Voltei à minha toca depois de sair da enfermaria.
Nem sabia por que voltei, talvez porque não tivesse outro lugar para onde ir.
Desde que me liguei a Luke, dediquei tudo a esta alcateia e à nossa família.
Cada respiração, cada esforço...
Tudo foi por eles.
E agora, eu me tornara aquela que eles rejeitavam.
A loba descartável.
Que ironia.
Antes mesmo de abrir a porta, ouvi risadas ecoando lá dentro.
Eram eles, Luke, Kristy e meus filhotes gêmeos.
A felicidade deles me feriu como uma lâmina.
Forcei um sorriso amargo, engoli minha dor e me preparei.
Não havia mais nada aqui para me importar.
Em dois dias, eu iria embora.
Para sempre.
Assim que abri a porta, as risadas cessaram.
Caminhei direto para o meu quarto, ignorando os olhares deles.
Mas Luke bloqueou meu caminho, sua voz fria e carregada de expectativa:
— Então... Você voltou para pedir desculpas à Kristy?
— Mãe, estou feliz que você finalmente possa admitir seu erro...
Chris disse friamente, com a voz desprovida de calor.
— Por que você nunca reflete sobre si mesma até que tenhamos que apontar isso toda vez?
Collin disparou, seu tom carregado de impaciência e descrença.
Não respondi.
Mas quando voltei meu olhar para Kristy, congelei.
Ela estava segurando o Colar do Luar.
Aquele que Luke havia encomendado especialmente do artesão lobisomem para nosso oitavo aniversário de marcação.
Eu nunca o tinha usado.
E agora, pendia do pescoço de Kristy, brilhando sob a luz que nunca foi destinada a ela.
Por um instante, minha respiração ficou presa na garganta.
Parecia que algo afiado havia rasgado meu peito.
Vendo minha reação, Kristy correu até mim, agarrando o colar e falando rapidamente:
— Sinto muito, Christina. Não quis te chatear. Luke disse que você não gostava... Então ele me deu. Eu só... Realmente adorei. Por favor, não fique brava.
— Não importa. Você pode ficar com ele.
Eu disse friamente, minha voz tão gelada quanto os fragmentos que perfuravam meu peito.
— Christina, por que você não pode simplesmente tolerá-la por uma vez?
Luke finalmente perdeu o controle sobre seu lobo, e suas garras se estenderam antes mesmo que ele percebesse.
— Você já arruinou o aniversário dela. Qual é o problema em a deixar usar o colar por um tempo?
Ele falou como se estivesse em transe, sua voz suavizando, assombrada por memórias.
— Os pais dela morreram protegendo esta alcateia. Os meus nos pediram para cuidar dela como se fosse nossa. Você ouviu essas palavras também. Então por que você continua tornando a vida dela mais difícil?
Chris zombou, seu olhar transbordando desprezo.
— Mãe, você é insensível. Você sempre nos diz para mostrar simpatia aos menos afortunados, mas quando se trata de Kristy, você é apenas cruel.
— Kristy nunca sentiu o amor de uma mãe.
Collin acrescentou, balançando a cabeça em desgosto.
— Ela perdeu os pais quando era apenas uma filhote. Por que você não pode a tratar como família? Por que você sempre faz dela sua inimiga?
Então, sem mais uma palavra, Collin virou as costas para mim, como se eu fosse apenas uma estranha.
— É tudo culpa minha, Luke.
Kristy engasgou entre soluços enquanto se jogava nos braços dele.
— Não culpe mais a Christina. Eu sou apenas uma Ômega fraca... Nunca deveria ter sonhado em ser aceita por ela. Viver sob o mesmo teto que a família do Alfa já é a maior bênção da minha vida. Quem sou eu para desejar a bondade dela?
Então, de forma dramática, ela deu um passo atrás e choramingou:
— Talvez eu devesse simplesmente deixar esta toca. Christina pararia de ser incomodada se eu fosse embora.
— Não!
Luke rosnou enquanto agarrava o braço dela e a puxava para perto, sua voz trovejando de raiva.
— Christina! Olhe o que você fez! Você a levou ao limite! Eu nunca vou deixar Kristy sair desta toca. Nunca!
— Kristy, não vá! Precisamos de você!
Chris chorou, agarrando as mãos dela.
— Você não fez nada de errado, Kristy. Se alguém deve ir embora, não é você, é a mamãe!
Collin rosnou, me lançando um olhar tão feroz que parecia uma adaga direto no coração.