APRIL
Chegamos ao endereço acompanhados de Rubia, a assistente social. O quintal da casa era um verdadeiro cenário de abandono: a grama alta batia nos meus joelhos, as plantas estavam secas e retorcidas como se há muito tivessem desistido de viver. Na varanda, um sofá que um dia fora bonito estava coberto de sujeira e barro, e sobre ele repousavam sacolas transbordando garrafas vazias de cerveja. O cheiro azedo de bebida misturado à poeira do ar quente fez meu estômago revirar.
Rubia, visivelmente horrorizada, bateu na porta de madeira descascada. Alguns segundos depois, a maçaneta girou e a porta se abriu, revelando uma garotinha magra, de olhinhos grandes e desconfiados.
— Olá, Maria Vitória. Meu nome é Rubia. Esses são April e Gabriel. Somos amigos dos seus avós. Podemos entrar? — A menção aos avós fez o olhar da menina brilhar com uma saudade silenciosa.
Ela não disse nada, apenas abriu um pouco mais a porta, permitindo nossa entrada.
Se o lado de fora já era um desastre, o interi