Chloe estava em choque. Sua mão trêmula repousou sobre o seu ventre agora vazio, e flashes do que havia acontecido com Josephine inundaram sua mente como uma onda avassaladora. O chá, o bebê… mas como ela sabia que Chloe estava grávida?— Estou dizendo isso porque não foi um aborto natural – o médico continuou dizendo – ele foi provocado por alguma coisa que você tomou.Chloe continuou calada, com os olhos fixos no nada, indo e voltando. Seus olhos se enchiam de lágrimas.— Responda ao que o médico perguntou – a mão de Ruan tocou a sua quando ela a puxou para trás, fazendo a testa dele enrugar – Que remédio você tomou para abortar essa criança?— Eu… – as palavras morriam em sua garganta enquanto um choro fazia suas narinas arderem – tomei um chá na casa da minha madrasta.Ruan cerrou a mandíbula e se afastou dela. Chloe olhou para ele com o semblante abatido e preocupado. Por que ele estava agindo assim? Ruan havia sido o primeiro a dizer que não queria ter um filho com ela.— Eu sin

Ruan ficou o caminho inteiro se sentindo culpado por deixar Chloe sozinha no hospital. Durante aqueles dois meses de casados, aquela era a primeira vez que ele realmente se preocupava com ela e desejava estar ao seu lado.Ele nunca presenciara Chloe tão destruída. Ela sempre parecia forte. Havia acabado de perder um filho que não sabia que tinha e aquilo terminou de destruí-la completamente.Talvez ele não tivesse noção do quanto ela vinha sofrendo desde o dia em que se casara com ele. Por muito tempo fingiu não se preocupar com a própria dor e ignorou também que, ao seu lado, Chloe sofria. Ruan achava justo castigar a si e a ela pelos erros que haviam cometido.Queria poder se lembrar com detalhes da noite em que tudo aconteceu, talvez para enxergar Chloe de outra maneira que não fosse como uma mulher mesquinha e traidora.Ele saía do campus quando um grupo de rapazes caminhou em sua direção. Entre eles, havia um rosto bem conhecido: Leônidas. Ele estava abraçado com uma jovem loira

— Como o Leônidas teve coragem de vir até aqui?Chloe ouviu a pergunta de Grace assim que se aproximou do quarto. Ruan contou para ela sobre Leônidas. Para um homem que se mostrou calado demais nos últimos meses, ele estava falando até mais do que deveria.Chloe empurrou a porta e o silêncio a revisitou. Ao passar os olhos ao redor, percebeu que suas coisas estavam arrumadas. Voltou seus olhos para Ruan, mas ele desviou a cabeça, afastando qualquer chance de Chloe entender suas intenções.— Eu achei que iria ficar mais alguns dias no hospital.— O médico já liberou você, não há motivos para ficar.Chloe não estava nem um pouco animada para voltar para casa. Era sempre solitário passar a maior parte do tempo dentro daquele apartamento pequeno sem ninguém. Quando Ruan chegava, se trancava no quarto e só saía no outro dia para ir trabalhar. Foi assim durante dois meses e Chloe duvidava que as coisas mudariam.— Pelo menos eu não vou precisar ver o Leônidas nunca mais – ela deixou os pens

O silêncio da manhã invadiu os ouvidos de Chloe assim que ela acordou. Olhou para o teto e lembrou que ainda estava na cama e no quarto de Ruan. Deveria ser a cama deles e o quarto deles, já que eram casados. Mas, naquele lugar pequeno, nada era dividido por eles, somente a certidão de casamento.Chloe se levantou, sentindo-se tonta. Precisou sair se apoiando na parede para não cair. Assim que chegou à sala, a porta da frente foi aberta e Ruan entrou, equilibrando uma sacola de mantimentos em uma mão enquanto, na outra, fechava a porta logo atrás dele.A respiração de Chloe ficou irregular quando ela pousou os olhos nele. Ele ainda estava em casa? Não deveria ter ido trabalhar? Ficou tanto tempo sozinha naquele apartamento que não estava acostumada com a presença do próprio marido.— Sente-se, eu vou servir o café da manhã.Chloe hesitou, olhando para ele com seus olhos grandes e brilhantes.— Por que está aqui? – ela arrastou os pés até o sofá e sentou, sentindo o cheiro de Ruan impr

Chloe olhou para o lado assim que acordou e viu o lugar vazio. Um sentimento de culpa, mais forte do que na primeira vez, rompeu seu peito.Ela achou que não deveria ter feito aquilo. Havia perdido um bebê há poucos dias e parecia querer arrumar outro. Como poderia ser tão fraca e vulnerável ao toque de Ruan?Saiu do quarto. O apartamento estava vazio. As coisas voltariam a ser como eram antes. Ela engasgou com o pensamento quando viu um recado na porta da geladeira.— Não se esqueça, você começa hoje às oito no trabalho.Chloe arregalou os olhos ao olhar as horas — faltava menos de uma hora. Correu para o banheiro, tomou um rápido banho e vestiu roupas limpas. Estremeceu, esfregando os braços. Não sabia o que encontraria no novo emprego, nem como as coisas seriam — e isso era assustador.Ruan teve todo o cuidado de avisar sobre seus compromissos, mas aquilo não significava nada. Na noite passada, ele parecia tão intenso e disposto a fazer aquele casamento dar certo... até Chloe se da