O céu de Londres estava em um daqueles tons cinzentos característicos, mas nem mesmo as nuvens pesadas conseguiam apagar o brilho que Lily sentia por dentro. Era sua primeira manhã livre na cidade desde que chegara, e Julie a tinha convocado para um “dia de garotas”, como na época do intercâmbio.Julie passou cedo para buscar Lily, animada com a promessa de uma jornada entre amigas. Era raro terem tempo só para elas, e Lily se surpreendeu com o quanto estava ansiosa.— Lily! Finalmente, um dia só nosso. Já estava precisando me livrar um pouco das caixas da mudança.— E eu estava precisando de você para me distrair das minhas próprias confusões. — Lily a abraçou forte, sentindo o conforto daquela amizade.— Primeiro destino: salão — Julie anunciou com um sorriso conspiratório. — Já marquei cabelo, unhas, massagem… hoje você não vai pensar em nada além de relaxar.Lily riu, encostando-se no banco. — Você é uma tirana do bem.As duas foram a um salão badalado em Notting Hill. Enquanto ca

O hotel em que entraram parecia saído de um cartão-postal: mármore claro no saguão, lustres de cristal refletindo as luzes suaves, e um silêncio elegante que fazia cada passo ecoar de forma calculada. Sean manteve a mão firme na cintura de Lily, como se quisesse deixar claro que ela estava sob seu cuidado.Obviamente, era mais um hotel do Grupo Thronike e não precisaram falar com a recepção quando Sean carregava a chave no bolso.No elevador, o ar entre eles mudou. O silêncio não era desconfortável, mas carregado. A respiração de Lily acelerava a cada segundo, e ela percebia o modo como Sean a observava sem disfarçar, os olhos escuros descendo pelo contorno de sua boca, depois pelo decote do vestido.Quando as portas se abriram, Sean tomou a mão dela e a conduziu pelo corredor acarpetado até a suíte presidencial. Assim que a porta se fechou atrás deles, Lily se virou, rindo nervosa."Eu ainda não acredito que você me trouxe a Paris só para jantar."Sean se aproximou, a mão deslizando

Sean aprendeu com sua mãe a tomar cuidado com as pessoas que se aproximavam, e depois com seu pai, entendeu que o mundo dos negócios era um tanque cheio de tubarões. Ele repetia mentalmente desde o encontro nos corredores do Grupo Thronike. A segurança calculada de Sofia, o sorriso quase desafiador, e o fato de ela não ter mencionado nada sobre Lily tê-la expulsado do casamento — tudo aquilo parecia esconder mais do que revelava.Por isso, naquela noite na cobertura em Londres, observando Lily e Julie conversarem animadas, não conseguiu segurar a curiosidade.Franz preparava o jantar deles na cozinha. Os primos dividiam uma garrafa de vinho com uma conversa leve."Como estão as coisas com a família de Julie? Agora que casaram e vocês se mudaram" perguntou como se não fosse nada demais.O chef franziu o cenho e agitou os legumes que saltava na frigideira, cheirava muito bem. O William o olhou e suspirou."Sinceramente? Se mudar foi o melhor para Julie. Apesar de ela estar distante da

Era sábado de manhã quando Sam estacionou o carro em uma rua lateral de Cambridge. O campus estava tomado por jovens carregando sacolas de panfletos, discutindo cursos, rindo alto. Banners coloridos anunciavam a Feira Universitária Internacional, e a energia no ar era tão vibrante que parecia impossível não ser contagiado.Lily ajeitou os óculos de sol antes de descer do carro. Jeans, tênis, uma camisa leve e o cabelo solto. Sam a acompanhava no mesmo estilo casual: camiseta preta simples, jaqueta de couro e calça jeans. Quase irreconhecível para quem estava acostumado ao terno impecável que ele usava para reuniões."Não acredito que você me trouxe até Cambridge" ela disse, rindo, quando se misturaram à multidão. "Sabe que Oxford não gosta nada disso, não é?"Sam sorriu de lado, como se aquilo fosse uma afronta calculada."Justamente por isso" respondeu e piscou. "Mas hoje não sou ex-aluno de Oxford. Hoje sou só o cara que vai acompanhar a namorada em uma feira de universidade. Embora

A manhã amanheceu cinzenta, o céu encoberto por nuvens pesadas que prometiam chuva a qualquer instante. Sean despertou cedo, mas não conseguiu se levantar de imediato. Ficou deitado, encarando o teto, sentindo aquele aperto no peito que às vezes chegava sem aviso. Lily estava ao seu lado, ainda sonolenta, e virou-se para ele com o rosto suave, os cabelos caindo em mechas sobre o travesseiro."Você está pensativo demais para essa hora" ela murmurou, com a voz baixa e arrastada.Sean soltou um suspiro, passando a mão pelo rosto. "Talvez eu esteja… ou talvez só não queira admitir que certas coisas ainda me pegam de jeito."Lily se ergueu um pouco, apoiando o corpo de lado para encará-lo. Havia ternura em seus olhos, mas também firmeza — uma firmeza que ele aprendera a respeitar, porque vinha de alguém que sabia quando era hora de ouvir e quando era hora de cutucar a ferida."É por causa das manchetes de ontem?" ela arriscou.Ele deu um meio sorriso, cansado. "Essas malditas manchetes… se