O relógio da cobertura ainda marcava o início da manhã quando Sean surgiu na sala de estar, ajustando os punhos da camisa branca com um ar de seriedade que raramente deixava transparecer em casa. Lily, sentada no sofá com o notebook aberto, levantou os olhos e sentiu o estômago pesar. A mala estava encostada na porta, silenciosa, mas a lembrança de que ele ficaria fora parecia gritar no ambiente."Então é oficial?" ela perguntou, fechando o computador e cruzando os braços. "Você realmente vai me deixar sozinha em Londres?"Sean arqueou a sobrancelha, tentando disfarçar o sorriso ao ver a expressão dela, que misturava ciúme, saudade antecipada e leve ironia. Aproximou-se devagar, os passos firmes ecoando no piso de madeira."Lily…" Ele se inclinou sobre o sofá, apoiando as mãos no encosto, o rosto próximo ao dela. "Eu não quero ir. Se dependesse de mim, ficaria aqui com você, todos os dias. Mas o Diego precisa de mim na Espanha, temos negócios que não podem esperar. São contratos antig

Sofia estacionou o carro diante do hotel onde Sean estava hospedado. O edifício, um ícone moderno com fachada de vidro e detalhes em metal dourado, parecia pulsar sob o calor da manhã, mas Sofia não notava nada além de sua missão. Cada detalhe havia sido pensado: a roupa escolhida, a maquiagem sutil, mas impecável, o perfume que sabia que cativaria. Ela sabia que poderia derrubá-lo com um simples olhar, e sua mente já planejava o efeito que causaria.Com passos calculados, Sofia entrou no saguão. A recepção era ampla, cheia de turistas distraídos e funcionários ocupados, mas ela caminhava como se o espaço tivesse sido construído apenas para ela. O cabelo loiro caía em ondas, e o vestido justo de tom creme acentuava a silhueta sem ser vulgar. Um sorriso tranquilo, quase inocente, mas carregado de intenções, iluminava seu rosto. Ela sabia o poder que tinha, e hoje pretendia usá-lo sem hesitação.Enquanto subia pelo elevador, seu telefone vibrou. Era Bianca, a parceira fiel que coordenav

A manhã começava preguiçoso em Londres, o sol se escondia entre as nuvens pesadas e a chuva fina caía sobre a cidade. Julie apertava o volante e dividia a tensão com a amiga no banco do passageiro. O carro estava parado diante de uma clínica de obstetrícia e as duas respiravam fundo sobre tudo o que poderia significar aquele exame."Vai dar tudo certo" a loira repetia pela terceira vez, como se não quisesse apenas acalmar a morena, mas também a si mesmo. Virou e a olhou de modo acolhedor. "Você tem certeza que não quer que eu entre?"Lily suspirou e assentiu. "Sim, vai ser rápido.""Ok, eu vou te esperar aqui. Qualquer coisa, me liga e eu entro, tá? Você não está sozinha".Era por isso que elas eram melhores amigas, Julie era incrível e sabia lhe dar o espaço necessário. A doutoranda saltou do carro e entrou na clínica, estudando o peito de uma coragem falsa.Em alguns dias, Sean voltaria da Espanha e Lily não poderia conter aquela notícia, não poderia esconder isso para sempre, era c

A manhã em Londres parecia suspensa no tempo. O setor financeiro, normalmente barulhento com telefonemas e teclar de computadores, estava quase silencioso. O único som constante vinha do lápis de Lily tamborilando contra o papel, como se cada batida fosse uma forma de aliviar a ansiedade que corria em suas veias.Na tela, os gráficos da reunião de mais tarde estavam quase prontos. Cores organizadas, linhas precisas, cálculos exatos. Nada faltava. Ainda assim, ela relia cada número como se dependesse daquilo sua sobrevivência.Mas sua mente não estava ali."Faltam poucos dias para Sean voltar de Valência… e eu vou contar. Vou olhar nos olhos dele e dizer: você vai ser pai."A simples ideia fazia o coração acelerar. Era felicidade, mas também medo. Não por Sean — ela conhecia bem a forma como ele a amava — e sim pelo peso que aquela notícia traria. Mudaria tudo.Ela estava indo bem no doutorado, seu orientador estava animado com a pesquisa e as entregas parciais. No entanto, Lily já ima

A cobertura em Mayfair estava silenciosa quando Lily girou a chave na porta. Londres vivia mais uma tarde fria, o vento batendo contra as janelas altas, espalhando nuvens cinzentas sobre a cidade. Lá dentro, porém, ela queria criar um espaço de calor, de aconchego, um refúgio só deles.Carregava duas sacolas discretas. De dentro, retirou os balões dourados e prateados que havia comprado numa loja próxima à Oxford Street. Encheu-os com calma, amarrando cada um com fitas brancas, espalhando-os pelo chão e prendendo alguns ao redor da mesa de centro. No meio, colocou o pequeno par de sapatinhos de bebê que escolhera dias antes com Julie. Ao lado, deixou um cartão delicado, escrito à mão:“Para o papai.”As mãos tremiam enquanto ela ajeitava tudo. Não era nervosismo por Sean, porque desde o momento em que ele a abraçara no hospital, o medo de rejeição tinha desaparecido. Era emoção — o coração pulsando tão rápido que parecia que ia explodir.Olhou em volta, respirou fundo. Imaginou Sean e