O Plano

"Não existe nada mais poderoso no mundo do que a ideia que chega na hora certa." De Victor Hugo.

Antonela

— Não, não e não! — Pela milésima vez, Lucas negou meu fantástico plano.

— Como não? Lucas! Tu imaginas o maior escândalo que isso vai causar para a grande família Horton!?

Quando decidi vingar a morte da minha mãe, cheguei a conclusão que farei tudo que fôr preciso para acabar com a paz dessa família estúpida e daquele senhor que o sangue dele escorre por minhas veias.

— Mas é de loucos!

— Sim, é! E isso é que torna mais interessante... mais cruel! E olha que isso é o mínimo, pode ser pior!

O meu grande plano é o seguinte. Eu pretendo dar uma grande festa para celebrar o meu noivado falso com Lucas, então, eu vou mandar convites para as famílias mais importantes da cidade, incluindo os Horton e aí bem na festa eu solto a grande bomba! E qual é a bomba? Falar para todos que estiverem lá que eu sou a filha do grande e respeitoso senhor Horton. Parece um plano de loucos e um pouco precipitado,mas claro que esse acontecimento maravilhoso não vai ser hoje e muito menos amanhã. Primeiro precisamos enquadrar-nos na vida de grandes e poderosos ricos. E como? Participando em grandes festas e não será difícil porque a mãe do Lucas, ou melhor, a família do Lucas faz parte duma dessas famílias importantes de Londres, então não será difícil enquadrar-se. Sei muito bem que essa gente odeia escândalos e claro que não é só! Antes de revelar para todos minha paternidade, vou criar meios para destruir a união da família e depois exigir meus direitos como filha legítima!

— E qual é o primeiro passo? — Lucas pergunta rendido.

— Contar para sua família sobre o nosso noivado, mas só depois da entrevista de trabalho na empresa — Depois de amanhã é a minha entrevista de trabalho como oficial assistente do Harry Horton, o filho adotivo do senhor Horton, meu pai.

— Isso não vai resultar. E vamos supor que esse plano resulte, e depois? — Lucas cruza os braços fixando seus olhos no meu.

— Vai resultar porque depois vem a melhor parte que será exigir meus direitos e conquistar a total confiança do senhor Horton.

— Aié? E até onde você quer chegar?

— No topo, sinta-se lisonjeado — eu me aproximo de Lucas em passos curtos — porque bem na sua frente está a futura herdeira de toda fortuna do senhor Horton... na verdade, quero afastar todos daquela empresa e por fim mandar toda família para Rua! — Eu dou uma gargalhada, esse plano fez-me sentir-se bem.

— E você pretende fazer o quê para afastar todos? Matá-los?!

— Não perdes por esperar! Brevemente saberás tudo que tenho em mente...

Lucas dá mais um passo e eu recuo para aumentar a distância e evitar cair em tentação — Tudo bem, e depois?

— E depois eu vou rir deles e ficar muito feliz. — Sorrio de leve e me afasto dele.

— Você é mesmo muito louca, sabia?

— É. Eu sei que sou. — Dou de ombros. — ainda queres comer?

— E se o plano não resultar? Vamos pensar nas possibilidades do senhor Horton não gostar de você, odiar você depois de tudo isso... Como você vai pensar reconquistar a sua confiança?

— Se o plano A não resultar, lembra-se que o alfabeto ainda tem mais 25 letras... — Por fim digo sem exitar.

(...)

Já é dia seguinte e eu pensei, por quê não sair para comprar roupas? Eu acho que minhas roupas não são apropriadas para usar no trabalho. Estou a precisar de roupas mais ousadas e chiques, tipo saias e vestidos justos e preciso de roupas da moda, sim! Tipo cores mais claras, mas sem muito exagero.

Sempre fui o tipo de mulher que preferiu usar roupas pagãs e simples demais. Minha maior atração eram roupas que me deixavam com um aspecto sem graça para não atrair homens com interesse amoroso e amigos.

Levanto-me da cama e vou até o banheiro fazer minha higiene. Enquanto me olhava no espelho eu pensava em como tudo vai mudar de agora em diante... Eu não serei mais uma menina inocente, mas vai valer a pena tudo isso. Ainda me dói pensar no dia em que tudo aconteceu... o dia que eu...

Toc, toc, toc. deve ser Lucas! Será que esse homem não dorme? Meu Deus! São só 7AM. Saio do banheiro com a toalha amarrada ao corpo e abro a porta.

— Meu Deus! Que humor de cão! — Lucas brinca e eu reviro o olho.

— Lucas, o que você quer? — Ignoro seu comentário e tento não perder a paciência.

— É que a nossa querida vizinha está aqui — Ele sorri — E trouxe a filha.

— Manda todas embora ou diga que não estou Lucas! Ah! Era só que me faltava! Com tantos problemas ter que aturar essa senhora. — Eu estava preste a fechar a porta quando Lucas me puxa pelo braço colando nossos corpos. Naquele momento eu só pedi a Deus que não permitisse a queda da toalha.

— Eu descobri que elas são pessoas importantes, a família Fielding é dona de uma das fábrica de perfumes mais famosas de Londres, então seja boa e pega leve.

— Você tem certeza? — falo num tom baixo,quase o tom de um sussurro.

— Sim — ele responde no mesmo tom e eu sorrio antes dele me soltar e eu voltar ao banheiro para me preparar.

Eu escolhi um vestido justo preto ombro a ombro de mangas compridas que valoriza minhas curvas, acompanhei com uma bolsa branca e um salto alto azul escuro e para finalizar passei chapinha no meu cabelo para ficar mais liso e sem esquecer do perfume doce.

Antes de sair do quarto olhei-me no espelho e espero não ter exagerado. O plano é fingir estar muito atrasada e sair correndo daí, por isso prefreri escolher uma roupa mais arrumada.

Eu desço as escadas devagarinho e de cabeça erguida mantendo a postura de uma verdadeira dama, mas os saltos faziam aquele barulho irritante e assim roubando a atenção de todos. Quando eu termino de descer as escadas a Sra.Fielding levanta-se esbajando seu sorriso perfeito, seus dentes brancos como neve e sorrio de volta.

— Aqui está ela! A noiva, venha! Eu vou apresentar a minha filha a você.

Porém, sua filha continuava sentada no cadeirão terminando de beber o chá. Mesmo vendo ela de costas notava-se que ela é uma mulher chique.

— Estou tão empolgada — tento fingir estar empolgada. Sinceramente, não sou e nunca fui

— Oi, sou Anna Fielding Cartwright. Sua casa é muito linda e moderna. — Ela me dá dois beijinhos na bochecha.

Ela é realmente uma mulher linda e chique de pernas grossas e cintura fina. Sua postura é chique e de princesa. Seus olhos azuis são chamativos e brilham como o mar.

— Oi Anna, Obrigada. Foi meu esposo quem comprou a casa e decorou — Sento-me com elas no cadeirão.

— Então essa ainda é a vossa casa de solteiro? —Senhora Fielding pergunta. — Porque normalmente as mulheres são quem decoram a casa...

— É que meu esposo já tinha essa casa, então não achei necessário redecorar. — quando termino de falar a senhora Fielding fica de boquiaberta e lança um olhar cúmplice a sua filha.

Lucas estava na cozinha fazendo sei lá o quê, provavelmente está ouvindo nossa conversam e a fugir da conversa!

— Então você vai aceitar viver numa casa de solteiros e pior que — ela baixa o tom de voz — ele trouxe outras mulheres cá.

De repente sua filha engasga-se com o chá. Sem ofensa, mas com a mãe que tem não vou me surpreender se ela desmaiar aqui mesmo de vergonha.

— Desculpe Antonella. — Anna bebe um pouco de água — Minha mãe está dizendo que daqui há mais anos vocês terão filhos e um apartamento não é apropriado para criar filhos.

— Ah sei... Nós não pensamos em ter filhos tão cedo. — Esclareço — somos o típico casal moderno e só estamos afim de curtir.

— Eu também! Mas minha mãe não aceita. — ela sorri e olha para sra.Fielding.

— Precisamos de herdeiros filha! Se você fôr esperta não terá problemas no futuro.

OK, para mim basta!

— Infelizmente eu preciso sair... — me levanto e elas também. Eu acompanho elas até a porta.

— Sexta feira terá um jantar em casa, depois eu mando um convite. — Anna me dá dois beijinhos da bochecha antes de saírem.

Depois de fechar a porta eu suspiro de cansaço, não é fácil suportar a sra.Fielding.

— Muito bem sra.Thompson, gostei de ver. — Lucas sai da cozinha sorrindo.

— Eu estava quase surtando Lucas. — Eu apoio meu corpo na porta e fecho os olhos. Fico pensando que só falta mais um dia e algumas horas para a entrevista de trabalho. Espero que eu convença sr.Harry para depois pôr em prática o plano.

Quando abro os olhos, Lucas estava bem na minha frente com as duas mãos apoiadas na porta. Sinto meu coração a bater num ritmo acelerado e por um instante minha respiração falha.

— Lucas... — sussurro.

— Shhh, apenas sinta o momento Antonella... eu não te vou tocar — ele sussurra no meu ouvido — só se você pedir.

Realmente eu não sabia o que queria, ao contrário do meu corpo, que sabe muito bem o que quer sentir agora.

— É melhor eu... — Sério Antonella? Diga alguma coisa! — eu preciso sair para comprar os meus novos grifes... Você quer ir também?

Eu sei! Sou uma estúpida! Mas o que sinto por Lucas é apenas um grande carinho e não quero estragar nossa amizade! Nunca estive aberta a relacionamentos amorosos, sempre preferi evitar para depois não sofrer como minha mãe sofreu.

— Desculpe, mas eu preciso sair para comprar o anel da minha linda esposa, moça — fala deixando o clima menos pesado e sorrio. Me estico para beijar sua bochecha.

— OK, moço. Sua esposa é muito sortuda...

— É verdade, ela sabe que é — Lucas sorri me dando visão do seu sorriso perfeito e suas covinhas que morro de amores só de ver.

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