VITÓRIA:Faz meia hora que estou tentando me concentrar nesses relatórios, mas é impossível quando Ricardo está ao meu lado e seu perfume invade todo o espaço. Desde quando ele usa essa fragrância que me deixa tonta? Sacudo a cabeça, tentando me focar. De repente, meu computador trava. Ótimo, exatamente o que eu precisava. Depois de várias tentativas frustradas de reiniciá-lo, desisto. — Ricardo! — o chamo, me odiando por precisar da ajuda dele —. Você pode vir um momento? Não sei o que está acontecendo com o meu computador. — Problemas técnicos? — pergunta, e eu juraria que há diversão em sua voz. — O computador não responde, conserte isso — murmuro, cedendo minha cadeira. Ele se inclina sobre a minha mesa, tão perto que posso sentir o calor que emana de seu corpo. Sua proximidade me deixa nervosa, e eu recuo um passo involuntariamente. — Vitória, se você se afastar tanto, não poderei te explicar como arrumar da próxima vez — diz sem olhar para mim, enquanto seus dedos vo

VICTORIA:Ainda bem que Ricardo me ajudou com Javier na loja; ele estava determinado a me fazer comprar o vestido dourado, embora o vermelho não seja meu favorito, não posso negar que o que ele escolheu me fica muito bem. Posso ouvir Ricardo no quarto ao lado, para onde ele se mudou em minha casa para parecer que estamos casados. Embora quase não nos vejamos aqui. Ele é um viciado em trabalho. Me olho no espelho. O vestido vermelho se ajusta perfeitamente à minha figura, com um decote elegante. Meu cabelo cai em suaves ondas sobre os meus ombros. Suspiro. Vamos ver como nos saímos hoje nesse jantar. Não queria anunciar tão cedo meu casamento com Ricardo; isso só vai confirmar os rumores de que estávamos juntos antes de eu me divorciar. —Você está pronta? —ouço Ricardo do lado de fora. Ao abrir a porta do meu quarto, vejo-o apoiado na moldura da porta, impecável em seu terno preto. Por que ele tem que parecer tão bem? —Quase —respondo, tentando manter minha voz neutra enquanto

VICTORIA:Eu não sabia o que pensar, sentia que não saía de uma armadilha só para entrar em outra. As fotos que passavam nas telas refletiam uma amizade desde nossa infância, férias conjuntas, visitas ao orfanato com meus pais, minha amizade irreal com Ricardo na universidade, onde eu nunca o havia conhecido. Era, de fato, incrível aquele montagens que ele havia preparado. Eu o olhei com admiração. O murmúrio cresce entre os convidados, ameaçando romper aquela calma incômoda que nos rodeia. Meu tio, imune a qualquer desconcerto, se levanta de seu lugar, segurando uma taça na mão, e vira para olhar todos com um sorriso ensaiado. —Queridos amigos —começa seu discurso, enquanto a atenção na sala se concentra nele—, decidimos compartilhar um acontecimento especial com cada um de vocês esta noite. O sussurro entre os presentes se agita, e as imagens na tela mudam. Agora, aparecem fotos do que parece uma cerimônia romântica ao ar livre. Um montagem perfeito de flores, luzes, risos.

VICTORIA:Sentia que este jantar era um total fracasso, com Ricardo ao meu lado mantendo uma expressão indecifrável, com as mandíbulas muito apertadas, como se o fato de ter afirmado que ele estava comigo pelo meu dinheiro o tivesse ofendido. Voltei a pegar uma taça de champanhe e, antes que ele pudesse me impedir, bebi de um golada.  —Você vai continuar colocando em risco nosso filho? —ele me disparou furioso em meu ouvido enquanto me tirava a taça—. Até estarmos certos, você não deve ser tão irresponsável. Vamos nos sentar para falar de negócios.  —Que filho? Eu não estou grávida —respondi no mesmo tom, enquanto sorria para todos que me parabenizavam hipocritamente.  Minha mão instintivamente se posou sobre meu ventre. A simples possibilidade de estar esperando um filho de Ricardo me provocava sentimentos contr

VICTORIA:O grande salão do Grand Hotel brilhava ao meu redor, as luzes dos candelabros de cristal quase me ofuscavam enquanto eu tentava manter o sorriso. Os garçons deslizavam entre as mesas com bandejas de champanhe, e eu sentia a mão de Ricardo sobre meu ombro, firme, protetora, enquanto os convidados se aproximavam para nos felicitar.  Isabel, sentada em frente a mim, não parava de me olhar com aquele sorriso venenoso que tanto detesto, tentando disfarçar os ciúmes que sente por mim. Eu consigo ver isso porque sou mulher; os homens são uns tolos que caem sob o fictício encanto dela.  —Que casal maravilhoso vocês fazem, Victoria —comentou com um tom meloso que me revirou o estômago—. Ninguém diria que faz apenas três meses...  —O tempo adequado passou, Isabel —a interrompeu Javier, ajustando os óculos—. Tudo est&aacut