Capítulo 02

Capítulo 02

Anos atrás

Owen Palmer

Chegamos em Savana e mamãe logo começou a procurar um emprego. Ela viu os anúncios nos jornais e decidiu que era melhor procurar algo como o que já fazia na casa do vovô Bernard e da vovó Leopoldina, e eu torci para ela encontrar outro casal de idosos para nos acolher, porque eu sentia falta dos meus vovôs. Ela ficava pensativa e eu sabia que ela estava com medo de não conseguir trabalhar

—Não posso ficar parada e gastar todas as minhas economias, Owen. A mamãe precisa conseguir um emprego. Ela continuou vendo os anúncios no jornal.

— Aqui. Olha, tem um anúncio para babá, vou começar com ele. Quem sabe são pessoas boas e vão nos ajudar! — Eu sabia que todo esforço dela era pensando em mim.

Chegando ao endereço, ela chamou no portão e uma senhora veio nos receber.

— Pois não moça?

— Eu vim a respeito de uma vaga para babá, vocês ainda estão precisando? — Respondeu mamãe, enquanto eu só ouvia calado.

— Entre minha jovem, vou avisar a patroa, ela está no jardim com as crianças.

A senhora sai, acho que para ir até a tal patroa, e fico com mamãe. Não demora e a senhora volta.

— Por favor me acompanhe.

Mamãe continua segurando firme em minha mãozinha e seguimos a senhora dando a volta na casa e adentrando o jardim que é muito bonito por sinal e tem um cheiro gostoso. Cheiro de rosas.

— Qual o seu nome minha jovem?

— Lindsay. Lindsay Delaney.

— E esse lindo rapazinho? — Pergunta olhando pra mim.

— É meu filho, Owen — Responde mamãe.

Chegamos ao jardim e vejo duas menininhas brincando e uma mulher muito bonita sentada ao lado delas, enquanto ler um livro.

— Senhora West? Aqui está a jovem que veio para o emprego de babá. — Fala a mulher e mamãe já vai se apresentando quando a mulher se levanta para cumprimenta-la.

— Olá, eu Sou Vanda West.

— Lindsay Delaney.

Elas apertam as mãos e mulher aponta uma cadeira para que mamãe se sente e me sento calado ao lado de mamãe.

— Bom, Lindsay essas são minhas filhas Katrina e Tessália. — A mulher mostra as duas menininhas e eu fico olhando vendo as duas brincarem.

Porém ao ouvir a mãe as apresentar, uma das meninas logo se levanta de onde estava, como se estivesse sido chamada, ela é pequenina dos olhinhos azuis mais lindo que já vi, e quero sorrir quando ela quase cai de bunda no chão, mas ao mesmo tempo, sinto vontade de ir até ela e segurar para que isso não aconteça. Ela se levanta toda cambaleante e vem até onde estamos e por um momento fico sem saber o que fazer quando ela segura em minha enquanto na outra tem uma bonequinha. Ela está toda linda, vestida com uma roupinha de coelhinha. Uma roupinha branca com detalhes na cor rosa.

— Bincá, Tess vem. — Ela me chama e olho para mamãe para saber se posso ou não.

— É seu filho? — Pergunta a senhora West.

— É sim. — Responde mamãe

— Qual o nome dele?

— Owen. — Só observo elas conversarem.

— Owen, você quer ir brincar com a Kat e a Tess?

Olho para a loirinha que continua brincando com a casinha de boneca dela, olho para Tess que permanece ao meu lado e depois olho para mamãe.

— Podo mamãe, binca com Tess? — Minha linda ainda não me permite falar certa, apesar de me esfoçar muito.

— Se a senhora West não se incomodar, pode sim.

— Podo celola West?

— Claro, Owen.

A menina Tess sorrir segurando em minha mão, me arrastando para brincar e ela me puxa com tanta pressa que quase cai, só não caiu porque a segurei e por pouco não fomos nós dois para o chão.

— Vem Ow binca Tess e kat.

Nos sentamos e ficamos brincando. A Tess é uma fofa, a loirinha também é bonita, mas é bem na dela e não sei porque, mas ela parece não ter gostado de mim.

— Então Lindsay, Porque está interessada no emprego como babá? — Mesmo de onde estamos posso ouvir bem a conversa entre mamãe e a mulher.

Mamãe começa a contar a história dela, incluindo os anos que moramos com os Kingston. Sinto falta dos meus velhinhos!

Vovô Bernard e vovó Leopoldina foram como mamãe diz, anjos em nossas vidas. Sinto falta do carinho deles, o colo de vovô era tão quentinho, mas se fechar meus olhos, ainda sinto o cheirinho de vovó.

— Podemos entrar em um acordo. — ouço a mulher dizer. — Você fica morando conosco e quando as meninas estiverem na escola você ajuda a Olga nos afazeres da casa.

Será que vai dá certo?

— Vou procurar uma escola para o Owen, prefiro o mesmo horário das meninas, para não atrapalhar nos afazeres. — Diz mamãe e por dentro eu comemoro. Gostei da Tess, quero ficar aqui.

— Como complemento pelo seu pagamento vou pagar pela escola dele. Assim fica mais fácil. Pelo visto eles vão se dar muito bem. — Diz a mulher e fico feliz. Parece que conseguimos uma nova família.

— Obrigada senhora West.

Olho e vejo o sorriso de mamãe e sei que ela está feliz.

Dias depois...

A vovó Leopoldina e o vovô Bernard agora são estrelinha. Por isso eu e a mamãe viajamos para muito, muito longe. Eu estava triste, mas agora não estou mais não, estamos morando na casa da Tess. Eu gosto muito da Tess, ela é muito legal e ajudo a mamãe a cuidar dela, a Kat eu não gosto dela, ela belisca a Tess e fica falando que ela é feia e órfã. Não sei o que é isso, mas feia a Tess não é. Ela é linda. Na escola nova é legal no recreio fico com a Tess, ela é pequenininha e a mamãe disse que eu já sou um hominho e tenho que proteger ela e a Kat. Mas eu não gosto da Kat. Fico sempre brincando com a Tess, até a tia levar ela de volta para a sala dela e eu volto para a minha sala com a minha tia.

***

Anos depois...

Continuamos morando com a Tess, ela já está com quatro aninhos e eu com seis. A Kat tem cinco. Ela continua chata. Mas a mamãe disse que eu não posso falar isso, e que tenho que ser amigo das duas. Mas não dá, eu não consigo, porque ela sempre implica com a Tess, sem que a Tess faça nada. Hoje vem uns amigos da escola para brincar, mas eles são amigos da Kat e são chatos igual a ela, eu vou é ficar com a Tess e deixar eles brincarem sozinhos.

— Owen, você não pode vim para o jardim hoje. Eu vou receber meus amigos e não quero filho de empregada se misturando conosco, meus amigos são muito importantes para se misturarem com ralé feito você que mora de favor na casa dos patrões, porque não tem para onde ir.

Saiu calado e entro, indo direto para o meu quarto. Logo mamãe vem me ver.

— Não vai brincar meu filho?

— A Kat disse que eu era ralé e não queria filho de empregada se misturando com os amigos dela.

— Meu Deus! Porque ela falou isso?

— Mãe, a Kat não é legal igual a Tess, ela é má.

— Está bem. Depois a gente conversa, fique aqui então, não vamos criar confusão.

— Tá mamãe.

Me deito na cama onde durmo com a mamãe, e fico pensando no que a Kat falou. Eu vou estudar vou crescer e um dia vou ter muito dinheiro e ninguém nunca mais vai me chamar de ralé. Vou ser muito importante.

 Fico deitado de olhos fechados até sentir uma mãozinha em meu rosto, obro meus olhos e ela está me olhando. Tess!

— Tá tiste Owin?

— Vai passar.

— Touxe minha munequinha pá blincar de paciá de cainho.

— Então vamos brincar, mas vai ter que ser aqui.

— Eba!

Ficamos brincando até a senhora Vanda chegar e perguntar o porquê de não estarmos brincando com os outros.

— Mamãe, a Kat num quer. — Responde Tess, como sempre dizendo a verdade, porém é uma verdade que a mãe dela finge não ouvir.

— Não Tess. A Kat só é maior que você e não gosta quando você bagunça os brinquedos dela.

A Kat sempre mentindo, as vezes acho que os adultos são cegos, ou então se fazem para melhor passar.

— Vamos crianças, a Lindsay preparou um lanche bem gostoso, então vamos todos lanchar lá fora.

— Não precisa Sra. Vanda, eu espero minha mãe aqui. — Digo porque não quero que a Katrina me chame de ralé outra vez.

— Nada disso Owen, você também vem.

— Me levanto e a sigo. No jardim minha mãe já está servindo o lanche. Me sento e Tess se senta ao meu lado. Minha mãe serve um pedaço de bolo para Tess e outro para mim, quando o telefone da senhora Vanda toca e ela vai atender, afastando-se um pouco da mesa.

— Lindsay eu quero mais bolo de chocolate.

— Menina Kat, o de chocolate acabou, agora temos bolo de Coco, laranja, mo....

— Acabou porque você deu para seu filho. Os empregados só comem depois dos Patrões. É assim na casa de todos os meus amigos, quando que você vai aprender qual é o seu lugar e do seu bastardinho?

— Kat filha você já comeu o de chocolate, tem outros sabores. — Mamãe, mesmo não gostando do jeito dela falar ainda a trata bem.

— Eu não sou sua filha, e pare de me chamar de menina, eu odeio quando você fala comigo toda coitadinha. Pobre me dá nojo!

— Vou fazer um outro bolo. — Fala minha mãe e fico com muita raiva da Katrina, ao ver minha mãe tentando segurar as lágrimas.

— Fazer outro bolo porque Lindsay se ainda tem ai? — pergunta a senhora West voltando para a mesa.

— O de chocolate acabou e a senhorita West está querendo mais.

— Bobagem Lindsay. Eu poço comer o de morango. — Responde Kat se fazendo de boazinha, como se a pouco tempo não tivesse falado um monte de coisa feia para minha mãe.

— Muito bem filha. — Diz A senhora West, não sabendo o que a peste disse ainda a pouco.

Fico quieto no meu canto comendo meu bolo, olho para Tess que está bem engraçada com a boca toda suja de chocolate e sorrio tirando com o dedo o chocolate que está em seu nariz.

— Mamãe, quando a Tess vai aprender a comer? Será que ela nunca vai acertar o caminho da boca! — Garota chata!

— Ela ainda é pequena meu amor.

— Ah, mamãe ela só é mais nova do que eu, um ano. E o papai disse que sou uma princesa. — Olho para ela e penso comigo. Está mais para uma bruxa.

— E você é. Você vai ensinar a Tess como uma menina fina e elegante se comporta. — Diz a senhora West.

Eu não gosto da senhora Vanda. Ela é a mãe da Tess, deveria proteger ela e não ficar babando a enteada, mas eu vou proteger. Eu sempre vou cuidar dela e Deus livre da Tess ficar como a bruxinha.

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