Capítulo 4
As pessoas se aglomeravam ao redor, apontando e cochichando sobre Letícia.

Cecília, sem pensar duas vezes, avançou e deu um tapa na cara de Vicente:

— Vicente, você perdeu o juízo?

Vicente, que nunca havia sido esbofeteado em toda a sua vida, lançou um olhar furioso para Letícia:

— Muito bem, Letícia, você está se superando! Agora você traz uma grávida pra fazer escândalo comigo? Letícia, designer Letícia! Cadê a sua educação?

Cecília, cheia de raiva, tentou desferir outro tapa em Vicente, mas Letícia a segurou pelos braços:

— Vamos embora. Meu carro chegou.

Letícia não lançou sequer um olhar para Vicente ou para Estella, que continuava ajoelhada no chão como uma atriz dramática. Letícia apenas segurou Cecília pela mão e começou a caminhar em direção à saída.

Vicente nunca havia sido ignorado por Letícia daquela forma. Furioso, ele agarrou o braço de Letícia com força e, em tom ameaçador, ordenou:

— Pare aí! Peça desculpas para a Estella.

Letícia permaneceu em silêncio, e Vicente apertou ainda mais o braço dela:

— Eu mandei você pedir desculpas para a Estella!

A dor no pulso de Letícia não era nada comparada ao que ela sentia no coração. Ela respirou fundo, virou-se e olhou Vicente diretamente nos olhos:

— Por que eu deveria pedir desculpas? Eu disse alguma coisa? Eu fiz alguma coisa? E, além disso, o hospital é propriedade sua? Você pode estar aqui e eu não? Dr. Vicente, onde está a sua educação e o seu respeito?

Os olhos de Letícia estavam tão frios que pareciam de alguém que encarava um estranho.

Vicente, ao encarar aquele olhar gélido, sentiu um calafrio inexplicável atravessar o corpo. Sua mão afrouxou-se automaticamente.

Sem querer prolongar aquela discussão, Letícia puxou Cecília e seguiu em direção à saída do hospital.

Estella, ao perceber a expressão inquieta de Vicente, segurou a mão dele com um ar tímido e perguntou:

— Vicente, eu fiz algo errado de novo?

Vicente balançou a cabeça, despertando dos próprios pensamentos. Ele afagou a mão de Estella em um gesto tranquilizador e respondeu:

— Não foi culpa sua. Eu é que tenho negligenciado Letícia ultimamente.

Vicente suspirou e tentou justificar:

“Sim, é isso. Eu andei muito ocupado, e ela acabou se sentindo deixada de lado. Foi por isso. Mas vou falar com ela... Letícia é sempre tão compreensiva, tão fácil de lidar. Ela vai me entender.”

Depois de se convencer com essas palavras, Vicente afastou qualquer traço de insegurança que sentia. Ele segurou a mão de Estella e a conduziu até o elevador.

À noite, Vicente decidiu voltar para casa. No caminho, ele comprou tulipas cor-de-rosa, as favoritas de Letícia.

Ao abrir a porta, Vicente viu Letícia ao telefone:

— Certo, finalize o acordo e envie para mim. Sim, o quanto antes.

Depois de dizer isso, Letícia desligou o celular.

— Que acordo é esse? — Vicente perguntou num tom casual, como se nada tivesse acontecido mais cedo no hospital.

— Coisas do trabalho. — Letícia respondeu sem sequer olhar para ele e continuou andando.

Vicente deu alguns passos rápidos e, por trás, a envolveu em um abraço:

— Amor, eu voltei.

Se fosse antes, Letícia teria se virado, acariciado o rosto de Vicente com ternura e lhe dado um sorriso seguido de um beijo. Mas agora, Letícia sequer queria conversar.

Ela empurrou os braços de Vicente com força, livrando-se daquele abraço, e caminhou sozinha até o quarto, onde fechou a porta atrás de si.

Vicente ficou parado na sala, confuso, sem saber o que fazer ou o que pensar. Ele não conseguia entender por que Letícia ainda estava agindo daquela maneira, mesmo depois de sua tentativa de reconciliação.

Nos últimos três dias, Letícia mal havia dormido no hospital. Sempre que ela fechava os olhos, as imagens de Vicente defendendo Estella e a mãe dela invadiam sua mente.

Pouco tempo depois, Vicente saiu do banheiro, ainda com o cabelo molhado. Ele entrou no quarto, levantou as cobertas e deitou-se ao lado de Letícia.

Vicente, com seus braços longos, abraçou a cintura de Letícia por trás e encostou o rosto na curva de seu pescoço.

— Letícia, eu sei que estive distante esses últimos meses... Você sentiu minha falta, não foi?

Enquanto falava, Vicente tentou beijar Letícia, e sua mão, escondida sob o cobertor, começou a deslizar de maneira ousada.

Letícia sentiu um nojo profundo. Ela se afastou do beijo e, com uma expressão de repulsa, tirou a mão de Vicente de cima dela.

— Não me toque.
Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App