“Nathan Prescott”Alguns minutos antes…Logan entra na minha sala parecendo um zumbi. Duas noites em Boston claramente não foram gentis com ele.— Você está péssimo — comento quando ele se joga na poltrona.— Sempre tão gentil… — ele rebate, sarcástico. — Boston foi um inferno. Aqueles investidores são insuportáveis.— Conseguiu fechar o negócio? — pergunto, me levantando.— Consegui — confirma, soltando um suspiro pesado. — Mas custou alguns anos da minha vida. E minha sanidade mental.Rio, pegando a garrafa que mantenho no bar da sala. Sirvo duas doses e volto a me sentar.— Você está precisando — digo, empurrando um copo na direção dele. — Muito — ele responde, dando um gole generoso. — Então… o que perdi enquanto estava fora?Fico em silêncio por um instante, considerando por onde começar.Vegas. O casamento. Sierra sendo desmascarada.— Muita coisa — murmuro, levando o copo à boca.— Tipo?— Tipo… descobrir que a Sierra fingiu que tentou se matar.— Ela o quê?! — Ele arregala os

O silêncio que se instala me sufoca mais do que qualquer grito poderia. Por um instante, tudo o que ouço é o som da minha própria respiração. Curta, trêmula, descompassada. Eu achava que sabia o que era dor. Achei que nada poderia doer mais do que o que Robert me fez passar. Mas agora entendo que sempre existe uma dor pior. Especialmente a de ser traída por quem você realmente acreditou que era diferente. — Foi um erro — ele admite, com a voz baixa. — Eu devia ter te contado antes. E me odeio por não ter feito isso. Me odeio por ter começado assim, por ter feito aquela aposta idiota, por ter oferecido aquele contrato. Mas tudo que veio depois… tudo que sinto por você… é real, pequena. — Você teve tantas chances de me contar — sussurro, encarando-o através das lágrimas. — Quando rasgou o contrato. Quando disse que me amava. Quando me levou para Las Vegas. Em algum momento, você pensou em me contar? Ou melhor, será que contaria algum dia? — Eu não sei! — explode, com a voz embarga

“Ann Prescott”O hospital tem aquele cheiro característico de desinfetante misturado com ar-condicionado que sempre me deixa enjoada.Mas hoje, isso nem me incomoda.Passo pela recepção, acenando para a enfermeira que já me conhece de tantas visitas, e sigo direto para o quarto de Daniel.Quando abro a porta, meu irmão está sentado na cama, mexendo no celular. Ele levanta os olhos e sorri, mas o sorriso desaparece imediatamente quando me vê.— Ann? — ele pergunta, franzindo a testa. — O que você está fazendo aqui? Não deveria estar trabalhando?— Tirei a tarde de folga — minto, entrando no quarto.— Mentirosa — ele rebate, colocando o celular de lado. — Você estava chorando. O que aconteceu?Tento sorrir, fingir que está tudo bem, mas é inútil. Daniel me conhece bem demais.— Só… tive um dia difícil.— Ann — ele diz, agora sério. — O que aconteceu? Foi a minha mãe?— Não. Graças a Deus, nunca mais vi aquela bruxa desalmada — respondo sem pensar. Depois, sorrio, sem jeito. — Desculpa,

“Ann Prescott”Grávida.Estou... grávida?Fico olhando para a médica, piscando várias vezes, como se isso fosse mudar o que ela acabou de dizer.— Eu… — começo, num fio de voz. — Tem certeza?— Bem, os exames de sangue são bem precisos — ela responde, ainda sorrindo. — Você está grávida de aproximadamente cinco semanas.Olho para Nathan, que continua parado ao lado da cama, completamente imóvel. Seus olhos estão arregalados, fixos em mim, como se também estivesse sem acreditar.— Nathan? — chamo, baixinho.Ele pisca, saindo do transe, e me encara.— Vamos ter… um bebê — murmura, e então sorri. — Pequena, nós… vamos ter um filho.— Vamos — sussurro, sentindo as lágrimas começarem a cair. — Grávida. De cinco semanas.Começo a contar mentalmente, tentando lembrar quando esse bebê pode ter sido feito, mas é inútil considerando as vezes que fizemos isso sem nenhuma proteção.Completamente irresponsável, mas…— Mas… Oh, meu Deus! — digo de repente, me lembrando. — Doutora, nós fomos para La

“Ann Prescott” Após assinar os papéis da alta e receber uma lista enorme de recomendações, finalmente saímos do quarto. — Vamos para casa, pequena — Nathan diz, colocando a mão nas minhas costas. — Não — respondo, parando no corredor. — Preciso ver o Daniel primeiro. — Mas você acabou de receber alta. Precisa descansar. — E vou descansar, amor. Mas antes, quero avisar meu irmão que estou bem. Ele deve estar preocupado. Nathan hesita, claramente querendo retrucar, mas acaba suspirando e assentindo. Seguimos em direção ao quarto de Daniel e, assim que paramos na porta, ouço vozes vindas lá de dentro. Abro e vejo Daniel sentado na cama, jantando, enquanto Harper está ao lado dele, mexendo no celular e balançando as pernas, nervosa. Quando me vê, ela deixa o celular de lado e se levanta num pulo. — Ann! Graças a Deus, você está bem! — Ela me abraça com força. — Daniel me disse que você desmaiou? O que aconteceu? Precisa de alguma coisa? — Harper, respira — digo, rindo enquanto