POV AmaraAbri a porta e dei de cara com Leo. Ele estava encostado na parede do corredor, rígido como um soldado em guarda, mas seus olhos... havia algo ali. Um brilho nervoso, quase culpado.Killian parou atrás de mim. A presença dele era sufocante, mesmo em silêncio.— O que você está fazendo aqui? — A voz dele cortou o ar, seca, impaciente, já com aquele tom que transformava qualquer pergunta em acusação.Leo engoliu em seco. Evitou encarar o irmão e olhou para mim, como se pedisse apoio. — Eu… ela pediu que eu viesse.— Pedi mesmo. — respondi antes que Killian pudesse avançar mais. Mantive a postura firme, embora meu coração batesse rápido. — Eu queria você aqui, Leo.Killian me fitou com as sobrancelhas arqueadas, e aquele olhar escuro pesou sobre mim como um julgamento. Ele não disse nada, mas o silêncio dele gritava.E foi nesse vácuo de tensão que Sabrina surgiu, como sempre fazendo o que ninguém ousava.— Finalmente! — exclamou, pegando Leo pelo braço. — Já que veio, não vai

POV AmaraOs lábios dele ainda pairavam tão perto dos meus que bastava um sopro para que nos encontrássemos de novo. O coração batia descompassado, e eu sentia que, se Killian me beijasse mais uma vez, eu simplesmente não teria forças para fugir.Mas então meus olhos, quase sem querer, se desviaram para o celular dele. A tela ainda iluminada mostrava o nome que eu não queria ver: Beatriz.O choque foi como um balde de água fria. O ar que queimava em meus pulmões virou gelo.Eu me afastei rápido, quase tropeçando nos próprios pés. Killian tentou se aproximar novamente, mas ergui a mão, interrompendo.— Não. — minha voz saiu trêmula, mas firme. — Não faça isso.Ele franziu o cenho, confuso.— Amara…— Você… você vai casar em poucos dias. — cuspi as palavras como se me queimassem a boca. — E eu… eu acabei de beijar um homem comprometido.E ele era meu ex-marido, meu inimigo, o homem que eu devia odiar...O peso dessa frase caiu sobre mim com força. O gosto dele ainda estava nos meus lábi

POV AmaraO som dos saltos ecoou pelo corredor estreito do meu prédio, cada batida como uma provocação anunciada. Não precisei abrir a porta para saber quem era. O perfume doce demais, enjoativo, já denunciava a presença dela. Beatriz.A batida seca na porta veio certeira, e antes mesmo que eu pudesse pensar em não abrir, Sabrina, de braços cruzados, já bufava:— Tenho certeza que é ela. — Sussurrou para mim, os olhos semicerrados como de uma gata prestes a atacar. — Vai, abre. Quero ver o show.Com um suspiro pesado, girei a maçaneta. E lá estava Beatriz: impecável, maquiagem no lugar, vestido caro colado ao corpo e um sorriso que transbordava falsidade.— Amara! — Ela ergueu os braços, fingindo surpresa, como se essa visita fosse uma gentileza inesperada. — Espero que não seja um mau momento.Minha garganta secou. — O que você quer, Beatriz?Ela entrou sem ser convidada, o perfume forte inundando o espaço simples do meu apartamento. Seus saltos estalaram pelo piso até o meio da sala

POV AmaraKillian saiu primeiro.Nem precisou falar nada; a forma como me olhou dizia tudo. Ciúme. Posse. Raiva contida. Era como se ele tivesse arrancado um pedaço de mim só com aquele olhar.Dominic saiu logo depois. Levou consigo aquele ar calmo e seguro, que ao mesmo tempo me irritava e me confundia. Antes de fechar a porta, lançou uma última frase que ficou martelando em mim:— Nem sempre estar sozinha significa ser livre.A porta se fechou atrás dele e o silêncio voltou. Mas não era um silêncio leve, era denso, sufocante. Eu fiquei ali, parada, olhando para a porta, como se ainda pudesse sentir a presença dele e, ao mesmo tempo, o olhar que Killian tinha deixado queimando minha pele.Deitei no sofá, tentando respirar. Sabrina, que tinha voltado a pouco tempo, se jogou na poltrona ao lado, como se não tivesse acabado de presenciar uma cena que podia muito bem ter virado um escândalo de novela.— Você vai surtar se ficar pensando demais. — Ela ergueu o celular e mexeu nos próprios

POV AmaraO reflexo no espelho não era o meu. Ou talvez fosse, mas um retrato distorcido de alguém que eu já não reconhecia.O vestido azul-acinzentado que Sabrina ajudou a escolher não me abraçava, não me deixava elegante. Apertava meus ossos como se fosse uma armadura forçada, uma fantasia que eu precisava vestir para sobreviver ao espetáculo daquele dia.Passei a ponta dos dedos pela bainha rendada do decote. Não havia alegria. Não havia vaidade.A maquiagem, cuidadosamente aplicada, parecia mais uma máscara para esconder os hematomas que não se veem: os que ficam cravados na memória, no coração.O colar brilhou sob a luz amarelada do quarto. Um diamante solitário, pequeno, mas intenso, pendurado como uma lembrança envenenada.Killian havia me dado aquele presente no dia em que oficializou o noivado, antes da vingança. O mesmo que a polícia levou e ele me presenteou novamente como sua secretária.Eu lembrava do peso do olhar dele, da maneira como sua voz se ergueu firme ao dizer qu