Que cena familiar.
Até a lágrima que pendia no canto de seu olho era exatamente a mesma da minha vida passada.
Naquela época, fui completamente enganada por aquele ato frágil e indefeso dela. Quando ela se ajoelhou diante de mim, na verdade senti pena. Acabei a ajudando, ajudando Ryan e fazendo tudo o que podia para que alcançassem seu "verdadeiro amor".
Como princesa da Alcateia Presas de Neve, eu estava destinada a arcar com as responsabilidades de meu povo. Meu futuro não precisava girar em torno de Ryan. Mesmo que a chegada de Saya me deixasse um gosto amargo na boca, isso não era o suficiente para abalar minha dignidade.
Quando Ryan quis romper o noivado, eu não fiz nenhum escândalo. Em vez disso, ofereci-lhe conselhos sinceros, pelo respeito e pela história que compartilhávamos.
— Saya vem de uma alcateia de nível inferior e é muda. Embora tenha salvo sua vida, os anciãos ou os clãs talvez nunca a aceitem como sua Rainha, não importa o quanto você tente os convencer. Isso só trará problemas para ela.
— Por que não dar um passo atrás? Instale ela em meu território como serva por enquanto. No futuro...
Deixei a implicação no ar, no futuro, ele poderia fazer o que quisesse.
Essas poucas palavras resolveram a crise imediata dela, mas me colocaram em um caminho desastroso.
Pá! Pá! Pá!
O som nítido dos tapas ecoou pelo salão de banquetes.
Na minha vida passada, corri para ajudar Saya a se levantar no momento em que ela caiu de joelhos.
Dessa vez, eu apenas assisti friamente enquanto ela se dava tapas, forte e sem hesitação.
Um golpe após o outro, o som reverberava pela sala.
Annie puxou delicadamente minha manga, sussurrando: — Sua Alteza, hoje é sua cerimônia de maioridade. O salão está cheio de convidados, se isso continuar...
O salão de banquetes estava lotado de convidados, muitos dos quais já estavam pegando seus celulares, ansiosos para capturar o drama.
Annie tentou dar um passo à frente, mas coloquei a mão no braço dela.
— Qual é a pressa?
— Saya! — A voz de Ryan estava então baixa e perigosa, sua expressão escurecendo.
Em poucos segundos, as bochechas de Saya estavam vermelhas e inchadas. Lágrimas se acumularam em seus olhos, a tornando visivelmente frágil.
Ela olhou para Ryan, depois para mim, mordendo o lábio enquanto continuava sua punição autoinfligida.
Eu tomei um gole lento de meu vinho, completamente tranquila.
De repente, fiquei curiosa, até onde ela estaria disposta a levar aquela encenação?