— Liz, aquela pirralha era tão importante assim para você?!Javier disse, após sentir uma culpa a qual nunca sentiu antes na vida. Ele nunca se colocou em uma situação que sentiu que prejudicou alguém, ou pelo menos, nunca se importou com alguém o suficiente para perceber que fez algo cruel.— Importante? É claro que ela é importante, ela é mais do que um parente, ela é… eu não sei explicar o que sinto quando vejo aqueles olhinhos. — Talvez seja porque eu também fui órfã. Também me senti abandonada quando tinha uma idade próxima a da Aurora. Eu prometi que iria levar ela comigo e agora, eu não posso mais! Como eu vou aparecer no orfanato com outro marido amanhã e dizer que tudo se resolveu? — Não é assim. Eles não vão me esperar resolver meus problemas pessoais para adotar a Aurora. — Eu perdi, eu sei reconhecer minha derrota. Mas não posso deixar de sentir que esta é a pior derrota da minha vida. Acho que nunca sofri tanto!— De longe, a dor de ser trocada no altar, não é nada per

Elizabeth e Javier voltaram para a pequena casa no subúrbio. Liz estava especialmente animada, ela estava nas nuvens e seu humor melancólico não existia mais.Javier também se sentiu estranhamente aliviado, quando colocou as malas de Liz no quarto, ele ficou por um tempo olhando para aquele objeto, imaginando como seria se o mal-entendido não tivesse sido resolvido. Liz teria ido embora e ele voltaria a sua rotina habitual, de dia participando de reuniões corporativas, a noite sendo convidado para jantares e festas onde era o tempo todo bajulado, uma vida diferente da vida que ele estava tendo agora. Ele tinha que confessar que Liz estava o divertindo. O divertindo mais do que ele imaginou.— Você não vai sair para o seu trabalho? — Liz pergunta, com os braços cruzados. Na verdade, ela queria trocar de roupas e Javier estava bem ao lado da mala dela e inconscientemente ela se lembrou do olhar dele para ela na noite passada.— Não, vou faltar ao trabalho. Já deixei avisado.— Se voc

Após todo o mal-entendido se resolver, finalmente Liz e Javier voltaram a entrar na casa. Liz se sentou no sofá e Javier olhou para ela, pensando que ela parecia tão triste e desolada. Ele não conseguiu ignorar que se sentia incomodado ao vê-la assim.“Então esse é o seu truque, Elizabeth? Você faz esse biquinho e pensa que eu vou me importar?” – ele pensa, mas quando Liz cruza os braços e respira fundo em frustração…— O que te aborrece? Já foi tudo resolvido e não se preocupe, os vizinhos irão esquecer rapidamente o que aconteceu.— Não é isso, Javier! Ela olha para o alto, tentando engolir a dor de sua frustração.— Deixa para lá! Confesso que fiquei triste agora.— Triste? Você está triste? — Javier não sabia lidar com que estava sentindo agora. Ele só sabia que tinha algo errado, ela não podia ficar triste.— Sim, estou triste… não se preocupe, é coisa minha e vai passar logo. — Liz disse e levantou, mas quando ia sair, foi impedida por Javier, se colocando em sua frente — Ja

Liz quando chegou ao trabalho, em seu primeiro dia, foi recebida com uma surpresa, o próprio diretor comercial estava lá.Daniel, um homem em torno de seus 30 anos, tinha os cabelos aloirados, era alto e tinha um sorriso simpático. Ele foi pessoalmente encontrar Elizabeth, assim que viu o currículo dela para a contratação. Mesmos dez anos depois, Liz ainda tinha o reconhecimento pelo trabalho que fez no passado.Todos os funcionários ficaram em um grupo, cochichando, enquanto viam Liz conversar com o diretor. Eles pensaram que essa situação foi bem estranha, pois nunca tinham visto o próprio diretor vir receber um funcionário novo.— Vamos ao escritório, senhorita Liz, vamos conversar. — Daniel disse, com empolgação e, ao mesmo tempo educação.Assim que Liz se sentou, Daniel foi logo dizendo:— Preciso confessar que sou um fã. Quando eu estava na faculdade, um dos CEOs que usávamos de exemplo, era você. Eu não sei os seus motivos para se candidatar a uma vaga de gerência, eu tenho cer

— Foi um acidente, não fique animado. Tem alguém lá fora e tenho certeza que foi essa pessoa que desligou a eletricidade da casa. —envergonhada, Liz disse, enquanto estava sendo carregada.Javier a levou com cuidado, até próximo ao guarda-roupa e de lá, pegou algumas roupas para ela.Liz ficou impressionada, pois ela não estava enxergando nada, já ele, agia como se tivesse tudo normal.— Como você consegue enxergar alguma coisa nessa escuridão?— Ah, bem… é um super poder que eu tenho. Desde a infância sempre enxerguei bem no escuro. Minha mãe dizia que era o superpoder da traquinagem, porque apagar as luzes não me impedia de continuar brincando de madrugada. — Mas também não me impedia de levar umas palmadas para ir dormir.Liz sorriu silenciosamente, pensando que era a primeira história de infância que Javier lhe contava. Mas de repente, se cobriu, pensando que ele estava vendo ela nua.— Vire-se para lá! — ela pediu, tentando se cobrir.— E como você vai se vestir, Elizabeth? Eu