(Ponto de Vista de Alessio)Luca saiu para cumprir minhas ordens.Eu me servi de um copo de uísque, mas a mão que segurava o copo não parava de tremer. Antes que eu pudesse beber, a porta se abriu novamente. Minha mãe entrou, vestindo um blazer preto, com suas joias a brilhar.— Você está vendo agora? — Ela disse, com a voz cortante. — Nem mesmo a criança era sua. Aquela vadia nos enganou a todos. Eu amava aquela criança, Alessio. Mas ela não era do sangue Greco. Como ela se atreve a fazer de nós uns idiotas!Eu deveria ter notado o brilho estranho em seus olhos, o lampejo de satisfação maquiavélica, mas eu estava muito consumido pela raiva.— Mãe. — Eu grunhi. — Eu tenho que lidar com os arranjos que o Vovô deixou. O advogado virá ler o testamento hoje.Ela assentiu. — A família estará lá, junto com nossos aliados e investidores mais importantes. Isso é sobre o futuro do império Greco.Horas depois, sentei-me na ponta da mesa na sala de conferências da família. A sala estava lo

Eu estava acostumada com o cheiro de antisséptico, mas meu coração estava martelando contra minhas costelas.Quando a última tira de gaze caiu, eu finalmente me vi no espelho apoiado na cama.Um rosto me encarou, mas não era o meu.A linha da mandíbula era mais afiada, as maçãs do rosto mais altas, os cantos dos olhos ligeiramente inclinados para cima. Uma cicatriz, fina como um relâmpago prateado, descia pelo lado esquerdo do rosto, da têmpora ao canto da boca. Meus olhos ainda eram azuis, mas o rosto... era o de uma completa estranha.Meu antigo rosto, o rosto gentil que Alessio havia segurado em suas mãos, havia sumido.— Esta não sou eu. — Minha voz tremeu.Angelo estava encostado na parede, de braços cruzados, observando-me como se eu fosse uma bomba prestes a detonar. Então ele sorriu, tentando aliviar o clima. — A cicatriz é foda, querida. Significa que você sobreviveu. Metade do mundo está debaixo da terra, e você ainda está respirando. Isso é muito legal.— Mas eu nem s

(Ponto de Vista de Blair)Acordei com um sobressalto, encharcada de suor frio, minhas roupas ensopadas.Miranda estava sentada ao lado da minha cama, a mão acariciando suavemente minha testa. — Blair... acorde. Foi um pesadelo.Angelo andava de um lado para o outro, ansioso. — Você estava gritando. Continuava chamando o nome da sua filha. Deus, foi horrível.Stephen permaneceu no canto, em silêncio, a fumaça enrolando-se ao seu redor.— Eu vi. Eu vi tudo no sonho.— Foi Sophia. Ela matou minha filha, só para ter Alessio só para ela!Ignorando a dor no meu corpo, sentei-me ereta. — Eu vou matá-la. Eu vou matá-la com minhas próprias mãos.— Me transforme em uma arma. — Eu disse, minha voz tornando-se gelada. — Eles tiraram minha filha. Eles tiraram minha vida. Agora, eu vou tirar tudo deles.Stephen levantou-se lentamente e tirou uma arma do seu casaco. O metal preto reluziu na luz. Ele a entregou para mim.O peso da arma me surpreendeu, mas eu a segurei com força.— Atire. —

(Ponto de Vista de Blair)No momento em que puxei o gatilho, uma corrente elétrica percorreu meu corpo. Mas minha mão estava firme, sem um único tremor.Sorri com satisfação enquanto recuava calmamente do meu ninho de sniper. Se eu quisesse que Sophia desaparecesse para sempre, teria colocado uma bala na cabeça dela. Mas a hora dela ainda não havia chegado. A morte era muito fácil.Eu só queria que ela vivesse em agonia, que sentisse tudo o que eu senti.Ver Sophia agarrar a barriga, sangrando em seu próprio casamento, parecia o equilíbrio finalmente restaurado.— Olho por olho. — Eu murmurei. — Agora você sabe como é.Flashes de câmeras estouraram, convidados gritaram, o mundo desceu ao caos. E eu? Senti uma satisfação que nunca havia conhecido.Minha identidade, meu rosto, tudo ao meu redor havia mudado. A pessoa que eu era agora havia renascido das cinzas, completamente nova.Entrei em um carro com placas trocadas, todo rastro limpo. Bati a porta e desapareci na noite.O es

Na tarde seguinte, houve o Leilão Internacional de Arte de Milão. Eu tinha vindo originalmente para comprar um esboço de Da Vinci, mas quando a vi, nada mais importava.E ela não estava sozinha.Ela estava no braço de um homem. O homem usava uma máscara prateada.Era Stephen Falcone. O bastardo frio que todos temiam. E ele a tinha.Ela estava vestindo um elegante blazer branco, o cabelo preso em um coque sofisticado. Um rosto completamente diferente, mas eu sabia que era ela.— Senhoras e senhores, nosso próximo lote é...Eu não conseguia ouvir uma palavra do que o leiloeiro estava dizendo. Eu apenas a encarei.Ela sentiu meu olhar e virou a cabeça para me encarar. Nossos olhos se encontraram, e um sorriso frio tocou seus lábios.Eu me levantei e caminhei em direção a ela. — Blair.— Meu nome é Blair. — Ela admitiu. — Mas eu não o conheço.Antes que eu pudesse dizer mais uma palavra, o sino do leilão tocou. Stephen levantou sua paleta, lançando milhões como se fossem doces.