Eclode a Guerra

O território croata de pacato vira um grande cenário de guerra. As tropas de László chegam a Zagreb. O Castelo Real é atacado, mas o Rei e toda a família real se escondem e conseguem ficar sãos e salvos.

Enquanto isso, em Budapeste, os Kádár seguem tranquilos no Castelo Real, apesar do vexame do casamento do príncipe. O príncipe Kádár volta pro Castelo com um ferimento no braço. Não contou detalhes sobre o ocorrido com Luki às margens do Lago Vermelho.

Rapidamente os mensageiros de Zagreb descem com dois terços da pequena tropa croata pra se reunirem em Zadar. O objetivo é proteger o território dálmata dos húngaros que estão chegando em maior número. Não demoram muito e chegam a Zadar, capital da Dalmácia. Logo, o rei convoca a todos os jovens com idade superior a dezoito anos pra se alistarem para a guerra; todos sem exceção.

Na aldeia de Luki chega o aviso. Era de madrugada quando foi acordado pelos mensageiros de Zadar. Ele e seus vizinhos jovens tiveram que se preparar pra guerra. Se preparar? Eles, jovens aldeões, camponeses, homens brutos, porém sem qualquer instrução de guerra. Única estratégia era: ver o inimigo e atacar.

Uma pena ver o “exército” croata se “preparando” pra batalha. Terão pela frente nada mais nada menos que os vitoriosos húngaros. Estes não sabem o que é perder uma batalha e estão dispostos a massacrar os croatas, especialmente os dálmatas.

Marki Luki se despede de sua mãe com um beijo na testa e um abraço. As lágrimas já correm por seus olhos, mas não há mais tempo pra nada. Resta encarar o inimigo. Marki Luki já provou que é bom na espada quando enfrentou Kádár às margens do Lago Vermelho. Agora teria que provar isso diante de um exército poderoso.

Ninguém poderia deter o arsenal e as estratégias de guerra dos húngaros. Eram poderosos. O chefe das tropas magiar, André II, príncipe húngaro prestes a assumir o trono, mandou todos irem pro norte da Dalmácia, pois a região pouco acima de Gora era pouco habitada. A região é desprovida de guarda real, que só existe no Castelo do Reino de Gora. A ordem era atacar e matar quem aparecesse pela frente.

Durante a guerra, o jovem László aguardava a vitória do seu clã em Esztergom, mas problemas de saúde encerraram a sua vida ainda moço. Era apenas um menino curioso por guerra, vivia junto com o exército real. A notícia de sua morte circulou por toda a Hungria e logo chegou a Budapeste – com isso, as tropas de Kádár e toda a família real ficam cientes da guerra. Agora entrariam na guerra? De que lado estariam? O casamento já fora desfeito e não havia porquê de um acordo de paz com os dálmatas. A ordem era atacar.

Agora era cada um por si. Se os Kádár vencessem a guerra poderiam definitivamente assumir o trono real da Hungria. Caso André II e suas tropas vencessem, o trono ficaria com eles. Era uma questão de vida e morte. A coroa da Hungria estava em jogo.

Descem também pra Croácia as tropas de Kádár, passam por Zagreb e atacam o Castelo Real. Todavia a guarda real resiste ao ataque e espanta os húngaros. Estes descem pra Zadar que está bem protegida com seu exército. Kádár comanda o combate e todos começam a batalha sangrenta na capital dálmata.

Nas tropas dálmatas em Zadar está Marki Luki. Ele queria muito estar ao lado da guarda real de Gora, está preocupado com a princesa, – não sabe que ela se encontra do outro lado da fronteira, na Bósnia – precisa de notícias dela e teme que algo de ruim lhe aconteça. Mas fora obrigado a subir pra capital.

Do outro lado, em Gora as tropas de André II atacam. Chegam às margens do Castelo e começam o ataque. A guarda real se defende e consegue ferir alguns homens do exército húngaro.

Com a morte de Ladislau, André II está para assumir o trono do Reino da Hungria caso suas tropas vençam. Precisa dessa vitória pra devolver a hegemonia à sua família e aos da Casa de Arpades. Pra eles, o sangue real era desse clã, apesar de existirem outros clãs na Hungria. Essa guerra interna de clãs perdurou por muitos anos, até 1290 com o começo da monarquia. Os arpades tiveram a descendência masculina extinta após a morte de André III, neto de André II.

A Casa de Arpardes surgiu no ano 1000. Nome devido ao grão-príncipe Arpades, líder da federação tribal húngara. Afinal, o Reino Húngaro surgiu com Estevão e com a Casa de Arpades, que ocupava três nações: Hungria, Eslováquia e Croácia. Destas, faltava dominar a Croácia. O Reino da Croácia era muito independente, cheio de condados e reinos menores. A Casa de Arpades não tinha influência nenhuma sobre eles, diferente do que acontecia nas outras duas nações.

Kádár descobre que era filho de mesmo pai de André. Este era o mais novo e Américo o mais velho, quem dominaria Budapeste e toda a Hungria, enquanto André e Zoltán disputavam a Dalmácia. Entretanto, eram todos de uma mesma linhagem real, oriunda da Casa de Arpades.

Três reis na guerra contra os dálmatas. Que vença o melhor! A guerra eclode e Gora já está dominada. Todavia o Rei Joachim encontra-se escondido no porão de segurança do Castelo enquanto as tropas reais fazem resistência no alto. Com muitos soldados feridos, o Castelo está quase sendo dominado pelos húngaros.

As tropas magiares de Zoltán chegam a Zadar devastando tudo. Dominam a cidade e fazem refém a família real. As mulheres são estupradas e os homens torturados. O rei e sua família sofrem nas mãos dos húngaros. Américo pouco interfere na guerra, apenas envia algumas tropas. Prefere aguardar o encerramento de tudo e defender seu território. Seu objetivo maior é dominar a Hungria. Não tem pretensões de conquistar a Dalmácia como os seus irmãos.

As tropas de Kádár se mostraram vitoriosas em Zadar, agora envia a família real refém para Budapeste, na Hungria. Boa parte do exército desce pra Gora. Agora é hora de a guerra esquentar, o grande encontro das tropas de André com as tropas de seu irmão Kádár.

Américo resolve apoiar seu irmão Kádár, – por ser seu parceiro no domínio da Hungria. – pois precisava defender seu trono. Envia suas tropas para Gora na grande batalha, prometendo como recompensa ao ganhador as terras da Dalmácia.

A Dalmácia estava sofrendo nas mãos dos húngaros. A região foi por toda a história marcada por muitas batalhas, a maioria delas com derrota dos dálmatas. Tiveram por muitas vezes seu território reduzido pelos Otomanos. Dois séculos mais tarde, a região virou uma “moeda” vendida aos venezianos.

Chegando a Gora, as tropas de Kádár – já somadas com as de Américo – encontram um poderoso exército húngaro. André não estava pra brincadeira e anunciou o combate. Eram irmãos – embora André desconhecesse essa verdade – brigando pelo domínio das terras da Dalmácia. A capital croata não fora dominada, lá estavam reunidas as tropas – ou o remanescente delas – croatas que vieram de Zadar, incluindo Luki Planinć.

Luki estava preocupado com Larissa. Não tinha mais notícias dela, nem sabia que ela estava bem cuidada na Bósnia. Chegaram outros “guerreiros” da Eslavônia pra dar número ao exército que na madrugada seguinte seguiria pra Gora. O objetivo era defender o “último reino”. Gora estava muito afastada, era uma região de planícies e de fácil domínio por seu fraco “exército”. O rei da Croácia desconhecia o que se passava por Gora, mas podia imaginar que as coisas não iam nada bem.

Era hora do exército croata se juntar e chamaram as tropas da Bósnia para ajuda-los. Não somente os da Bósnia, como também os albaneses de Kosovo e da Sérvia desceram pra Zagreb. Se antes era um exército fraco e de pequena quantidade de soldados, agora é um exército forte e numeroso.  – As tropas de André, nem as de Kádár esperavam por uma resistência tão forte.

Enquanto isso a disputa era acirrada em Gora. As flores do jardim, símbolos da paz e da guerra em Gora estavam floridas para a batalha. Muitos homens de Kádár foram feridos. O exército de André II estava mais forte. Passaram a noite lutando e quando o sol raiasse teriam a surpresa da chegada do numeroso exército croata.

Américo, em Budapeste, por parte dos mensageiros reais da Hungria fica sabendo da superioridade das tropas de André e resolve enviar mais soldados – agora estavam convocados todos os jovens, inclusive os camponeses. Eles seguiriam pelo norte, pra sair justamente em Gora, estrategicamente por trás das tropas de André.

A guerra cresce e o número de mortos também, de ambos os lados. Muitos de André caem à espada. As tropas de Kádár avançam mais pra perto do Castelo. Enquanto isso o Rei Joachim, sua esposa e alguns da guarda real se encontram escondidos no porão de segurança do Castelo. O mesmo lugar por onde Luki entrara pra encontrar-se com a princesa Larissa.

A princesa Larissa estava preocupada com Luki. Nesse tempo – ao estourar a guerra – já estava no Castelo Real da Bósnia, em Sarajevo. Estava segura juntamente com a família real bósnia. Tinha um quarto individual no Castelo Real e a princesa Louise como companhia. As duas tinham a mesma idade e eram primas de terceiro grau. Conversaram bastante sobre namorados. Louise ficou boquiaberta ao saber que Larissa gostava de um jovem camponês. O que não era permitido para quem tinha plava krv – o sangue azul real.

A companhia era boa, a comida do Castelo também. Larissa só não tinha o seu prato preferido todas as manhãs e tardes. – Orehnjača – Sentia falta do Castelo. Queria que tudo se solucionasse logo. Preocupava-se com seu pai e sua mãe. Como estaria o Castelo agora? E suas flores do jardim? E seu quarto estaria intacto? E suas bonecas? E Luki? Onde ele estaria e como estaria? Larissa temia o pior.

Américo envia mais tropas. Os homens chegam a Gora pelo norte – passando pelo Reino da Eslovênia – O objetivo é surpreender as tropas de André. Conseguem passar pelas planícies e para espanto dos soldados de André II aparecem pelo outro lado do combate. Agora as tropas de André estão cercadas e se dividem em duas. Uma que ataca os magiares ao norte e outra que segue atacando os homens de Kádár.

André II consegue vencer as tropas do norte. Agora Kádár perde todos os homens que o auxiliavam nessa guerra. Ainda faltava chegar a força da resistência croata. O dia ainda não amanhecera e o combate estava travado entre irmãos. Quem pegaria a coroa real húngara? Quem defenderia a sua hegemonia?

Se André II ostentava de um grande exército, Kádár dispunha de homens treinados pra batalha. Era uma grande guerra! A Hungria era famosa por seu forte exército que dificilmente perdia uma batalha. Em tempos remotos, na era das tribos húngaras, as derrotas aconteceram. Mas desde a instituição do Reino os magiares não sabiam o que era perder. Estavam dispostos a doar o sangue por essa vitória. Estavam confiantes na conquista da Dalmácia.

Por que não um acordo de paz entre os irmãos? Porque os clãs estavam divididos na Hungria. O objetivo era defender seu clã, defender sua dinastia. Os da Casa de Arpades – André II e suas tropas – defendiam que eram da dinastia real – Királyi dinasztia.

Luki e os outros soldados do exército avançavam rumo a Gora. Fariam uma grande faixa de combatentes para cercar o Castelo. Toda a estratégia do cerco estava esboçada pelos comandantes das tropas. Não demorariam pra chegar a Gora. Era hora de preparar as suas armas e agir.

Larissa nada sabia de Marki Luki. Os seus mensageiros não tinham notícias. Apenas que possivelmente ele teria se juntado ao grande exército em Zagreb. As tropas avançavam, estavam confiantes na vitória, mas sabiam que teriam pela frente uma grande batalha contra dois exércitos húngaros.

Kádár estava com suas tropas enfraquecidas, não estava avançando. Previa que algo ruim pudesse lhe acontecer. Tinha que manter o pensamento positivo, pois a derrota o tiraria do trono real e perderia a chance de dominar a Dalmácia. Américo nada poderia fazer para ajudar seu irmão. Tudo o que pode fazer já havia feito enviando suas tropas. Saíram derrotados e agora era só Kádár e seus homens, com um exército cada vez mais reduzido.

Gora estava manchada de sangue. Uma batalha sangrenta que parecia não ter fim já estava chegando ao seu segundo dia. O sol estava pra raiar e as tropas da resistência por chegar. Era hora de ver uma grande guerra acontecer. Se já estava feia a cena, agora pioraria mais com três exércitos lutando.

André II estava confiante na vitória. Estava pra dominar a Dalmácia e nada o impediria. Kádár já via seu fracasso por enfraquecer no combate. As tropas dos arpades estavam imbatíveis. Kádár e seu exército deveriam pensar numa boa estratégia pra vencer o inimigo. Não poderia falhar. Estava em jogo a coroa húngara!

Já estavam vendo a derrota quando boa parte do exército de André II caiu. Estavam bem no combate, mas uma tempestade os distraiu e um terço das tropas foi morto. Agora quem avançava pra uma disputa acirrada era Kádár e seus homens. André II mostrou-se preocupado e tentou outra estratégia. Iriam contra-atacar.

Chegando mais próximo do Castelo, as tropas de Kádár atearam fogo na entrada principal. O pequeno incêndio chamou a atenção de alguns da guarda real que ainda faziam resistência no alto do Castelo. Solucionado o problema, apagado o fogo, ficaram mais acalmados aguardando qualquer avanço inimigo, seja de qual tropa fosse pra se defenderem.

O dia já estava amanhecendo e as planícies dálmatas de Gora recebiam um novo exército. Eram os combatentes do grande exército da resistência. Estavam chegando para defender o Castelo de Gora e toda a Croácia. Ainda estavam um pouco longe, mas já podiam avistar as tropas de Kádár batalhando contra as de André II.

Larissa distraíra-se um pouco conversando com sua prima Louise. Falavam de moda, ambas amavam vestidos. Compartilharam alguns conhecimentos, modelitos, e Larissa pode experimentar alguns vestidos da prima. O chá da tarde era sempre animado. Davam gargalhadas juntas e Larissa contava sobre suas aventuras com Luki. Louise lhe havia perguntado como ela faria pra ficar com Luki. A pergunta lhe fez pesar os olhos, logo um sentimento de tristeza pairou no ar e no olhar de Larissa que se conteve pra não chorar na frente de sua prima. Falar sobre Luki era algo delicado pra Larissa, pois não sabia se ele estava vivo e mesmo se soubesse, não tinha certeza se no futuro os dois ficariam juntos.

Mudaram de assunto e voltaram a falar de moda. Larissa experimentou outro vestido de Louise. Dessa vez, um vestido azul brilhante que caiu muito bem na princesa de Gora. Estava linda com esse vestido. Louise disse que ela poderia ficar com ele. Não o usava muito, apenas o usou uma vez em uma reunião real em Sarajevo.

A Bósnia era mesmo linda e encantadora. As flores do jardim do Castelo agradaram Larissa que saiu para passear pelo jardim. Dentre elas, estão as flores de ameixeira e as flores róseas que enfeitam o jardim real.

Tamanha beleza no país irmão fez Larissa se lembrar de seu jardim no Castelo Real de Gora. Sentiu saudades de suas flores. Sentiu saudade de todos os dias estar cuidando de cada detalhe no jardim do Castelo.

A guerra eclode e fica cada vez mais acirrada. O dia nasce e um novo exército chega ao campo de batalha. Numeroso com suas tropas, o exército croata avança contra as tropas de Kádár. O objetivo é formar um grande anel combatente na planície, fazendo o cerco e retomando o Castelo. Os soldados se posicionam para o combate. Marki Luki está entre os últimos, os mais afastados do exército.

A guerra agora começa! Os exércitos se põem em disparada. Pra espanto de Kádár e seus homens aparecem os croatas. Não esperavam uma resistência surgir do nada, ainda mais um exército tão grande.

Muitos homens de Kádár caem diante dos combatentes croatas. Agora estavam cercados. Se defendiam dos dois lados – de um lado defendiam-se de André II, de outro lado dos croatas – e pouco atacavam, estavam recuados.

André II estava privilegiado por estar mais afastado. Antes das tropas defensivas chegarem nele, teriam que derrotar o exército de Kádár. Isso demoraria e estenderia um pouco mais a guerra. Já era o segundo dia e agora o combate estava mais interessante.

Kádár viu seu número de soldados cada vez mais recuado e reduzido, isso o preocupou bastante. Resolveu mudar a estratégia. Ficariam no contra-ataque. Quando o anel dos croatas avançasse, estariam prontos para feri-los.

Alguns homens croatas caíram no combate e o anel teve que ser recomposto por tropas que se encontravam mais atrás. Aos poucos, Luki e seus companheiros de guerra viam que estavam avançando. – Estão nos vencendo, precisamos atacar com mais força – Disse Luki.

O que precisavam agora era de paciência. O exército de Kádár já estava reduzido e cansado, pois estavam lutando há dois dias. Não tinham muita força pra superar um volume tão grande de tropas.

Os croatas eram mais fortes. Um exército pouco expressivo que agora – graças a ajuda de seus aliados – estava com muita força, podendo entrar pra guerra com chances claras de vitória.

Partiram para o combate e mais da metade do exército de Kádár caiu em apenas uma hora. Era hora de avançar rumo ao Castelo. Já estavam próximos. Em pouco tempo estariam chegando às tropas de André II. Seria difícil, mas não impossível, retomar o Castelo.

André II e suas tropas já estavam preparando uma estratégia para vencer os croatas. Esperariam o exército chegar, após derrotar Kádár e seus homens. Manteriam um pequeno exército à frente pra combater os primeiros croatas e boa parte da tropa invadiria o Castelo derrotando os da resistência. Depois disso era só esperar os croatas e derrota-los.

Alguns mensageiros de Kádár chegaram a Budapeste. Informaram ao Rei Américo que as tropas da Croácia haviam chegado a Gora e travado um grande combate. Imploraram ajuda do Rei, mas foram ignorados. Não havia mais nada a ser feito, Kádár teria que resistir ao combate e sair como vencedor; deveria defender a dinastia dos Kádár e a coroa de Budapeste.

Era hora de agir! Os combatentes da Croácia avançavam e já haviam derrubado mais homens de Kádár. Os magiares estavam bastante recuados. Os croatas precisavam agora exterminar o exército húngaro de Kádár pra depois derrotar as tropas magiares de André II.

Larissa aprovara o chá. Era tão bom quanto o da Croácia. Aprendera desde cedo apreciar o chá. Bebida tradicional que não pode faltar no Castelo Real. Nada ali diferenciava de seu Castelo em Rijeka. Algumas coisas apenas. Era tratada ali da mesma maneira como era tratada em Gora. Era uma princesa para os bósnios da mesma forma que Louise.

As tropas de André II foram surpreendidas por uma parte das tropas de Kádár que avançavam rumo ao Castelo. Os primeiros soldados do cerco que aguardavam os croatas foram atacados e mortos, os homens de Kádár avançavam.

Parece que a estratégia de André fora frustrada. Agora restava atacar com os seus homens em massa que estavam mais próximos da porta do Castelo. Teriam que lutar contra o tempo, precisavam vencer os outros magiares antes da chegada do grande exército croata. Senão não poderiam avançar pra dentro do Castelo Real.

Kádár e suas tropas despistaram os croatas e avançaram. André não os esperava aparecer. Chegaram e atacaram boa parte do exército. A guerra se concentra agora em frente ao Castelo. Muitos homens, de ambos os exércitos, caem no combate.

Agora a estratégia dos croatas era outra, chegar pelos fundos do Castelo. Se dividiriam em duas partes, cada uma iria por um lado. Concentraram-se aos fundos, uma parte formou um grande círculo na parte sul do Castelo e a tropa se dividiu em duas. Avançaram rumo ao combate.

Os mensageiros de Larissa vão para Gora. Resolvem ir para o combate a fim de ter notícias de Luki – que estava na parte sul do Castelo Real esperando o combate final. – Precisavam agora saber o seu paradeiro, mesmo que fosse arriscado se juntar aos homens de guerra.

A guerra apertava e Kádár e seus homens não davam trégua aos outros húngaros. Precisavam dominar a Dalmácia e doariam o seu krv nessa batalha. Muitos homens caíram, principalmente quando os croatas chegaram.

Muitos do exército croata atacaram os homens de Kádár por trás, e avançaram contra as tropas de André II. A grande batalha de Gora estava travada no jardim do Castelo Real.

Marki Luki aguardava ansioso o cerco e a retomada do Castelo. Pra ele, Larissa estava dentro do Castelo. Queria logo poder entrar lá e resgatá-la. Teria a difícil tarefa de vencer esses dois exércitos.

André II foi surpreendido por outros homens croatas que avançavam por outro lado. Atacaram suas tropas e a reduziram mais da metade. Em apenas meia hora de combate, André viu sua tropa sendo tremendamente reduzida. Precisava agir se quisesse sair vitorioso, apesar de estar enfrentando um exército de muitos homens.

Kádár agora estava com pouquíssimos homens. Seu exército estava grandemente reduzido e somente um milagre poderia por a vitória em suas mãos. Agora única coisa que poderia fazer era se defender e lutar para sair dali com vida. Ainda poderia tentar governar algum condado da Hungria. Teria que buscar um meio de fugir de volta pra Budapeste.

Larissa soube que seus mensageiros saíram para Gora em busca de notícias de Luki. Precisava saber do paradeiro de seu amor. Estava apaixonada por um camponês que agora era combatente do exército croata. Ainda tinha esperanças de encontra-lo vivo e de casar-se com ele.

O combate estava tenso, com grande resistência das tropas de André. Recuaram-se um pouco para o norte. Agora o cenário de guerra não era mais o jardim do Castelo, onde escondido se encontrava Luki e muitos homens do exército. Enquanto isso, Kádár e sua tropa invade o Castelo Real e mata todos os homens da defesa. Estão alojados no Castelo e observa do alto o combate dos croatas lá em baixo.

Ninguém os percebeu subir no Castelo, agora estão seguros, sem ninguém para detê-los e em uma posição mais favorável. Mesmo que em número reduzido levam vantagem. O rei Joachim, a rainha Irina e homens de defesa se encontram presos no porão do castelo, esperando o desfecho vitorioso de seus homens.

Nada sabem do que se passa nos arredores do Castelo. Não sabem que o Castelo Real foi tomado pelos húngaros de Kádár. Por sorte, eles desconhecem o porão de segurança. A família real está segura.

O combate avança para o norte e por um tempo o Castelo é esquecido. Os homens de Kádár podem descansar enquanto nenhum exército tenta chegar. Os croatas ao sul do Castelo nada fazem a não ser esperar por avançar.

Mais tarde os mensageiros de Larissa chegam a Gora. Precisam descobrir onde está Luki – se ele ainda está vivo – e lhe dizer onde se encontra a princesa Larissa e que com ela vai tudo bem.

Não demoram muito e avistam Luki. Está ali, bem no meio dos soldados ao sul do Castelo. – Luki, temos notícia de Larissa – informa um deles, puxando-o pra fora do grupo. – Ela se encontra segura no Castelo Real da Bósnia, em Sarajevo. O Rei e a Rainha se encontram no porão. Nós temos a chave do porão, aqui está. – Um dos mensageiros entrega a chave na mão de Luki e lhe pede pra que conduza as tropas por dentro da passagem secreta.

Luki informa ao seu exército, mesmo que surpreso com aquelas informações. Está seguro e mais aliviado por saber do paradeiro de Larissa, sua amada. Porém, está muito preocupado por saber que o rei e a rainha se encontram presos no porão. Todos concordam em seguir tal estratégia. Entram pela passagem secreta e se encontram com o Rei. Joachim fica surpreso com a chegada dos soldados, pois além dele, somente Larissa tinha a chave. Quer notícias da guerra. Os soldados não têm muito que informar, pois estão longe da zona de combate. Luki prefere não entrar, mas lutar pelo reino.

As tropas dos croatas voltam rumo ao Castelo, seguidos dos magiares de André II. Agora o combate volta para o jardim do Castelo, onde travam uma grande batalha. Não tem pra onde correr. É guerra por toda a parte.

Enquanto isso, os homens de Kádár aguardam no alto do Castelo. Já estão esboçando suas estratégias de defesa.

Para André, Kádár e seus homens já caíram à espada pelos homens croatas. Mas não sabem que eles invadiram o Castelo Real de Gora. Estão num grande combate travado contra o povo da resistência. Muitos de seus homens caem.

Uma parte do exército croata cerca a frente do Castelo para defender de uma possível invasão dos húngaros – não sabem que Kádár e o remanescente dos seus homens já se encontram lá dentro.

Um incêndio os surpreende. Quem está lá dentro? Um incêndio mata alguns dos croatas que se encontravam na porta. Em pouco tempo as chamas são vencidas e o exército se reúne pra entrar no Castelo. Agora a guerra vai pegar fogo!

Kádár envia uma parte de seus homens pra entrada. Conseguem ferir os croatas. Logo as tropas de André avançam e se misturam aos croatas na porta do Castelo. Estão os três exércitos ali juntos lutando em meio ao fogo de um novo incêndio.

Uma explosão mata parte dos homens combatentes. O som da explosão foi ouvido por Luki e seus homens ali no porão. O Rei Joachim teme uma invasão e pede pra que o exército vá pra dentro do Castelo.

Ambos do exército croata e do exército de André sobem para o interior do Castelo. Agora a luta é lá dentro. As tropas remanescentes dos croatas avançam pelo corredor. Há fumaça e chamas no interior. Alguns homens aparecem. Os soldados croatas ferem homens de Kádár, que agora está quase sozinho.

Uma grande confusão. Um amontoado de corpos pelo chão e muitos feridos. O exército croata progride e avança contra os poucos homens de Kádár, que resistem com novos incêndios. Novas explosões acontecem. Os homens de André também avançam.

Luki mata oito dos exércitos inimigos e quase é ferido. A espada de um soldado magiar passa poucos centímetros de seu rosto. Trava uma luta de espadas e por sorte, parte do teto, que se rompe com um incêndio, cai sobre a cabeça do inimigo. Luki avança rumo ao salão real, onde acontece o combate.

Há muita fumaça, não pode avançar mais. Ao seu lado estão outros três companheiros sobreviventes. Precisam encontrar os outros combatentes croatas. Muitos são mortos e André agora está com uma tropa maior – graças a um incêndio que matou quase todos os croatas.

Larissa aguarda ansiosa a chegada dos mensageiros, precisa saber se Luki está vivo e como ele está. Sua prima Louise torce junta com ela – apesar de não aprovar alguém com plava krv namorar um camponês – pela chegada de boas notícias.

Kádár é quase morto com uma barra de ferro que cai do teto. Por poucos centímetros não é esmagado. Luki está do outro lado do salão. O combate começa a esquentar mais com mais mortes e novas explosões. De todos que entraram no combate, nem cinco por cento sobreviveu até aqui.

Kádár se dispõe de alguns homens. Luki está sozinho sem nenhum croata à sua volta. Não sabe onde estão os demais. André avança e mata três croatas. Ainda é ferido na perna, mas é apoiado por dois de seus homens.

A guerra fica acirrada e não dá pra saber quem vai sair ganhando. Uma coisa é certa, a família real de Gora está salva. O Rei aguarda ansioso por notícias no porão. Ali ninguém, a não ser um croata poderá encontra-lo.

Os mensageiros avançam pra Sarajevo e chegam ao Castelo Real com boas notícias. Luki ficou com a chave do porão e pode entrar no Castelo com suas tropas. Estão todos bem. Larissa pode ficar mais aliviada com a notícia, mesmo assim precisava saber do encerramento da guerra. Queria que tudo ficasse bem. Precisava reencontrar com Luki.

Era hora de por fim a essa batalha. Alguém sairia dali vitorioso. André avançou, mas quase todos seus homens foram mortos. Haviam alguns croatas vindos por trás e atacaram sua tropa. Luki se encontrava sozinho do outro lado do salão real. Kádár ficou sozinho sem ninguém para apoia-lo, todos dos seus morreram.

O incêndio aumentou e tomou o quarto de Larissa. Tudo foi destruído pelas chamas, seus vestidos, suas bonecas, tudo virou cinzas. A princesa nem imaginava que não encontraria mais o seu quarto como deixara.

Lutas de espada e mais mortes entre croatas e homens de André. Praticamente só restou André ali. Já não tinha mais o que fazer, sem nenhuma estratégia a ser tomada. Apenas conservar em vida pra que a vitória parasse em suas mãos. Mas sem exército e agora ferido no ombro esquerdo André prefere fugir. Melhor seria voltar pra Hungria com vida do que ficar ali em Gora e morrer. Poderia esperar o fim dessa guerra pra tentar conquistar a Dalmácia. Conseguiu sair da entrada do castelo e encontrou um cavalo. Montou e saiu rumo às terras do norte.

Já era noite. André parou para descansar em uma campina já na fronteira com a Eslovênia. Queria distância da morte e o quanto mais longe ficasse de Gora era melhor. Descansaria ali e voltaria pra Hungria na manhã seguinte.

Já não havia mais tropa ali no salão. A fumaça baixava e revelava apenas dois rostos já conhecidos entre si. Era, de um lado, Luki Planinć e, de outro, Kádár. Os dois se viram. Agora estariam sem auxílio nenhum, sem ninguém para impedir nada. Poderiam repetir a luta que tiveram às margens do Lago Vermelho. Desta vez, apenas um sairia com vida.

Luki deu dois passos à frente, Kádár não se mexeu. Com olhar sério e sempre fixo em Luki manteve a calma de no momento oportuno golpeá-lo à espada.

Luki estava confiante em sua força e habilidade. Apesar de ser um camponês e jamais ter sido instruído no uso de espadas, provara que nessa guerra fora um bom combatente. Matou quase vinte magiares e Kádár poderia ser o próximo.

Bastasse um descuido e poderia ser fatal. Não podiam desviar o olhar. Estavam agora diante da última batalha, do combate final. Gora já era um amontoado de corpos, um campo sangrento. Não havia mais verde no jardim real, as flores murcharam e deram lugar ao vermelho do krv dos soldados.

Agora bastava o último combate. De quem seria o Reino de Gora? Dos dálmatas ou dos húngaros? Luki precisava defender seu reino, enquanto Kádár precisava conquistar a Dalmácia.

Luki deu mais dois passos à frente. Olhar sério e pulso firme segurando a espada. Olhar fixo no rosto de Kádár, que se encontrava imóvel esperando o croata.

Chegou a hora da decisão. Quem poderá vencer? Quem será o mais forte?

Luki estava diante de um inimigo conhecido. O príncipe húngaro que tentou roubar o seu amor – a princesa Larissa.

Kádár alimentava um grande ódio por Luki. Desde o fracasso em seu casamento e por ter fugido com sua noiva. Ele o detestava e queria faze-lo em pedacinhos.

Agora estavam face a face. Só um sairia com vida. O reencontro dos dois será diferente do encontro no lago. Não teremos dois sobreviventes. Só um poderá sair vitorioso sobre a morte. Que vença o melhor!

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