Animal Soul: Origens
Animal Soul: Origens
Por: Beatriz Santos
Prólogo

Nunca desejei poder… Nunca quis mais do que meu parceiro, um menino órfão que cresceu ao meu lado, tornou-se meu melhor amigo acima de tudo. sempre esteve comigo, me ensinando a sobreviver, o único dono do meu sorriso.

todas as manhãs abro os olhos e vejo o azul escuro de suas íris me admirando, sou levada todas as manhãs para um banho relaxante em uma cachoeira escondida na floresta.

— Devagar Khan, faz frio pela manhã e ele sempre se assusta se eu entrar imediatamente.

— Desculpe. Você sabe que eu sempre esquento você. — Eu estou sempre aqui para você, lembra? minha pequena guerreira. — Ele beija minha bochecha. Khan adora segurar meu rosto já que tenho bochechas até demais.

Posso estar cega pelo amor que sinto por ele, mas o sorriso de Khan é lindo, sua pele bronzeada é de deixar qualquer outra mulher com inveja de mim. As mechas pretas do seu cabelo comprido tocam meu rosto enquanto me beija. Quase me perco em seus braços fortes quando ele entra na água comigo.

— Seu filho odeia água fria. — Eu digo brincando, enquanto admiro minha barriga já bem elevada.

— Ele se acostuma. — Nosso filho nunca terá medo de nada, mesmo que tenha, não vai mostrar, ele terá a minha força e sua coragem para nunca desistir.

Dou a ele um sorriso apaixonado e afundo de volta na água. — Para mim, ele ser uma cópia sua é o suficiente. — Você é a coisa mais importante deste mundo, aliás, do universo todo.

— Sempre quis saber como era o nosso mundo de onde venho o nosso povo. — Como diz a mulher mais velha do nosso clã... Somos conquistadores de galáxias. Ou proprietários, algo assim? — Ele diz rindo da informação.

— Uau. — Isso soa tão intimidador. — Sorrio quando ele me alcança de novo e me leva até ele.

— É simplesmente inacreditável saber que viemos das estrelas, fico imaginando como deve ser em qualquer outro lugar fora daqui.

— Dizem que só o líder que possuí a pedra de fogo, tem o conhecimento para ir para outros mundos. — Eu comento.

— Vamos roubá-los e depois descobriremos. — Khan me agarra por trás e afunda o rosto em meu pescoço.

— Você parece uma criança Khan. — para onde iríamos? Não está feliz aqui? Eu aprecio a vida que temos.

— Gostaria de conhecer outros lugares e levaria você comigo, você é minha Geny, em todas as nossas conquistas seria importante para mim, tê-la ao meu lado. — Nem que seja para conquistar o mundo. —

Khan me pega em seus braços me girando em seu colo no rio. A superfície cristalina brilha com os raios do sol e vejo meu parceiro sorrir feliz… Eu não desejo mais nada, eu sei que já tenho tudo aqui.

— Você é um sonhador e aventureiro. Se fosse possível seguiria você em qualquer lugar. — Contanto que eu não te perdesse.

— Nunca. — Eu sou seu por toda a eternidade.

— Em poucos meses seu pequeno guerreiro chegará e você se aventurará com ele por toda a ilha. — Farei qualquer coisa para ver meu Khan feliz.

— Está será uma grande aventura, tanto para ele como para mim.

— Ainda me lembro da nossa infância. — Eu fico olhando em seus olhos azuis brilhantes, brincando com as mechas do seu cabelo. — Lembro-me de como tudo era emocionante por ser novo, faça ele sentir a emoção das descobertas. — Só quero terminar o dia e ter você descansando ao meu lado.

— E passar o resto da minha vida ouvindo você roncar? Isso será emocionante, com certeza. — Eu não perderia por nada. — Eu o vejo rir de novo e faço uma careta para ele.

— Por ter dito isso, você vai preparar o jantar. — Eu estou com fome. — Digo saindo da água e pisando duro, fingindo estar chateada.

— E quando você não está minha Geny? — Fico admirando Khan e ele levanta as sobrancelhas para mim. Observo aquele homem grande e forte sair da água em toda sua glória e colocar suas roupas.

— O que é?

— Nada. — Faz bem para minha visão observar sua beleza sempre que possível. — Pisco para ele.

— Posso dizer o mesmo. — Khan pisca para mim. Às vezes sinto que não mereço a felicidade que ele me dá. Ele é bom para mim. De uma forma que ninguém jamais será. ele me entende. Isso é o suficiente.

— Vamos para a cabana de Silas, imagino que você ainda queira comer as frutas que tanto gosta.

— Não diga isso, eu amo amoras, Minha boca enche de água só de imaginar.

— Só com as amoras?

— Não diga essas coisas, não deveria ter te deixado assim, eu criei um monstro pervertido.

— Tão pervertido que te deixa relaxada o suficiente para adormecer em menos de um minuto. — Ele sussurra e me agarra pela cintura enquanto seguimos o caminho pelas trilhas, Somos felizes, com a ambição única de desfrutar cada segundo juntos.

— Você não acha que somos muito apegados a ele? — Acredito que Silas não aguenta mais ver nossas caras. — Eu olho para cima para ver sua reação e Khan sorri novamente.

— Você está certa, talvez estejamos sendo muito invasivos visitando-o a cada 3 dias. — Talvez devêssemos demorar mais. — E parar de comer amoras por um tempo também será bom.

— Isso é golpe baixo. — Você sabe que eu gosto delas. — A trilha nos leva de volta onde estão as demais cabanas e a maior do lado direito do campo. É onde o líder e sua família vivem. Andamos por perto das pessoas e crianças vêm correndo e brincando, passando por nós, mulheres fazendo seu trabalho e homens carregando espadas nas costas enquanto ajudam ou treinam os mais jovens. Temos armas de fogo, mas na situação atual, não há recursos para fabricar mais munições, tivemos que usar apenas as lâminas.

Um pouco depois de anoitecer, estou sentada ouvindo o velho Silas contar suas histórias repetidas por… Não me lembro, já perdi a conta, mas como ele gosta de suas próprias histórias, acabo me divertindo novamente junto com ele. Khan está sentado ao meu lado em um tronco que pegamos na frente da fogueira que aquece os peixes que ele pescou horas antes do anoitecer. Mesmo à noite ainda não está tão frio, o clima é sempre temperado durante a noite. Khan também exigiu que eu comesse algo mais sustentável depois de devorar tantas amoras. Não acho que exagerei, apenas passei mal depois, nada sério.

Estou distraída em pensamentos observando as estrelas acima de nós enquanto Khan começa a contar uma história para Silas, quando um dos homens de nosso líder se aproxima. Meu sorriso morre e Khan fica em silêncio no mesmo minuto, nunca sabemos o que esperar quando se trata de Daryng, o atual líder do clã, ele não é um homem muito bom.

— Khan, Ary pediu para ir até ele, ele quer falar com você. — O guerreiro alto e careca com o rosto sombrio avisa. Seu braço esquerdo coberto por desenhos. No clã, é tradição e uma honra ter uma parte do corpo marcada para se destacar do restante dos homens, provando ser um dos melhores do clã, algo que Khan recusou. Eles eram como uma elite.

— O que Ary quer desta vez? — Todos nós sabemos que ele te odeia. — Comento preocupado. Ary é o filho de Daryng e não entendo por que despreza tanto Khan. Eu vejo meu parceiro respirar fundo em frustração, Como se estivesse se preparando para uma batalha, eu não quero brigas, não quero vê-lo ferido.

— Volto para você em breve, minha Geny. — Assim que eu voltar, vou levar você para descansar, fique calma. — Ele se afasta e não sei por que sinto uma forte pontada no peito. Eu fico olhando para Silas e ele me devolve um olhar sério e acolhedor, e estou tentando manter a calma.

— Fique calma Geny, ele não pode fazer nada sério com Khan, ele é tão importante quanto qualquer outro membro. — Eu observo o fogo creptar e nem sei o que dizer. — Às vezes eu penso seriamente em deixar o clã e morar sozinha com ele do outro lado da ilha, Khan não tem muita paciência para receber ordens e Ary gosta de provocar, Khan está mais agressivo desde o início da minha gravidez.

— Fale com ele com calma quando voltar. — Veja se ele está feliz do jeito que está, às vezes é necessário, mudanças em nossa vida.

Eu não consigo mais sorrir. Silas oferece chá para mim, embora nada tenha tirado minha tensão. Muito tempo se passa e Khan não volta.

— Vou procurá-lo, não confio nesses dois sozinhos, já é tarde. — Boa noite Silas, até amanhã.

Ando rapidamente atrás do meu parceiro, minha barriga ainda é pequena, então não tenho problemas para me mover. Eu ouço gritos quando passo perto de uma cabana isolada. Desvio do caminho e vou verificar a origem dos gritos que mais parecem rugidos e o som de coisas quebrando.

Assim que entro no local, meu corpo congela na cena…

— Onde está o homem que se dizia ser invencível? Parece que você não é tudo isso. — Depois que eu acabar com você, irei atrás do seu filho também, não aceito nenhum vestígio de você no meu território, eu serei o líder, não você. — O homem está por cima de Khan e tenta sufocá-lo de qualquer maneira.

Khan tenta gritar de fúria, mas mal tem forças para agir. Ele tenta se levantar, Seu braço está em um ângulo estranho, seu corpo está banhado em sangue, mostrando o quanto ele foi espancado. Eu vejo minha visão ficar turva pelas lágrimas.

— O último descendente do líder que meu pai matou, sua prole acaba com você. — Ele sorri enquanto passa a lâmina com violência na garganta de Khan, o sangue jorra de seu corpo.

Sinto o oxigênio desaparecer junto com minha força para ficar de pé. Não consegui sair do lugar.

— KHAN! — Não me lembro de gritar seu nome alto o suficiente para todo o clã ouvir, mas na minha mente o som da minha voz era como pedir ajuda em um lugar escuro e vazio onde ninguém jamais iria me ajudar, como um castigo eterno. Eu nunca poderia imaginar que iria merecer viver isso.

Quando o homem me vê, as feições em seu rosto mudam para surpresa. Eu ouço meu parceiro ainda tentando respirar, embora esteja se afogando em seu sangue. É muito sangue, muito.

Minha visão escurece e eu não tenho mais controle do meu corpo, tudo escurece e eu não vejo nada. Minha cabeça dói e não sei mais o que faço quando ataco Ary.

Ele tenta se defender e ao mesmo tempo bate na minha barriga. Eu sei que ele quer matar meu filho também.

Mas eu me controlo para não deixar meu ódio me levar completamente, lembro-me do treinamento que Khan me deu ao longo dos anos.

Ary tenta recuperar o fôlego e eu me preparo para outro ataque.

Ele volta para me atacar e no momento em que estende o braço para socar meu rosto, giro meu corpo torcendo seu braço e o quebrando. Eu o ataco no rosto novamente e o sangue começa a tomar conta. Ele tenta me rolar para o chão e eu forço seu outro braço no mesmo ângulo quebrando-o em segundos, nunca senti tanta raiva na vida.

Meu melhor amigo não se move mais, eu vou até ele, mas seus olhos já estão perdidos no vazio. Eu me deito em seu corpo e grito em lágrimas, grito tanto, mas a dor parece piorar.

Eu teria dado qualquer coisa para evitar isso, teria feito qualquer coisa para encontrar outra saída. Mas o sangue dele já tinha sido derramado e Khan nunca mais me levaria para casa. Nunca mais verei seu sorriso.

— Me perdoe por não chegar a tempo, Khan. — Eu nunca vou me perdoar por isso. — Eu nunca me perdoaria por não ter estado ao seu lado para ajudar.

Volto meu olhar para Ary, que tenta a todo custo rastejar para longe. O seguro pela gola de sua roupa. O homem não tem mais o movimento dos braços para me impedir agora.

— Você… Vai andar bastardo! — Ou eu te arrasto até a maldita casa de seu pai! — Digo as palavras com nojo. Meu coração parece querer sair do meu peito.

Ele rosna mostrando as presas para mim. Não chega nem perto de me assustar.

— De pé. — Eu grito e o arrasto todo o caminho.

Ele tenta se soltar o tempo todo, mas é inútil, pois ele não tem mais o movimento dos braços para se defender.

— Por favor, Geny. — Minha revolta não é com você. Reviro os olhos por seu comentário. Poucos minutos atrás foi, quando ele quase conseguiu matar a mim e ao meu filho, o último pedaço de Khan.

— O meu é! — Eu digo rosnando as palavras com raiva.

— Por favor, não faça nada que vá se arrepender mais tarde.

— Outra ameaça? — Não bastou ameaçar minha vida e a do meu filho? Você procurou por isso, Ary. — Você só não vai gostar das consequências. — Eu digo sem emoção.

O homem permanece em silêncio pelo resto do caminho e assim que chegamos à cabana de seu pai, as pessoas se aproximam e me testemunham arrastando o filho de Daryng para sua casa.

— Mas o que isso significa, o que fez com meu filho, Geny? — Solte-o agora! — Vejo Daryng sair de sua cabana, o velho se aproxima pálido de seu filho pelo que vê.

— Seu filho! — Grito para que todos possam ouvir. — Acabou de matar meu parceiro por ganância, porque meu parceiro carregava o mesmo sangue do ex-líder! — Eu o vi matar o pai do meu filho. Cheguei no momento em que ele anunciou que mataria a mim e a meu filho também. — Khan pode ter falhas, mas ele era orgulhoso e se quisesse seu lugar, já o teria desafiado há muito tempo! — Minha voz está cheia de nojo e ódio. Tudo de ruim. Eu não serei nada agora sem meu amigo.

— O que você espera que eu faça Geny? — Pelo que vejo, você já castigou meu filho o suficiente.

— Assim que eu virar as costas, você vai me matar pelo que fiz ao seu filho! — Jogo o menino aos pés do pai, gemendo de dor. Eles realmente acreditam que sou tão ingênua?

— Vou fazer isso da maneira correta, Daryng! — Eu o desafio para uma luta pela liderança do clã! — Anúncio e vejo seu rosto se tornar pálido e depois raiva tomar conta de sua expressão.

— Ficou louca? — Você carrega uma criança, mulher! — Ele me encara intrigado.

— Agora você se preocupa comigo, interessante. — E se eu virar as costas e voltar para minha casa como se nada tivesse acontecido? Você vai pensar no meu bebê também? — Eu poderia sorrir naquele momento se não estivesse tão destruída por dentro. Eu ainda estava em perigo, podia sentir, e Khan não estava mais lá para me ajudar.

— De qualquer forma, você vai me matar Daryng, acabe com isso então. — Vamos! — Minha sorte é que sempre carrego minha espada comigo.

Sentindo-se desafiado, Daryng retira a espada da cintura e vem até mim.

Naquele momento eu sei que vou morrer. Eu não quero mais ficar aqui. Não tenho interesse no poder ou em qualquer coisa que tire meu parceiro de mim. Sou egoísta. Eu sou a pior pessoa do mundo agora, porque eu não permitiria que meu filho vivesse. Talvez fosse melhor assim.

— Sinto muito por Khan, Geny. — Não se preocupe, vou colocar seu corpo ao lado do dele para que vocês possam descansar juntos. — Diz ele com escárnio.

Nesse momento, não prestei atenção em mais nada ao meu redor. Eu podia ouvir apenas o som da minha respiração, ainda não conseguia acreditar que havia perdido tudo em minutos.

Vejo sua espada voar rapidamente em direção à minha e sei que a luta começou com o som das lâminas se chocando.

— Vou fazer isso rápido para você mulher! — Mas você vai pagar pelo que fez ao meu filho. — Pelo menos ele se preocupa com o filho, menos monstro do que eu.

Daryng tenta acertar meu pescoço várias vezes e eu bloqueio seus golpes. Usando meu tamanho a meu favor. Daryng tem dois metros de altura. O homem abaixa a espada e eu bloqueio novamente. Ele coloca sua força na arma o forçando a cortar minha garganta.

Eu grito enquanto coloco toda a minha força na lâmina e lembro os momentos em que Khan teve sua garganta cortada. Eu me esquivo de seu ataque e o mando no chão. O velho de cabelo preto cai no chão com sua espada e eu rapidamente rolo meu corpo e corto seu calcanhar. Sangue jorra de seu corpo, mas ele ainda tenta se levantar. Com ódio, ele me segura pelo pescoço e me ergue no ar, sinto minha força se esvair. Reunindo a energia restante, eu levanto minha espada e abro sua garganta. Começo a ver manchas quando volto direto para o chão depois que Daryng me solta.

— Pai! — Ouço a voz do Ary chamando. Vejo o homem sufocar com seu sangue. Teve o mesmo fim que Khan.

— Matem essa mulher! — Ela assassinou o líder! — Eu quero a cabeça dela! — Mate-a! — Os gritos roucos de Ary me mantêm ainda em alerta, mesmo que me matem, ele também não irá longe.

Eu olho ao meu redor. Respiro assustada e cansada com o esforço, estou quase desmaiando e se tentarem me matar não irei reagir. Mas ninguém se move.

— Geny desafiou Daryng a lutar até a morte. — A voz de Kevrel me pega de surpresa enquanto ele sai das sombras. — A mulher lutou mesmo estando grávida, ela não violou nenhuma lei do nosso povo.

— Enquanto a você, cometeu assassinato. — Ele diz enquanto se aproxima do menino. Kevrel é o braço direito dos líderes do clã. — Levem ele daqui! — Kevrel dá a ordem e dois homens o levam para longe da minha vista. Ary grita o tempo todo.

O homem atraente e de aparência calma se aproxima de mim. Tento me levantar e me ajoelhar na frente dele. — Geny! Você se ajoelha como uma mulher solitária hoje, mas deve se levantar como a líder que você se tornou.

Levanto minha cabeça e o vejo parado na minha frente com a mão estendida para mim.

— Agora você precisa ser forte, tem seu herdeiro e um povo para proteger. — Me levanto e sinto meu rosto molhado de lágrimas pela brisa gelada da noite.

Kevrel sorri para mim e ouço meu povo gritar meu nome. Eu os assisto. Não era o que eu queria. Mas deixei o instinto me dominar e sou uma covarde por isso.

Eu fui uma covarde por não ter deixado ele me matar. Eu queria ir, mas algo me fez ficar. Eu não estava pronto para morrer. Nunca quis ser líder de ninguém. Mas eu tinha Kevrel, que se tornou um grande amigo e ainda tinha Silas.

Agora eu não só tinha meu filho para proteger, mas um povo e todo um território inteiro.

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