O sol brilha forte no céu de São Paulo e eu estou preso no estacionamento do shopping, o que acho fora do comum para o horário do almoço de um dia de semana. Eu ouço gritos, parece ser briga de marido de mulher, isso me tira do sério. Eu buzino irritado, afinal, por que todos abandonaram seus carros impedindo os outros de seguirem a sua vida? Curiosos de uma figa. Faz alguns dias que voltei do Rio, que apesar de ser uma cidade linda, eu sentia falta de São Paulo, o sistema de segurança nos shoppings de lá deu tão certo que agora estamos recebendo propostas de vários shoppings aqui para implementar nosso sistema e treinamento de pessoal, o que achei ótimo porque foi no momento exato em que eu precisava voltar.O toque do meu telefone interrompe a minha música que tocava no painel do carro e me deixa ainda mais irritado.— Espero que seja urgente, meu ótimo humor foi embora há alguns minutos. — Senhor, desculpe incomodar, mas neste exato momento está tendo uma briga entre casal na saí

Para meu alívio não foi nada grave, um corte no supercílio, e por isso a quantidade de sangue, a médica da emergência explicou que essa região é muito sensível e qualquer cortezinho sangra bastante, ela precisou dar dois pontos no corte, mas fez um curativo pequeno e mandou Isabela para casa.Estou saindo da emergência com ela e torcendo para que meu vizinho que me trouxe ainda esteja me aguardando porque no desespero me esqueci de pegar o celular. Rafaela deve estar em pânico. — E aí, está tudo bem? O que o médico disse? — pergunta meu vizinho ao me ver saindo pela porta.— Está tudo bem agora, levou dois pontos no supercílio. Que bom que está aqui, Ricardo eu não sabia o que ia fazer para ir embora, no desespero esqueci meu celular em casa. — Claro que eu fiquei, estava preocupado com a Isabela, mas que bom que não foi nada grave. Vou pegar o carro no estacionamento e te pego aqui. Ricardo sai e eu fico ali com uma Isabela sonolenta nos braços, chorou tanto que cansou.— Laura? —

Chegamos ao hospital e Jhonatan me ajuda a descer do carro com Isabela no colo. — Vou estacionar e te encontro lá dentro. Apenas maneio a cabeça positivamente e entro no hospital com minha filha. No interior do local vejo que a recepção está cheia, vários pais com seus filhos aguardando serem chamados. Pego um e me sento para aguardar a vez dela ser atendida, em alguns minutos vejo Jhonatan entrando, ele se surpreende quando me vê sentada com Isabela nos braços ainda dormindo. — Por que ainda está aí? Cadê o médico para atender ela?Acho graça de suas perguntas e logo explico que temos que esperar chamar pelo número. — Não, isso é um absurdo, ela está queimando em febre e vai ter que ficar aguardando mais o quê? Me espera que vou dar um jeito nisso. Pega o celular digitando algo enquanto sai de perto de mim, logo retorna com uma expressão satisfeita sendo seguido por um enfermeiro.— Vem, Laura, ela será atendida agora.— O que você fez, Jhonatan?— Nada demais, só liguei para o

Jhonatan GutierrezAperto a campainha e a porta logo é aberta revelando uma Laura abatida e cansada, se fosse outro momento eu a traria para meus braços para tentar cuidar dela, mas agora a única coisa que sinto é dor ao olhá‐la e lembrar o que ela fez.— Boa noite.— Entra, fique à vontade, vou chamar Isabela. Aceno positivamente e ela vai em direção ao corredor e logo volta com minha filha que parece estar bem melhor.— Oi, princesa, como você está? Ela abre um sorriso e vem andando até mim. Ajoelho-me no chão para ficar próximo de sua altura. — Eu cumi tudo hoje e agola tô boa. Vamo passea?Eu abri um enorme sorriso orgulhoso por vê-la cumprir nosso combinado. — Hoje ainda não podemos ir, mas logo, logo nós vamos passear bastante, tá bom? Olha o que eu trouxe para você!— Um ussu, óla mamã.— É urso, filha, e sim eu tô vendo, ele é lindo. Agradece, filha.— Bigada ti… — ela se cala e olha para a mãe como quem pede

— Amiga, ele está com ódio de mim, e eu não tiro a razão dele, como eu poderia imaginar que ele estava falando justamente o contrário do que eu entendi. Estou ao telefone com Rafaela explicando como foi a conversa com Jhonatan. — Amiga, não podemos culpar ele por te odiar nesse momento, eu também te odiaria…— Ah, muito obrigada por fazer eu me sentir pior, nem sei por que te liguei. — Desculpa, amiga, eu me expressei mal, o que quero dizer é que você precisa compreender o lado dele no momento, logo ele vai se acalmar e vocês vão poder conversar melhor sobre como vai ser daqui para a frente. — Será que ele vai querer tirar minha filha de mim?— Laura para de surtar, acorda para a vida, amiga, o Jhonatan jamais iria fazer uma coisa dessas. — Você tem razão, o pior é que eu acabei ofendendo-o, falei que ele era igual ao Álvaro. — Nossa, amiga, você pegou pesado, hein, ninguém merece ser comparado àquele traste.— Ele vai me odiar pelo resto da vida. — Você ainda ama o Jhonatan, n