Os dias seguintes continuaram assim. Seu marido a buscava para almoçar e jantar no salão improvisado do andar de cima todos os dias, sempre muito educado e prestativo, o que estava irritando Amira. Por que ele estava agindo assim? Perguntou-se pela milésima vez naquela semana. Na parte da tarde, ele a levava ao seu aposento preferido e passava alguns momentos com ela, e tinham conversas amistosas. Então ali estava ela, mais uma vez, no último dia de repouso imposto pelo médico, diante dele na mesa de jantar, enquanto o escutava falar sobre a mudança no clima. Ele deve ter percebido o seu desinteresse. — Acompanha-me até o jardim? — Convidou-a. A ideia a agradou intimamente. Desde o acidente não saia de casa. — Milorde, realmente não precisa se preocupar comigo. Ele se levantou da cadeira e se aproximou dela. O cheiro dele entrou em suas narinas enquanto ele a levantava no colo e saia do salão. Fazia mais de uma semana que ele a carregava e mesmo assim Amira ainda não tinha se acos

Tristan desceu as escadas de dois em dois degraus, mas sua vontade era voltar naquele quarto e fazer exatamente o que disse que queria: deitar sua esposa naquela cama e fazer com que daquela boca atrevida saíssem apenas gemidos. Fora um idiota ao fazer o comentário sobre os criados e, como Amira pensara, ele não ligava para isso. Sabia da repercussão de sua volta à cidade logo após o casamento e sem sua esposa, o comentário havia chegado à sociedade londrina e isso foi um dos motivos para que viúvas e mulheres casadas o procurassem. Ele não podia voltar atrás. O que tinha feito depois do seu casamento fora uma estupidez, mas só tinha poder sobre o seu futuro. E, se dependesse dele, faria de tudo para ter um casamento normal com sua esposa. O problema era que, todas as vezes em que estavam juntos, ele se comportava de maneira estúpida. A presença dela tinha um efeito sobre ele. Depois de observá-la ali, ao lado das rosas, tentando se comparar com as outras mulheres, sentiu que havia c

Depois de passar o resto da noite bebendo em seus aposentos, imaginando todos os meios de tortura para aplicar no desgraçado que ousasse se aproximar de sua esposa com segundas intenções, Tristan acordou muito tarde pela manhã, perto da hora do almoço. Teve que esperar uma eternidade até que chegasse um horário em que não seria inconveniente visitas. Mandou preparar a carruagem para ir a casa de sua tia. As ruas de Londres fervilhavam, estavam no meio da temporada e muitas das famílias que ficavam no campo a maior parte do ano se dirigiam à capital agora. Ao chegar na luxuosa mansão de Lady Bea, desceu da carruagem e subiu as escadas. Antes que pudesse bater na porta, o sempre prestativo Arthur a abriu. — Milorde. — Cumprimentou o mordomo. — Boa tarde, Arthur. Eu gostaria de falar com Lady Brisden. — Tristan disse ao entrar na mansão. — As Ladies não estão, Milorde. Tristan centrou sua atenção no mordomo à espera de mais alguma informação, mas ele continuou calado. Por Deus, era s

Duas horas mais tarde, Amira percebeu que seu marido falava realmente sério sobre cortejá-la. Depois de retornarem ao salão, ele ficou o tempo todo ao seu lado, fazendo questão de tocá-la sempre que podia. Uma possessiva mão descansava em sua cintura enquanto conversavam com as pessoas, que estavam mais do que curiosas pelo Marques e a Marquesa de Brisden estarem juntos pela primeira vez em um evento social. Ele saiu do seu lado apenas para ir ao salão de jogos, quando Lorde Davies o convidou. Nesse momento, uma sorridente Lady Bea se aproximou de Amira com a ávida curiosidade de todos os presentes. E, agora, depois de despachar Tony de sua escolta, Tristan as acompanhava até a casa da tia em sua carruagem. No caminho, permaneceram calados, mas Amira sentia o olhar do marido sobre ela algumas vezes. O silêncio era quebrado apenas pelas conversas de Lady Bea. Ao chegarem na mansão, Tristan fez questão de acompanhá-las até o hall de entrada e Lady Bea ofereceu logo uma desculpa para se

Tristan estava no Whites, para onde foi depois de interrogar Arthur, no final da tarde, sobre qual seria o destino das damas naquela noite, mas descobriu que elas não iam a baile nenhum. Desejou ter sido anunciado na casa da sua tia e se autoconvidado para jantar. Ainda não sabia se Amira o havia perdoado pelo encontro indesejado com Lady Simón, que surgira do nada para atrapalhar sua manhã. Até então, tudo corria bem, ambos estavam se divertindo. Ela estava encantadora. Como ele não percebeu isso antes? Sabia que ela havia usado o vestido azul escarlate de propósito, ainda tentava manter certa distancia dele e provavelmente deve ter pensado que se continuasse se vestindo da maneira que um dia ele, como um asno, criticou, Tristan desistiria dela. Entretanto ela entrou na sala e o deixou sem fôlego. Ela era como uma noite de lua cheia, bela e hipnótica, e durante toda a manhã, enquanto ela ria de alguma coisa que ele falava, Tristan só conseguia pensar no quanto queria beijar aqueles