobre a vida no interior de Minas, sobre as mudanças ocorridas ao longo do tempo e sobre como tinha sido a viagem de volta à velha cidade de Folhagem.

- Mano você ainda não me contou exatamente o que te motivou a sair daqui, há dez anos – indagou Zeca, curioso.

- Oh Zeca, tenho muita coisa para te contar. Muita coisa mesmo.

- Desde que você partiu, nosso pai mudou muito. Passa a maior parte do tempo sozinho. Trabalha incansavelmente, como se tentasse fugir da realidade ou como se quisesse esquecer – sem sucesso – um pesadelo que teima em persegui-lo.

Miguel tinha esquecido o quão observador era seu irmão, e de como esse “sexto sentido” havia se desenvolvido ao longo do tempo.

Realmente Zeca não se enganara. Ele sabia que tinha acontecido alguma coisa há dez anos. Não sabia o que era. Mas tinha acontecido.

- Já sei! – sobressaltou Miguel. Vamos passear no lago amanhã? Assim poderemos conversar com mais tranqüilidade.

- Ótima idéia, mano. Também preciso muito falar com você. – concordou Zeca, consternado.

Depois de tanto tempo, Zeca poderia, enfim, contar tudo. Porém, a aflição roubava-lhe o fôlego. “Como Miguel vai reagir a isso?” – Pensava ele, absorto na confusão de seus pensamentos.

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