Harper WardNão havia animação alguma. Longe disso. Minha roupa não impedia que a barriga saliente ficasse à mostra, mas, de alguma maneira, parecia atrair mais olhares. Não o tipo admirado, claro, mas o malicioso, o incômodo.Inclinei-me para Aprill:— Acha que aqui é seguro? — perguntei, tomando consciência de que o ambiente começava a lotar. Se alguém esbarrasse na minha barriga, eu jamais seria capaz de me perdoar. — Tenho medo de acabar me machucando quando a loucura começar.Aprill olhou ao redor, prestando atenção ao ambiente pela primeira vez, e ao virar-se, tive certeza de que tinha as mesmas preocupações que eu. Talvez até maiores, considerando que seu medo de errar comigo mais uma vez ainda a assombrava.— Quer ir embora? — perguntou.Ponderei por algum tempo. Eu deveria mesmo ir. Seria o certo a se fazer. Mas, todas às vezes em que imaginava voltar para casa e não o encontrar, meu peito aquecia. Qualquer medo ou remorso parecia se dissipar depois disso.— Não. Vamos ficar.

Harper Ward— Ela não vai a lugar nenhum com você desse jeito, cara!Ai meu deus... Sabia que os ânimos estavam exaltados, mas não se poderia fazer algo a respeito no momento em que estávamos. Olhei ao redor, procurando por Aprill, e a vi, tensa, grudada em uma das paredes me encarando, observando cada desenrolar do drama em que assistia de camarote.“quer ajuda?” foi o que balbuciou, e entendi, ainda que não pudesse ouvi-la da distancia em que estava.Gesticulei um não discreto. Envolver minha amiga em toda a confusão só deixaria Chase ainda mais irritado, para ser sincera. Depois do incidente, sua raiva tornou-se maior, e o conhecia bem para saber que pensava que a ideia fora dela, não minha.— Não se mete, porra. — Chase disse, mas seu tom fora surpreendentemente controlado. Constante, como um homem em uma negociação, e não prestes a ser envolvido em uma briga de bar, com Ryder Voss e sua banda inteira. — Isso é entre mim e a minha esposa.— Sério, cara, você precisa se acalmar. —

Harper Ward— Por favor, não vá! — Ouvir Graham implorar deixou-me em alerta.Esperava da Grace, mas, a menina estava estranhamente quieta, como esteve por todas as últimas semanas, a propósito.— Por favor, não fala assim... — Implorei, ciente de que mais uma palavra e eu ficaria.E arruinaria a carreira política do grande governador Harrison, aparentemente. — Vá, filha. Não se preocupe por que eu vou ficar de olho nessas crianças. — Thomas disse, tocando meu ombro.Ao me virar, encarei o senhor, ainda um pouco pálido, sua recuperação fora mais rápida do que esperava. — Por favor, se algo acontecer com qualquer um deles, ou a você, não importa o que acha que vou sentir, me ligue. — Implorei, ao enfatizar a importância, e me certificar de uma omissão seria imperdoável. — Não deixe de fazer isso, é sério!Thomas balançou a cabeça. E ao me virar para as crianças, ainda sentindo as mãos do homem que me escolheu como filha, percebi que havia algo de errado. Grace estava mais suspeita do

Chase HarrisonDesconfiado, encarei Ward por todo o tempo em que estivera enfiada no maldito closet, trocando de roupas. Como, se, porra, eu nunca a tivesse visto nua, ou estado dentro dela. O pudor, ou a mudança em seu corpo, no entanto, fora a motivação. Se a infeliz soubesse que se tornara ainda mais atraente gravida...Cruzei os braços ao me recostar contra a soleira da varanda e encarei, ansioso, por mais uma rodada de desfiles, ao qual, estive estranhamente focado nos últimos minutos. Roupas nunca foram um foco, escolhe-las muito menos. Mas, no que se referia ao corpo da Ward, qualquer coisa seria alvo da minha devoção.Os olhos me encontraram, e brilharam. Quase, por um segundo, esqueci do ciúme que sentiu ao criar teorias em sua cabeça. Podia apostar que criou os mais variados e catastróficos cenários para explicar as mulheres em minha casa, até que tudo fosse esclarecido. E porra, de alguma maneira, o desconforto dela se tornara reconfortante.Não por vê-la triste, ao contrár

Chase HarrisonAquele era o melhor momento, porra. Sabia disso, mas não arriscaria tudo agora, enquanto a infeliz ainda poderia desistir. E custando-me o céu, apenas a encarei, de olhos fechados e queixo erguido. Merda, ela esperava que eu a beijasse, mas não tinha certeza se era o que realmente queria. E, ciente disso, me afastei, ainda mantendo a mão na nuca. A sensação de que estava queimando nunca me deixou, mas não tive certeza se vinha de mim, ou dela.— Melhor se preparar, anjo. — Alertei. — Vamos sair em duas horas.Lentamente, Harper abriu os olhos, e engoliu em seco, percebi. Era decepção o que via?Ela continuava parada no mesmo lugar, como se o ar tivesse ficado denso demais para respirar. Merda, talvez tivesse mesmo. Eu ainda sentia o gosto dela sem sequer tê-la beijado, e isso me corroía.Não havia vício mais cruel que Harper Ward.Passei as mãos pelo rosto, tentando retomar o controle, e fui até o closet pegar o terno. A rotina de se vestir parecia um disfarce necessári