4º Capitulo – Wellyn

Preparei a janta de Helena com Caled sem desgrudar um minuto de mim.

- O que eles pensam sobre a gente? Tipo, eles não têm sentimentos então não entendem o que sentimos, como podem aceitar?

- Nem todos aceitam a verdade é que a maioria iria querer que isso acabasse, mas eles sabem que é impossível dissolver o que existe entre nós...

- E eles não pretendem fazer nada, não é?

- Acho que não, Caliel teria me contado se eles estivessem pensando em fazer algo.

- Confia mesmo nesse tal de Caliel néh?

- É sei lá estranho, ele tem sido um bom amigo, por mais que eu saiba que ele não me vê dessa forma, como um amigo, ainda assim eu o vejo. Ninguém queria me treinar, me ajudar, muitos viraram a cara para mim e foram contra a ideia de me salvar, mesmo eu tendo salvado você, ainda assim eles não me aceitaram e Caliel aceitou a missão e está calando a boca de todos.

- Espero que com o tempo eu também possa ver nele um amigo.

- Tenho certeza de que verá, eu sei que não teve uma boa experiência com o último que conheceu, mas acredite Caliel é diferente, ele não é haziel.

- É eu sei...

Nessa hora ouvimos um barulho na porta, Helena tinha chegado.

- O cheiro está muito bom...

Disse ela invadindo a cozinha e me dando um beijo na testa, depois cumprimentou Caled.

- Caled, que bom vê-lo, então quando fará uma visita a Wellyn?

Olhei para minha tia.

- Ela também pediu a você que ele fosse?

- Sim, hoje pela manhã, me pediu para que não esquecesse de falar com ele.

Caled sorriu.

- Diga a ela que amanhã mesmo irei vê-la.

Depois ele me observou.

- O que foi algum problema Alicia?

- Não, nenhum, só não sabia que ela gostava tanto assim de você.

Me virei novamente para o fogão eu devia estar imaginando coisas mesmo, só podia ser isso.

Depois que minha tia terminou de jantar e se retirou Caled segurou minha mão brincando um pouco com os meus dedos.

-Que tal darmos uma volta?

- Onde quer ir?

- Faz tempo que você não vem a minha casa...

- É, é verdade faz algum tempo.

- Então?

Subi para pega um casaco enquanto ele me aguardava do lado de fora, avisei tia Helena que iria sair com ele para que ela não se preocupasse, afinal das últimas vezes que eu saíra com ele eu dificilmente voltava cedo.

- Então o que tem a dizer?

- Do que está falando?

- Eu percebi o seu olhar Alicia, não quer que eu vá ver Wellyn?

- Não, não é isso é que sei lá acho estranho ela ter se apegado tanto a você lhe viu só algumas vezes.

- Ela ainda tem falado sozinha e andado doente?

- Não, ela está bem melhor agora, faz tempo que não adoece e também não teve mais aqueles pesadelos estranhos, aliás desde que Haziel partiu isso vem acontecendo, acha que era dele que ela se referia?

- Talvez, ele estava aqui para lhe fazer mal ela queria alerta você, é mais do que justo que agora ela estava bem.

- Mesmo assim, ainda acho estranho esse apego todo.

- Não vai me dizer que está com ciúmes de uma criança.

Cruzei os braços e fiz bico, ciúmes eu? Ele devia ter ficado louco só pode.

- Eu Caled? Logo eu? Sabe que não tenho ciúmes...                                                                                                         

Dei uns passos na frente deixando ele para trás.

- E aquela vez em Vancouver?

- Não foi ciúmes, foi.... Foi um mal-entendido, você é que não compreendeu.

- Aham... E por que está andando na minha frente sem olhar para mim agora?

Me virei o encarando.

- E por que você está tão insuportavelmente insuportável hoje?

Ele sorriu de um jeito que só eu poderia entender, e então segurou meu rosto com as mãos.

- Por que estava com saudade de ver você irritada comigo, não tem ideia como isso me faz falta.

- Me ver irritada?

- É, tenho saudade do tempo que você não gostava de mim, que ficava implicando, aliás tenho saudade de tudo...

- Sua nova vida não tem sido boa?

- Não é isso, eu gosto de saber que agora eu estou tendo uma segunda chance e que estou perdoado de tudo que fiz, por que tenho consciência de que fiz coisas horríveis, horríveis demais, coisas que nem mesmo um par de asas brancas poderá amenizar, mas sinto saudade do tempo em que eu podia ser livre, ir e vir sem dar explicações, sem me importar com as pessoas, sinto falta de ser o irritante insuportável que eu era...

- Acho que nem todos te viam dessa forma, as garotas do meu colégio não tinham esse tipo de pensamento sobre você.

- As garotas do seu colégio me viam como o bad boy com o qual toda menininha sonha, eu não sei por que as mulheres têm desses sonhos bestas de transformar as pessoas, pode me explicar por que toda mulher quer ver o bad boy como um mocinho nos fins das contas? A maioria delas quebra a cara com isso, já percebeu?

- Sim percebi, acho que é por que elas querem se sentir importantes para a pessoa que elas amam, elas querem se sentirem uteis de alguma forma, como se sei lá, tivessem feito parte da melhoria, saber que alguém mudou por você é sem dúvidas uma coisa muito fofa, exige sacrifício e nós mulheres gostamos disso, atitude, coragem sacrifício...

- Vocês querem é nos ver arrastando um bonde por vocês, isso sim...

- Não vou negar que sim, gostamos de ver que somos importantes para alguém, faz parte da nossa vaidade.

Mais uma vez ele sorriu.

- Foi estranho sabe, imaginar que eles não sintam o que a gente sente, sei lá não sei como podem se sentirem completos, não que eu ou você não sejamos dois seres completos, porém antes de você aparecer essa parte completa em mim era apenas metade...

Não consegui não sorrir, Caled era o tipo errado de romântico no ponto exato, ele sabia como me ganhar com duas palavras.

-Eu te amo.

Disse apenas selando minha frase com um beijo, como eu poderia um dia deixar de amá-lo?

Caminhamos até a casa dela, aquele lugar estava um tanto quanto abandonado, Caled não passava muito tempo em casa ultimamente e isso tinha deixado tudo meio mórbido.

- Vai ter que chamar alguém para limpar.

- Por que acha que eu trouxe você aqui?

Olhei para ele sem dizer uma palavra, acho que ele entendeu o recado pelos meus olhos que faiscaram na direção dos dele, por que disparou para longe no seguinte segundo.

- Brincadeirinha.... Já chamei alguém, a mulher vem amanhã.

- Sério?

- Sim. Aliás que horas quer que eu vá ao abrigo?

- Tenho aula amanhã só estarei lá pela tarde.

- Tudo bem, a tarde então.

Subimos até o quarto e deitamos na cama dele observando o céu, era incrível como aquilo podia acalmar, ver aqueles inúmeros pontos brancos que brilhavam tão distantes, trazia uma imensa paz.

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