Capítulo 5
Seu anjo acorda...Zayn acaba sendo rendido pela exaustão dormindo na poltrona com o celular na mão.Na cama, Morgana mexe a cabeça de um lado para o outro e, franzindo a testa, libera um leve gemido de dor.— Ah...Vira a cabeça para o outro lado e sente uma dor muito forte:— Ai.Coloca as mãos na cabeça, a dor é insuportável, sente a boca muito seca e a garganta dói.Abre levemente os olhos, durante vários dias acordou na escuridão e com frio, dessa vez está tudo diferente, está em uma cama macia e do seu lado tem uma imensa janela por onde entra a claridade da lua.Mais uma vez sente uma forte pontada na cabeça e geme alto:— Ah!Zayn acorda tão rápido quanto dormiu, se levanta bruscamente fazendo seu celular se espatifar no chão e não dá importância."Ela acordou." — pensa antes de se aproximar vagarosamente para não a assustar.Morgana observa o luar, sente o corpo um pouco dolorido, o que dói muito são os pés, andou muito no deserto, só de lembrar sente as lágrimas quentes em seu rosto.Onde estará? Em casa? Na mansão Aguiar? Mas não reconhece o quarto. Talvez seja um quarto de hóspedes.Sente um movimento do seu lado direito, vira o rosto e se assusta, dando um pulo na cama e se encolhe bem longe do homem que a observa calado.Ele olha para baixo, então ela percebe que está completamente nua, puxa a coberta da cama, com mais lágrimas nos olhos.Horrorizada com o que ele possa ter feito com ela, tenta lubrificar os lábios com a ponta da língua antes de falar com extrema dificuldade.— O que fez comigo? Por que estou nua? — Pergunta com muita dificuldade, completamente transtornada e desesperada.Zayn vê um problema entre os dois nesse momento, ela fala em português, o máximo que entende são poucas palavras, não o suficiente para a compreender.Tenta conversar calmamente com ela, transmitir serenidade em sua voz, fala em seu idioma, mas nada que diz faz a moça se acalmar.Vendo a dificuldade dela ao tentar engolir e tossir, levanta as mãos indo até a cabeceira da cama, devagar pega uma moringa, entorna um pouco de água no copo e lhe oferece.Morgana está sedenta, mas por outro lado tem medo de aceitar e ser envenenada, então reuni toda sua coragem e vira o rosto negando a água.Zayn não pode se aproximar mais, pois está muito assustada, como ela não entende seu idioma tenta conversar em inglês.— It 's water, drink it. (É água, beba).Morgana olha para ele, em seus olhos demonstra que entendeu muito bem o que ele disse.Volta a estender o braço lhe oferecendo o copo, como está sedenta não pode mais negar, sente que se não beber a água irá desmaiar.Com dedos trêmulos estende o braço para pegar o copo, seu corpo treme tanto de sede e fome que mal consegue segurar o copo.Toma a água com pressa, ao terminar sente uma forte dor no estômago, como ficou muito tempo vazio até a água a faz sentir dor.Faz uma careta ao sentir o estômago pesado e dolorido, devolve o copo.— Stay away from me! (Fique longe de mim!) — Diz assustada mas com um tom firme.— Sure. (Claro).Zayn fica mais tranquilo, ao menos ela se comunica em inglês, achou linda a voz dela ao pedir que ficasse longe dela, sentiu seu corpo todo arrepiar com o tom leve e rouco de sua bela voz.— Quer comer alguma coisa? — Ele continua conversando em inglês.— Meu estômago dói, não sei se vou conseguir ingerir alguma coisa nesse momento.— Está bem, vou deixar a moringa aqui, ali é o banheiro se quiser tomar um banho, fique a vontade — fala indo até seu imenso closet, pega uma toalha e um roupão.Deixa a toalha e o roupão no pé da cama, indo até a porta, diz:— Se quiser trancar a porta, fique à vontade. O médico me avisou sobre seu estado delicado, ao lado da moringa tem remédio para dor, também é antiinflamatório e antitérmico, tome, irá se sentir melhor. Não sou seu raptor, se precisar de qualquer coisa, estarei aqui fora.Morgana se vê sozinha no quarto, realmente ele não é seu raptor, não tem como ser, conseguiu prestar atenção em seu tom de voz, não é o mesmo homem que a maltratou durante dias a fio.Mas talvez ele a tenha comprado do raptor, se for isso, ele é tão nojento quanto o outro.Inerte em seus pensamentos coloca os pés para fora da cama, pega a moringa e apesar da dor no estômago enche o copo e toma a medicação.Passa a mão na nuca, sua vontade mesmo é de tomar banho, se sente imunda, seu corpo está com a pele grossa e os cabelos pesados.Tomada sua decisão, segue para o imenso banheiro, é inacreditável, extremamente moderno, muito mais que o de sua mansão.Após descobrir como mexer nos controles, enche a banheira com água bem quentinha, o calor do dia no deserto a deixou com algumas queimaduras nos ombros e pés e o frio intenso da noite a fazia bater os dentes.Por mais que tenha sofrido, não sabe o porquê, mas esse árabe parece realmente ser uma pessoa boa, sua voz melosa e baixa, seu olhar marcante, sedutor e ao mesmo tempo preocupado.Não tinha como não reparar nele, tudo o que ele fazia a deixava de sobreaviso.Fica receosa de ser atacada, talvez até reivindicada por ter sido comprada e acreditar ter todo direito do mundo sobre ela.Sim, deve ter a comprado do maldito mercador de humanos, novamente fica com raiva dele, mas por outro lado, ele parece ser muito melhor do que o outro, o que fedia a estrume de camelo.Quantas vezes vomitou ao sentir o odor desagradável daquele homem, não conseguia ter estômago nem para tomar a água que lhe era oferecida, quem dirá comer, na verdade não tinha como comer, lhe oferecia a mesma coisa todo dia, parecia uma tigela cheia de vômito.Nunca viu seu rosto, vivia vendada, só lhe tirava a venda para lhe oferecer comida e andar no deserto sem destino certo.Agora está deitada submersa numa imensa banheira cheia de água quente limpando toda a sujeira que se acumulou em sua pele e cabelos.Com um sorriso nos lábios esquece por uns instantes tudo o que lhe aconteceu em todos esses dias, fecha os olhos e aproveita seus momentos prazerosos na água.Passado vários minutos, se levanta da banheira, precisa saber quem é aquele homem; decidida se seca, coloca o roupão, vai até ele para enfrentá-lo, apesar de estar tão debilitada.