Anri, a sereia cantante e voante
Anri, a sereia cantante e voante
Por: Rose Freire
Capítulo 1

Hoje vou contar a história de Anri, uma menina curiosa de 10 anos, que tinha uma vida anormal das outras crianças. Ela morava numa cidade no fundo mar, mas sua avó Évora morava numa pequena ilha, de uma casinha, perto do litoral nordestino do Brasil.               

Um dia Anri foi visitar sozinha sua avó para saber mais da vida dela. A meia se apaixonou pelo local, viu sim e quis mais, por isso ela passou a ir todos os finais de semana na casa da sua vovozinha.

Ela era muito bonita, mesmo sendo bastante exótica, pois seus cabelos eram verdes claros com alguns fios castanhos. Seus olhos eram grandes com íris esverdeadas, mas tinha algo muito diferente, ela não tinha a parte branca dos olhos, era tudo vermelho.

A menina queria ser ainda mais diferente, mesmo sendo uma sereia, vivendo no fundo do mar, conhecendo muito lugares profundos e peixes raros. Anri queria ter asas para tocar as nuvens.

Anri sempre brincava com seu primo Leno, um menino normal que não sabia que sua prima era diferente. Ele morava com sua avó, próximo à praia, e todo dia ele pescava dois peixes para o almoço e janta.

Eles brincavam sorridentes tentando acompanhar um bando de pássaros. Anri notou um muito lento, ela apontava para um grande pássaro verde e amarelo, para tocar, ela deu grande salto, mas não conseguiu e caiu no chão se machucando no joelho.

― AAAAi! ― Anri gritou.

—Puxa! Que voar? —Leno perguntou mangando da prima que rolou numa monte de areia.

—Sim! Quero pegar aquele bichinho alado!—Anri disse pulando mais, não desistindo de alcançar a ave.

—Não pode, Anri! Ele está voando muito alto e rápido. —Leno avisou.

—Me ajuda a levantar? —Anri pediu, dando a mão para ele.

—Sim! —Leno disse e ajudo a ficar mais alta, dando a mão para ela subir.

Eles continuaram a brincar pela praia, correndo um atrás do outro, depois jogando pequenas pedras e conchas um no outro. Leno teve a ideia de brincar de esconde-esconde mais afastado de casa de sua avó, e foram os dois para área mais alta da ilha..

—Conte até 10.— Leno pediu.

—Eu não sei contar! —Anri revelou.

—Não sabe contar? —Leno estranhou.— Sabe ler?

—Não!— Anri respondeu.

—Anri, você não vai à escola?— Leno perguntou admirado.

—Hum! Hum!― Anri respondeu, balançando a cabeça negativamente.

—Por quê?

—Por que não moro aqui. Na minha cidade não tem escola como a sua. —Anri contou timidamente.

—Não!? — Leno estranhou mais.

—É um estudo diferente!

— Mas dever ter na sua cidade uma escola, neh!? —Leno perguntou.

—Sim! Tenha escola, mas como te disse, não ensina ler sua escrita.

—Não?― Leno estranhou, pois pensava que Anri era brasileira.

— Eu vou pra lá! Mas é outra cultura, outra educação, e não ensinam falar e escrever português.

—Que? É sério? Nem minha tia te ensina?― Leno perguntou surpreso.

—Sim! Mamãe fala, papai também, mas os outros falam outra língua. E lá não tem livros de papel.― Anri contou.

—Que horrível! Eu vou te ensinar. —Leno decidiu.

—Vai! Oba! Que legal! —Anri disse feliz e saltitando.

—Sim, Anri! Vou te ensinar tudo que aprendi na escola. —Leno continuou.

—Mas vamos brincar agora, neh?

—Sim! Hoje é sábado, dia de descanso. Não tem aula.— Leno contou.

—Vamos brincar ali.— Anri pediu apontando.

—Ali tem muitas pedras. É perigoso! — Leno avisou, não gostando da ideia.

—É melhor para se esconder.

—Mas também é bom para cair, escorregar no mar.—Leno percebeu o perigo.

—Tá com medo, Leno? —Anri perguntou sorrindo.

—Não! Eu vou me esconder primeiro.― Leno disse correndo primeiro.

Leno se escondeu, mas quando Anri estava bem pertinho dele, e este a viu tão pertinho, ele se assustou e escorregou na pedra, se segurando num galho, mas não conseguiu se manter fixado na parede de pedra, então caiu no mar.

—Oh! Não! Leno caiu!  —Anri disse preocupada, vendo seu primo afundar como uma pedra.

Mais que depressa ela pulou sem medo e foi procurar Leno no fundo do mar. Ela o achou preso numa algas e o tirou do mar levando para praia mais calma.

—O que houve? —Leno perguntou tonto, com os olhos entre abertos, vomitando água salgada.

—Você caiu de lá de cima! — Anri respondeu, apontando para o penhasco.

—Eu te disse que era perigoso por ali. —Leno disse exaltado.

—Desculpe, primo! — Anri pediu triste.

—Tudo bem, prima! —Leno disse a perdoando.

—Vamos parar por hoje. Vamos para casa da vovó. —Anri sugeriu.

—Sim! Ei! Foi você que me tirou das águas?— Leno perguntou.

—Sim!

—Sozinha?― Leno estranhou.

—Sim! Eu sei nadar.

—Uao! Você é bem corajosa e forte.

—Eu sei nadar muito bem, primo!― Anri disse se gabando.

— Obrigado, prima!― Leno agradeceu todo manhoso.

—De nada!

Leno chegou à casa de sua avó e logo mostrou seus livros e caderno para ela verificar se ele fez as tarifas. A menina olhou com curiosidade, pegou o cardeno, olhou, revirou, e não entendeu. Para Anri aquilo era grego, pois não entendia nada, mas o garoto sentindo o desejo da menina em conhecer as letras, ele passou a ensinar Anri todos os dias a ler e escrever.

A menina sempre ia visitar à tarde, lá pelas 16h sábado e ficava até 16h da segunda-feira. Leno estudava de manhã, ele fazia os deveres à tarde, mas deixava uns para ensinar Anri como se ele fosse o professor dela e aproveitava e passava para Anri as informações que estudava toda a semana.

—Muito bem, Leno! ― Évora disse, orgulhosa do neto pela iniciativa de ensinar sua prima com tanta dedicação.

—Por que, vovó!?― Leno não entendeu.

—Por ensinar tão bem sua prima!— Évora respondeu.

—Ah! É isto!

—Sim! Vejo que tem muita dedicação!— Évora percebeu.

—Obrigado, vovó!— Leno agradeceu.

—E Anri está aprendendo tudo!? Já está sabendo ler?

—Estou sim, estou bem nos estudos. — Anri disse sorrindo.

—Sim, minha linda! Eu ouvi noutro dia você lendo um texto e estava perfeito. —Évora elogiou.

—Obrigada! Vó!

O tempo passou e a infância se foi como uma pela aurora que acorda o dia. Os dois primos que adoravam correr perseguindo os pássaros da ilha de Évora, se tornavam belos adolescentes felizes e muito amigos. E continuavam as mesmas praticas de crianças quando se entretinha com brincadeira na praia e no cume da ilhota.

Os dois eram muitos amigos, e Leno sempre cuidava de Anri como uma irmã caçula, mas não sabia como ela chegava à ilha sozinha nem sabia que ela era uma sereia. Isto o deixava muito encucado da proeza de sua prima em nadar de tão longe até sua pequena ilha.

Num certo dia, quando eles admiravam o entardecer, Leno questionou Anri.

—Anri! Eu queria saber como vem para ilha sem barco. —Leno indagou interessado.

—Como? Não sabe?—Anri respondeu com outra pergunta.

—Não! Não sei! Eu nunca a vejo num barco. ― Leno disse cismado.

—Eu disse que nado. Eu sei nadar. ― Anri disse sorrindo

—Mas é longe da praia. Você pode ter câimbra e se afogar.

—Eu sei nadar, Leno! Só posso te dizer isto.

—Anri! Por que sua mãe, minha tia Anele não vem visitar vovó?— Leno perguntou mais.

—Ela não pode! —Anri respondeu cabisbaixa.

—Por quê?— Leno estranhou.

—Não posso dizer. ― Anri continuava trancada.

—Por que tanto segredo?— Leno questionou estranhando porque o mistério.

—É coisa de família. Um dia, eu te explico.

—A gente já é grande. Eu tenho 17 anos e você tem 16 anos. Por que não me conta?

—Vamos brincar? —Anri pediu.

—A gente já é bem grandinho para corre de pique-esconde! —Leno a lembrou que passou o tempo de brincadeira de criança. Ele não tinha mais estes desejos.

—Olhe! Quantos pássaros! Eu quero pegar um. —Anri disse ingenuamente apontando para eles, ainda tendo o pensamento de menina ingênua.

—Anri! Não mude de assunto. — Leno pediu, a vendo olhar para os passarinhos.

Anri se levantou, e foi correndo atrás dos pássaros que sobrevoava baixinho a ilha como uma criança vislumbrada com algo sensacional. Ela ainda tinha inocência igual quando era criança, e isso deixa Leno mais cuidadoso com a mocinha.

—ANRI! ESPERE POR MIM! — Leno gritava, correndo atrás da prima.

—Venha! Vamos tocar nos pássaros!― Anri pediu.

Leno foi atrás e Anri, muito animada, pulava mais alto, tentando pegar uma ave grande que voava dando rasante perto deles, só para insultar os adolescentes.

Anri se focava apenas nas aves, corria de um lado para outro, mas teve uma ave que ela conseguiu ficar em seu alcance. Ela seguia correndo feito uma maluca sem olhar por chão, pisando nas pedras de pés de calço, não ligando para os buracos nem para as plantas com espinhos. A mocinha queria apenas se divertir.

Ela traquinava à beira de um precipício sem muito cuidado, o perigo logo se revelou quando ela tropeçou e caiu também no mesmo ponto onde Leno desabou uma vez, desta vez ela se desequilíbrio e caiu nas águas. E seu primo se desesperou, procurando Anri que sumiu rapidamente.

—ANRI!— Leno gritou desesperado, achando que Anri bateu a cabeça nas pedras .

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