POV: AIRYS
— O que são esses círculos no chão? — perguntei, franzindo o cenho ao observar as irmãs caminhando em volta das gravuras desenhadas com precisão. Elas murmuravam palavras antigas em uma língua completamente estranha, posicionando duas cadeiras no centro — uma de costas para a outra.
Me aproximei, o corpo em alerta, sentindo uma energia diferente no ar. O tipo de energia que arrepiava a pele, que parecia vibrar sob os pés.
— Alfa... esse idioma...
— Sim. — Daimon respondeu sem desviar os olhos do centro do círculo, mantendo o braço ao redor do meu quadril, firme, como se quisesse me manter ancorada ali. — É dos ancestrais das bruxas. Até mesmo eu sou incapaz de compreender por completo.
Ele inclinou a cabeça levemente, os olhos cintilando em atenç&atild
POV: AIRYSEngoli em seco, encarando a conexão entre nós, sentindo o calor do braço de Daimon irradiar mesmo com o contato restrito.— Achei que a marca dele já mantinha o elo. — comentei, olhando sobre o ombro para o Alfa, buscando sua reação.— Não fizemos o ritual de companheiros. — Ele disse, a voz baixa, densa, quase animalesca. Seus olhos estavam em tom terroso escurecido, as presas ligeiramente expostas ao falar. — E você ainda não me marcou, humana.A tensão entre nós ficou mais densa, mais íntima. Senti o calor subir pelas minhas bochechas.— Mas... — continuou, sem desviar os olhos dos meus, havia um cintilar ousado ali. — não tenho qualquer objeção em ficar enlaçado a você.Seu tom era carregado de p
POV: AIRYSUm choro frágil.Infantil.Meu corpo travou no mesmo instante. Os olhos se arregalaram. Senti um arrepio violento subir pelas costas.— É... — tentei falar, mas minha garganta secou.Daimon apertou minha mão.Respirei fundo. Um. Dois. Três segundos. E então levei a mão à maçaneta, girando-a devagar até ouvir o clique.A porta rangeu quando empurrei.Entrei.A cena diante de mim fez meus joelhos quase cederem.Minha mãe estava ali. Jovem. Com o rosto marcado pelo desespero e os olhos vermelhos de tanto chorar. Ela me carregava no colo, envolta em um pano simples, me balançando com cuidado enquanto se escondia entre árvores densas e retorcidas. A respiração dela era ofegante
POV: AIRYSDaimon me puxou com mais força, seus músculos tensionados, o maxilar travado, os olhos ardendo em fúria.Ele me empurrou com brutalidade para frente e girou o corpo no mesmo instante, erguendo os braços para agarrar a fera que saltava contra nós. O impacto foi violento. O lobo cravou os dentes com força no antebraço de Daimon, e um grunhido grave escapou de sua garganta, não de dor, mas de fúria selvagem.O som da carne sendo rasgada me fez estremecer.Ele rosnou com brutalidade, girando o corpo com violência e chutando o lobo para longe. A criatura foi arremessada contra a parede com um estalo seco, e Daimon não parou nem para respirar. Pulou para fora da porta, batendo com força, selando-a atrás de nós.O impacto ecoou como um trovão.Pancadas começar
POV: AIRYSEle rosnou baixo. O som vibrou em seu peito e ecoou nos meus ouvidos como um trovão contido.— Parece que sua mãe fazia de tudo para ocultar a sua essência. — A voz dele saiu grave, carregada de tensão. — Mas por que tanto esforço? O que ela estava tentando esconder?— Responda, Malin! — A voz de Falconi cortou o ar, ríspida e animalesca.Ele cravou o dedo com força em um dos cortes já abertos nas costas da minha mãe. Ela arfou alto, seu corpo se contorceu como se estivesse sendo eletrocutada. Meus olhos se arregalaram. Estremeci, pressionando os punhos ao lado do corpo. O sangue dela escorria mais rápido agora, tingindo o chão sujo sob seus joelhos.— Como, presa aqui, conseguiu aquilo? Quem te deu? — ele rugiu. — Quem é o traidor?! Por que nossa filha
POV: AIRYSEla cuspiu com força no rosto dele, o olhar ardendo de ódio.— Você é um monstro, Falconi. — a voz dela falhou, mas o desprezo era claro. — Que tipo de pai doentio machuca a própria filha? Que tipo de desgraçado tortura ao invés de proteger?Ele riu. Um som distorcido. Frio. Insano.— Do tipo que não se importa em matar a própria filha se isso significar alcançar a ascensão do poder divino! — declarou com um brilho fanático nos olhos.A boca da minha mãe se abriu, mas não conseguiu responder. Ela apenas... parou. Segurou o ar como se tivesse levado um golpe no peito. Os ombros tremiam.Eu não conseguia respirar. A frase ainda ecoava dentro de mim: matar a própria filha... poder divino...— A ascen
POV: AIRYS— Vou dar um jeito de te encontrar. Sempre dou. — disse com uma tranquilidade absurda, apontando para o meu pulso. — Estamos amarrados, lembra? Um pertence ao outro.Engoli seco. Meu coração bateu descompassado.E então... ele puxou a porta.Fechou.Na minha cara.O som do impacto ecoou alto.— Daimon! — bati na porta, os punhos tremendo. — DAIMON!Do outro lado, tudo virou caos. Eu ouvia. O som das garras, os rosnados, o estalar de ossos, pancadas, rugidos abafados.Mas ele não podia matar ninguém.Não ali.Não no passado.E isso tornava tudo ainda mais perigoso.Ele estava lutando... limitado.Por mim.&n
POV: AIRYSFui leiloada.Como Luna de alta classe, a companheira do Alfa da minha alcateia, eu deveria ser respeitada, protegida, reverenciada. Mas não.Fui traída. Abandonada. Vendida como mercadoria barata.E o mais humilhante? A pessoa que me entregou foi o homem que jurei amar e servir por toda a vida.Minha cabeça latejava, um zumbido insistente martelava meus ouvidos. Gemi, tentando abrir os olhos, apenas para ser recebida por uma luz ofuscante que queimava minhas retinas. Algo áspero roçava contra minha pele, cortando meus pulsos já feridos. Minhas articulações gritavam em protesto.Respirar era um desafio. A coleira fria em meu pescoço apertava cada tentativa de puxar ar, até mesmo engolir saliva era difícil. Cada movimento era uma punição, minhas costelas doíam, prova da surra brutal que havia recebido antes de ser jogada aqui.Tudo por uma farsa. Uma armação cruel.E a responsável?A mulher que mais confiei na vida.Minha própria irmã.A mesma que peguei na cama do meu marid
POV: AIRYS— Meu pulso! — O homem baixo e repugnante resmungou, ainda preso no aperto do gigante à minha frente. Um estralo seco ecoou pelo salão, seguido por um grito de dor cortante.— Aí! Por favor... Aí...O cheiro de suor e medo emanava dele.— Se-senhor, por favor... — O leiloeiro balbuciou, a voz trêmula. — A mercadoria já foi vendida. O martelo já foi batido.O homem imponente que segurava o nojento torceu seu pulso mais uma vez, forçando outro gemido de agonia antes de soltá-lo bruscamente.— Dois milhões de dólares. — Sua voz saiu baixa, profunda, cortante e afiada. — E seus membros intactos.A ameaça era clara. Ou aceitavam, ou morreriam ali mesmo.— O quê?! — A voz estridente de Eloy explodiu em um grito irritante, me fazendo cerrar os dentes. — Airys não vale tudo isso! Por que pagar tanto por ela?!— A mercadoria leiloada é minha Luna renegada! — Malik interveio, tentando manter a compostura, mas falhando miseravelmente. O leve tremor em suas pernas não passou despercebi