POV KillianEstava sentado no restaurante como um palhaço.Peguei o celular. Liguei. Nada. Mandei mensagem. Nenhuma resposta.A irritação crescia como um incêndio. Amara tinha ousado me desafiar, me humilhar publicamente, no dia em que eu mais precisava da sua presença.Leo apareceu à porta do salão, nervoso, como sempre que trazia más notícias.— Senhor, eu a encontrei, mas ela não vai vir...— Onde ela está? — rosnei.Ele engoliu em seco.— No bar, senhor.Por um segundo, não acreditei. O sangue subiu à minha cabeça. Empurrei a cadeira para trás e saí, sem dar explicações, sem olhar para ninguém.O motor do carro rugiu quando girei a chave, como se partilhasse da minha fúria.O trajeto até aquele lugar imundo pareceu eterno. Quanto mais eu pensava, mais meu controle escorria pelos dedos. Como ela ousava? Depois de tudo… depois de eu ter decidido levá-la comigo, ela preferiu beber com cafajestes a jantar comigo. Amara, você conseguiu tocar no meu limite. Quando estacionei diante do

POV Killian— Explique. A-go-ra. — minha voz soou como aço, baixa e sem paciência.Leo engoliu seco, o suor já brotando na testa, — Senhor, não tenho nada a ver com a criança dela… eu juro… Eu sou virgem! A simples ideia já me enchia de raiva. Minha mão coçou para fechar-se em punho, mas permaneci parado, observando cada gesto dele. Eu podia farejar mentiras, e o pavor em seu rosto tinha o gosto amargo da verdade.— Por que você está bravo? Ela é só sua secretária, você não tem nada a ver com quem ela decide ter filho! — Aquela mulher irritante, Sabrina, ainda cruzava os braços ao lado, debochando.Antes que pudesse pressioná-lo ainda mais, vi Amara se remexendo na cama, os olhos fixos em mim, como se quisesse impedir que algo irreversível acontecesse.— Killian, pare. — a voz dela estava tensa, mas firme. — Foi um mal-entendido. Sabrina… se confundiu.Meus olhos se estreitaram.— Mal-entendido? — repeti, testando as palavras.Amara respirou fundo, como se cada sílaba fosse pesar uma

POV Amara— É assim que você me vê? Como uma amante secreta, grávida, sendo bancada por você?O silêncio que se seguiu foi sufocante. Pela primeira vez, vi Killian hesitar. Seus dedos pararam no celular. Seu olhar, sempre firme e frio, vacilou. — Amante secreta? Vi pelo canto do olho, Leo se remexer envergonhado.— Se alguém souber disso, vai arruinar sua reputação, não a minha. — acrescentei, com um sorriso amargo. — Você tem uma noiva.Por um instante, parecia que eu tinha vencido. Mas logo recuei, respirando fundo.— Não tenho tanto trabalho assim. Se preparar café é o que falta, eu posso fazer isso.Ele me analisou em silêncio, os olhos estreitos, como se tentasse decifrar cada pedaço do meu ser. Por fim, com um gesto mínimo de cabeça, cedeu. Vi ele fazer um sinal para Leo se retirar da sala, o que fez apressadamente e fechou a porta quando saiu. Quando já ia me levantar, ele falou baixo, quase num sussurro áspero:— Mostre os braços.Travei.Killian se levantou, contornando

POV Amara— Você deixou Amara engravidar!? Você me traiu, Killian! — Beatriz veio para mim com toda a fúria, parecendo querer me dar tapa. — Amara, você tem a ousadia de dormir com o meu noivo!As palavras de Beatriz me fizeram lembrar da cena em que Killian me traiu no tribunal, e, sem saber por quê, senti uma ponta de compaixão por ela. Era absurdo, eu sabia, mas não deixava de ter sentido, exatamente como a acusação de Beatriz.Sem querer, ela havia dito a verdade.Sim, foi Killian quem me engravidou, e sim, Killian era de fato o pai da criança, e sem dúvida ele deveria ter me protegido.Cruzei os braços, com o coração cheio de ironia, apenas esperando para ver como Killian iria lidar com aquele espetáculo ridículo.Killian se levantou imediatamente da poltrona, e veio rápido até mim, segurando o pulso de Beatriz com o olhar firme, frio como aço. — Cuidado com o que diz, Beatriz.Ela bufou, ignorando a ameaça contida na voz dele. — Não se faça de santo. Ela está grávida e trabalha

POV Amara— Afinal, você é tão próxima de nós dois, ninguém seria mais adequada que você! — Beatriz inclinou a cabeça, fingindo generosidade.Miranda quase deixou o garfo cair, arregalando os olhos.O tom amigável dela parecia como se fôssemos melhores amigas há cinquenta anos. Se eu não soubesse que ela estava falando de mim, quase teria acreditado.Eu respirei fundo, controlando o impulso de rir da ousadia.— Beatriz, eu… agradeço, mas peço desculpas, não posso aceitar. — mantive a voz firme, ainda que suave. — Estou grávida, e não seria apropriado assumir esse tipo de compromisso.Beatriz arqueou a sobrancelha, como quem não aceita um “não” de primeira.— Ora, isso não é problema. Você não precisa se cansar. Pode apenas sentar, sorrir para as fotos… nada que vá te sobrecarregar. — insistiu, como se fosse um favor que me fazia.Mordi o lábio, buscando as palavras certas. Não queria me rebaixar ao jogo dela, mas também não ia me deixar ser colocada como adorno no espetáculo. Eu não q