O carro parecia andar devagar demais para a fúria que eu sentia por dentro. Minhas mãos estavam tensas no volante, nós brancos, maxilar travado de dor. Cada segundo que passava sem tê-la, sem saber se ela estava bem, sem poder olhar nos seus olhos... era uma tortura.Mas hoje...Hoje, um deles pagaria.Pisei mais no acelerador ao ver a entrada do depósito. Portas de aço escancaradas e homens de confiança de Ethan fazendo guarda. Ao descer do carro, todos ficaram firmes. Não falei nada. Meu olhar dizia tudo.Entrei no prédio.O som de socos e gritos ecoava pelas paredes de concreto. Cheiro de umidade, sangue e desespero me acertou assim que passei pela porta interna.— Onde você a levou, filho da puta? — rugiu um dos meus homens, aplicando um soco seco no cara amarrado a uma cadeira.Era Mariano.Com o cabelo desarrumado, roupa rasgada e o rosto tão inchado que mal conseguia abrir um olho. Sangue escorrendo do lábio, marcas por todo o corpo. Mesmo assim, aquele desgraçado sorria.— Fal

POV: JessicaTrês dias.Três malditos dias sozinha naquele quarto imundo.Não desejo isso nem para minhas piores inimigas.E eu tenho muitas.Não havia luz. Só uma lâmpada fraca que piscava, pendurada num fio podre.As paredes escorriam umidade e o colchão que jogaram no chão estava coberto de manchas que preferi não identificar.Um rato me mordeu na perna na primeira noite. Acordei gritando. Outro subiu no meu corpo enquanto eu dormia, e senti suas garras geladas arranhando minha pele.Passei uma hora chorando, sozinha, abraçada aos meus próprios joelhos.E o mais nojento de tudo…é que eu ainda pensava nele.Alexander.Pensava nas mãos dele. Na voz dele. Em como ele me olhava quando eu era a favorita.Pensava no que fomos.No que poderíamos ter sido… se aquela vadia não tivesse se metido no meio.Eu fui leal.Sempre.Silenciosa. Discreta.Estive ao lado dele quando ninguém mais o compreendia. Quando todos o temiam, eu me entregava por completo.E ele me tranca.Me joga fora como lix

POV: Aslin VenturaEstava deitada na cama, olhando para o teto como se esperasse uma resposta. Não pensava em nada em particular. Ou talvez pensasse em tudo. Na minha vida, no meu cativeiro, nesse filho que eu não pedi... mas que já crescia dentro de mim.Sentia o corpo pesado, as pálpebras cansadas e o coração apagado.Não chorava. Já nem isso eu conseguia.Apenas existia. Como mais um móvel naquela maldita casa.Bateram à porta com suavidade. Uma vez. Depois outra.Não respondi.Então, a voz trêmula de uma das empregadas se fez ouvir do lado de fora:—Senhorita Aslin… o jantar está pronto.Revirei os olhos com irritação. Mais uma vez aquela rotina. Comer, sorrir, fingir. E tudo isso na frente dele e dela... aquela mulher que não me deixava respirar.Não queria descer.Mas meu estômago roncava como um animal enjaulado. E com essa gravidez, não podia me dar ao luxo de ignorá-lo.Mesmo que eu não quisesse esse bebê... mesmo que o sentisse como uma condenação grudada à minha alma... meu

POV: Alexander LíbanoSegurei Jessica com força pelo braço, ignorando seus gemidos, suas lágrimas, seu corpo trêmulo. Levantei-a do chão como se fosse um saco de lixo e a arrastei para fora do quarto sem um pingo de piedade.—Anda, desgraçada! —cuspi com raiva—. Você não vai sair tão fácil desta casa… pelo menos não viva.Atravessamos o corredor com passos firmes. Os criados que cruzavam nosso caminho se afastavam com a cabeça baixa. Alguns não conseguiam esconder o horror no rosto ao vê-la... tão destruída, com o rosto coberto de sangue, um olho quase fechado e a boca tremendo entre soluços. Uma levou as mãos à boca. Outra começou a chorar. Mas ninguém teve coragem de me impedir. Ninguém ousava me tocar.Porque eu não era um homem. Eu era uma besta com sede de vingança.E ela… era a minha presa.Desci as escadas como um demônio solto, com Jessica arrastando os pés, tropeçando, sem forças. Assim que cruzamos a entrada principal... eu o vi.Deymon.Estava chegando à propriedade com a m

POV: Carttal AzacelO sangue fervia.O mundo girava devagar, como se eu estivesse sendo arrastado para dentro de um pesadelo do qual não podia acordar.Vi o corpo cair.O dela.Aslin.Ou foi isso que minha alma acreditou por um segundo.Não consegui me mover.Não consegui gritar no início.Só ouvi o som do disparo ecoando dentro da minha cabeça.E depois o silêncio.Aquele silêncio.Como se o mundo tivesse parado de respirar.— ASLIN! — rugi com toda a dor que tinha dentro, correndo em direção ao penhasco como um louco.O vento batia no meu rosto, como se também quisesse me impedir.Mas não me importei.Nada me importou.Queria pular.Queria alcançá-la.Queria trazê-la de volta.Ethan me segurou a tempo, com força, com todo o peso de quem já sabia o que era perder.— ME SOLTA, ETHAN! ME SOLTA OU EU TE MATO! — gritei como um animal ferido, lutando como se tivesse fogo sob a pele.Mas ele não me soltou.E foi ali… naquele segundo de raiva muda, que eu o vi.Alexander.Desgraçado.Diante