O sol mal havia rompido o horizonte quando Melissa abriu os olhos. O quarto ainda estava mergulhado em penumbra, e o som dos pássaros do jardim anunciava o início de um novo dia. Ela rolou na cama, tentando afastar da mente as imagens da noite anterior. O rosto de David, o olhar dele, a confusão… tudo voltava em fragmentos que teimavam em atormentá-la.
Sentou-se e respirou fundo. Não havia dormido direito. Por mais que tentasse se convencer de que estava certa, algo dentro dela ainda pedia explicações — ou talvez apenas um fim digno.
Vestiu-se e desceu as escadas devagar. Encontrou a avó já na cozinha, preparando o café e cantarolando uma canção antiga. O cheiro de pão quente espalhava-se pelo ar, trazendo uma sensação de conforto que Melissa não sentia há tempos.
— Bom dia, minha flor — disse dona Maria Augusta, virando-se com um sorriso doce. — Dormiu bem?
Melissa respondeu com um gesto vago e se sentou à mesa.
— Mais ou menos, vovó.
A avó a observou em silêncio por alguns segundos