Mais tarde, Na escola, Fernanda estava a procura da Helena, mas não encontrava ela em nenhum lugar, então segurou o telefone, e enquanto entrava na sua sala de aula, marcava o número da Helena, mas ainda antes que colocasse o telefone a chamar, viu Esmeralda conversando com duas colegas, e notou que ela estava usando os brincos de ouro da Helena, triste, sentou-se apenas, e respirou fundo, presumindo que Helena não quis dar os brincos para ela, então deu para a Esmeralda para usar isto como desculpa.
Helena chegou atrasada, já na hora do recreio, e ao entrar, encontrou-se com Paulo, e Paulo, como quem já sabe o que quer, foi ao encontro dela:
-Oi Helena.
-Oi, Paulo – Respondeu ela, Já tímida.
-Nunca te vi a chegar tão atrasada, o que foi?
-É verdade, hoje não é meu dia.
-Bom, Acho que temos tempo, podemos comprar algo e melhorar o teu dia, o que achas?
-Ah, Olha, eu gostaria, mesmo, mas tenho que achar a minha amiga, é que…
-Eu não falo muito, quer dizer, não vamos falar muito, bebemos algo, batemos um papo, além disso me pareces meio cansada, de onde vens? Foste assaltada?
-Não, – Respondeu rindo – Claro que não, eu estava a procura de um par de brincos, e desarrumei muito o meu quarto, e depois tive que…
-Poderias me cotar essa história enquanto bebemos algo, hum?
-Você não desiste, não é?
-Não, não até conseguir. – Respondeu ele.
-OK, ganhaste, seu chato, onde vamos?
-Vem. – Disse ele, segurando a mão dela.
Paulo colocou o braço sobre os ombros da Helena enquanto caminhavam, e Fernanda, que já estava a procura da Helena, viu os dois andando juntos, e disse para si mesma:
-OK! Nem mereço uma explicação, deste os brincos à Esmeralda, e ponto final, A Fernanda que se vire sozinha, tudo bem, muito obrigado, grande amiga – E olhou para o seu relógio – opa! 16 Horas.
Ao sair, Fernanda avistou Esmeralda caminhando em sua direcção, foi então ter com ela, com o propósito de saber o motivo dela estar a usar os brincos, exactamente no dia que ela precisava.
-Esmeralda!
-Diz!
-Os brincos que estás a usar, eles são novos? Parecem os mesmos que a Helena usa.
- E são os dela, sabes como é, coisas de irmãs – Fez aspas com as mãos – São lindos, não achas?
-Sim, são – Disse ela, se virando para sair – Coisas de Irmãs, OK.
Tocou o sino, marcando a hora da Saída, Saíram alguns alunos antes da Helena, e quando ela saiu, viu Paulo na porta da sua sala com alguns rapazes, Helena acenou para ele, e ele piscou um dos olhos em resposta, e inclinou a sua cabeça como quem diz ``Vamos? ´´, mas Helena, também com a cabeça e com ajuda da Língua indicou os seus irmãos, Paulo entendeu o sinal e foi com os amigos.
Durante a caminhada, António ouvia músicas, Luciano ia para outra direcção com Delmira, sua namorada, e dois amigos. Helena ficou simplesmente a olhar para a Esmeralda concentradamente, como uma mãe que aguarda explicações, e Esmeralda disse:
-Olha, Helena, eu só usei eles hoje, não é preciso olhar para mim desse jeito, vais dizer que nunca usaste nada que não te pertence?
-Não Esmeralda, Não mesmo, e você sabe que eu não uso o que não é meu, e sabes muito bem que eu não gosto quando usam minhas coisas sem a minha permissão.
-Está fixe, já que é assim, toma, toma, até parece que nunca vais precisar dos outros.
Helena recebeu os brincos, estendendo as mãos, e ficou simplesmente olhando para o comportamento ridículo da Esmeralda, António, vendo isto, tirou os auriculares do ouvido e disse:
-Mas o que é que se passa entre vocês as duas? Não conseguem ficar pelo menos um dia de boa?
-Calado ficas mais bonito – Respondeu rapidamente a Esmeralda.
António, sem jeito, colocou os auriculares de volta aos ouvidos e ficou balançando a cabeça ao ritmo da música que ouvia, mas os olhos seguiam os movimentos das meninas, tentando entender o que se passava. E lá foram eles.
Chegando em casa, saudaram os pais, e enquanto iam iniciando uma conversa, o telefone da Helena chamou, era Fernanda Ligando, Helena despachou-se e rapidamente se desligou da conversa na sala, atendeu o telefone e avançou em direcção ao quarto:
-Alô Fernanda!
-Espero que tenhas uma boa desculpa. – Disse logo que ouviu Helena.
-Sobre os brincos, não é? Olha, passei uma boa parte do dia a procurar , mas , adivinha onde estavam?
-Com a Esmeralda, é claro, porque afinal de contas vocês têm essa ``Coisa de Irmãs ´´ não é? – Tentou ser irónica.
-Coisa de irmãs? Ela usou sem a minha permissão, e como se não bastasse, usou na escola.
-Agora vais me dizer que não sabias?
Bruna, a irmã Lésbica da Fernanda, entrou no quarto silenciosamente, para não perturbar, mas quando ouviu a conversa, não se aproximou muito, para que a Fernanda não soubesse que ela estava ouvindo, então ficou espiando:
-E não sabia mesmo amiga, posso explicar, eu até quis falar com você hoje, mas…
-O Paulo é mais importante, não é?
-Não é isso Fernanda, deixa o Paulo fora disso, e também estás a fazer muito Drama, é apenas um par de Brincos.
-Apenas um par de Brincos? Helena você é uma egoísta, você não vê ninguém além de ti mesma, eu considerava a nossa amizade, mas agora estou a começar a entender que as coisas não são bem assim contigo.
-Calma Fernanda, estás bem?
-Estou farta de viver na tua sombra, você só pensa em ti mesma, sempre soubeste do que eu sinto pelo Paulo, e basta ele te dizer umas palavras lindas já andam aos beijos e abraços, tu nem lhe conheces bem.
-Fernanda! Fernanda, calma, vamos falar pessoalmente, pode ser?
-Acho melhor mantermos a distância, pelo menos por agora.
-Mas, porquê? Fernanda! – E o telefone alertou que a chamada foi terminada.
Fernanda ficou mal disposta depois da conversa, Bruna aproximou-se e disse:
-O que foi?
-Nada Bruna, Nada.
-Deixa disso Nanda, te conheço bem, ok?
-Olha, não quero falar sobre isso.
-Está bem, É a Helena, não é?
-O que é que queres? Me deixa em paz, quero dormir.
-Essas novinhas, o que fazem… não é de bem. – Disse Bruna, se levantando para ir.
Após pensar, pensar e pensar, Helena se lembrou do que a Fernanda lhe disse: `` Porque afinal de contas vocês têm essa Coisa de irmãs, não é? ´´. Foi então que entendeu o que estava a se passar, e foi falar com a Esmeralda, abriu a porta do quarto dela sem bater antes e disse logo que abriu:
-Esmeralda! Falaste com a Fernanda Hoje?
Esmeralda virou-se, fechando discretamente um caderno, que mais parecia um diário, e disse:
-Você não sabe bater a porta?
-O que foi que você disse para a Fernanda?
-Sei lá, ela me saudou apenas, e falamos de brincos, depois ela foi, acho que é só isso.
-Lhe disseste que fui eu quem te deu os brincos?
-Não sei, tantas perguntas porquê então? Afinal, os brincos são teus ou dela?
Helena respirou fundo, e fechou a porta, logo que fechou a porta, notou que estava a frente do Afonso, e Afonso disse num tom carinhoso:
-Não me pareces nada bem, está na minha hora de tomar os remédios.
-Ah! Estava a esquecer. – Coçou a cabeça.
-Viu? Pela primeira vez em todo esse tempo.
-Não sei onde estou com a cabeça ultimamente.
-Vamos. – E foram.
Esmeralda fechou a porta do seu quarto com a chave, tirou debaixo da cama um saco que continha uma garrafa de whisky, e misturou com Coca-Cola num recipiente de sumo, e começou a beber, colocou os auriculares e ficou dançando como se estivesse numa festa, mas sozinha.