Assim que a tensão baixou um pouco na sala, me ajeitei melhor na cadeira e deixei o sorriso voltar aos lábios. Era hora de mostrar a que eu vim.
— Bom, eu queria só esclarecer com vocês que o foco da minha atuação aqui na empresa vai ser na área de marketing — falei, olhando para cada um dos sócios, inclusive o ranzinza. — É onde eu me formei, onde atuei por anos e onde eu realmente posso contribuir com ideias, estratégia e inovação. Não pretendo me meter em áreas que não domino. Estou aqui pra somar.
Um dos sócios, o mais novo deles, sorriu e assentiu.
— Perfeito. A casa tá precisando de inovação mesmo, principalmente nessa parte.
(Alessandro)Vi o táxi se afastando com Larissa dentro e respirei fundo. Por que diabos eu fui atrás dela? Por que entrei no carro? Que tipo de idiota eu me tornei?Caminhei até meu carro, que estava estacionado na rua de trás. Entrei e bati a porta com força, socando o volante logo em seguida. Merda.Desde o dia em que a encontrei no shopping, minha cabeça virou um campo de batalha. Ela apareceu como se não tivesse destruído tudo... como se pudesse simplesmente voltar e mexer em tudo de novo. Mas a verdade? Ela já mexeu. E eu não consegui mais desligar.Tenho discutido mais com a Chiara. Gritado com os funcion&aacut
Não respondi de imediato. Virei a segunda dose e me servi mais uma vez.Diogo se aproximou e tirou a garrafa da minha mão.— Vai com calma, cara.— Me devolve essa merda. — falei entre os dentes, irritado.— Não. — ele segurou firme a garrafa. — Me fala o que tá acontecendo. Você sempre foi contra traição, contra esse tipo de atitude. Então por que tá fazendo isso com a Chiara?Olhei pra ele, a raiva fervendo, a vergonha apertando o peito, a confusão me sufocando.— Me diz uma coisa... — minha voz saiu mais baixa, rouca. — Com quem diabos a Larissa tá?<
Passei o fim de semana inteiro naquele hotel, trancado num quarto frio com garrafas vazias, travesseiros jogados no chão e a cabeça girando. Ignorei Chiara, ela mandou mensagem, ligou, tentou saber onde eu estava. Mas eu não queria ver ninguém. Principalmente ela.Acordei na segunda cedo, ou pelo menos abri os olhos, dormir de verdade eu não tinha dormido. Tomei um café fraco na recepção do hotel e fui direto pra empresa. Estava acabado. Literalmente.Cheguei antes de todo mundo. Estacionei no subsolo e subi direto pro meu andar. Entrei na minha sala e fui pro banheiro privativo. Tirei a roupa amassada e entrei no chuveiro quente tentando lavar a bagunça que eu estava por dentro. Não adiantou muito, mas pelo menos eu parecia menos um zumbi.Vesti
(Larissa) Sabe aquele tipo de dia que parece meio fora do eixo? Foi assim. Eu tinha saído apressada, meio atrasada pra uma reunião que acabou sendo cancelada de última hora. Resolvi andar um pouco, tomar um café, tentar organizar as ideias. Às vezes, só de respirar um pouco longe do caos já dá uma ajudada. Entrei naquela cafeteria charmosa que sempre passava em frente, mas nunca parava. Pedi um cappuccino e fui até a prateleira de livros no canto. Ela era uma dessas cafeterias que tentam ser descoladas e culturais ao mesmo tempo. Foi aí que ouvi uma voz familiar. — Olha só… Se eu soubesse que vir pro Brasil me renderia mais um encontro com você, teria vindo antes. Virei devagar, meu coração deu uma pequena batida fora do ritmo. Enzo. Aquele sorriso que misturava charme e provocação ainda estava ali. Os cabelos castanhos um pouco bagunçados, a barba por fazer, e o jeito despreocupado que me fez lembrar imediatamente da cena em Chicago… a da bolsa, do empurrão, e dele surgindo com
Rafael respirou fundo, colocando os talheres de lado.— Eu vou precisar viajar. — ele anunciou, olhando pra mim e depois pro meu pai. — Pra Alemanha. Surgiram uns probleminhas na filial de lá, vou ter que resolver pessoalmente.Minha postura se endireitou na cadeira.— Probleminhas?— Nada absurdo, mas é algo que precisa de atenção. Uma questão de contrato, logística... coisa técnica. Mas eu dou conta.— Tem certeza? Se precisar de ajuda, de alguém acompanhando, qualquer coisa... — ofereci, sincera.Ele me olhou por alguns segundos e assentiu com um sorriso leve.
Deitada no sofá, com as pernas cruzadas sobre a almofada e o celular nas mãos, lendo de novo a mensagem de Enzo."Tive que viajar pro Sul. Mas volto no fim de semana e adoraria te ver. Que tal um café ou um jantar?"Sorri de leve, quase automaticamente, e meus dedos roçaram os lábios, lembrando do beijo de ontem a noite. Foi bom... muito bom. Enzo era gentil, educado, bonito, tudo no lugar.Mas não era Alessandro.Suspirei, sentindo o peso que aquela constatação trazia. Não era justo comparar. Eu precisava ir devagar. Foram mais de três anos sozinha, sem ninguém, me reconstruindo. E Alessandro... bom, Alessandro foi o último homem com quem me envolvi de verdade. E não foi qualquer envolvimento. Foi devastador."Não se cobra, Larissa. Não agora."Guardei o celular, joguei o corpo pra frente e me levantei. Rafael tinha viajado e eu precisava levar o Gabriel até a escola.No caminho, ele foi tagarelando sobre as atividades do dia, e eu sorria, respondia, mas estava meio distante, presa n
O fim do dia chegou mais rápido do que eu esperava. Saí da empresa exausta, mas com aquela sensação boa de missão cumprida. Ainda estava digerindo tudo o que aconteceu. Os olhares dos colegas, os sorrisos discretos, o fato de ter conseguido conduzir a reunião mesmo com o coração apertado e a cabeça cheia.Entrei no carro e me recostei no banco por um segundo, soltando o ar devagar. Liguei o rádio numa estação qualquer, mais por precisar de som do que por gostar da música. Foi quando o celular vibrou no banco do passageiro. Olhei o visor.Número desconhecido.Franzi o cenho. Quase não atendo esses, mas um pressentimento, me fez deslizar o dedo na tela.— Alô?Houve um segundo de silêncio antes de uma voz conhecida estourar do outro lado:— Lari! É você?Meu coração deu um pulo.— Cathe?!— AAAAAAAH, eu sabia que você ia atender!Soltei uma risada surpresa, levando a mão à testa.— Meu Deus, mulher, você sumiu!— Eu sumi nada, você que fugiu pra Alemanha me deixou órfã por anos! — ela
(Larissa) Luciano e eu estávamos completando três anos de namoro, e eu mal podia conter minha empolgação, já que minha melhor amiga, Samira, contou que o viu no shopping mais cedo, em uma joalheria, escolhendo um anel lindo. Ela estava certa de que era um anel de noivado e meu coração estava acelerado até agora ao imaginar que poderia realmente ser um pedido de casamento. Eu sempre sonhei com esse momento.Estava sentada no restaurante onde combinamos de nos encontrar, observando os casais que passavam, os risos, os abraços e beijos trocados. Mas o tempo foi passando, e Luciano não chegava. Peguei o celular e liguei para ele, que atendeu na terceira tentativa, mas parecia confuso.— Larissa? O que foi?— O que foi? Luciano, a gente combinou de se encontrar, você esqueceu?— Ah... Eu... Amor, eu preciso resolver umas coisas. Não posso falar agora. A gente se fala depois, tá?A chamada foi encerrada antes que eu pudesse responder. Meu coração apertou. O que ele estava resolvendo? Duas