(Ponto de Vista de Aria)Ao deixar a festa em meio ao silêncio atônito, não consegui conter a sensação de satisfação por ver Eva finalmente recebendo o que merecia. Por outro lado, o silêncio de Adam após meu confronto com ela dizia muito: era um reconhecimento tácito da sua incapacidade de me defender da própria família.Com Regis ao meu lado, deixamos tudo para trás sem olhar para trás nem uma única vez. No entanto, naquele novo dia, o peso das minhas circunstâncias voltou a recair sobre mim. Apesar do meu desejo por independência, eu ainda estava presa a uma realidade onde minha autonomia era limitada pelos termos do meu casamento.A decisão de Adam sobre meu salário servia como um lembrete constante da dinâmica de poder entre nós, contrastando brutalmente com a ilusão de igualdade que deveríamos manter. Por mais que eu desejasse romper com essas amarras, continuava enredada na teia de obrigações e expectativas que me cercavam.Estava completamente absorta nesses pensamentos quando

(Ponto de Vista de Aria)Os olhares carregados de desprezo de Eva e Sophia cortavam o ar como lâminas afiadas, enquanto suas sobrancelhas arqueadas e o julgamento escancarado em seus rostos me faziam sentir exposta e vulnerável. Era como se me enxergassem como um lixo descartável, e o escárnio em seus olhos dilacerasse cada traço de dignidade e autoestima que ainda me restava.Apesar das tentativas de me diminuir, recusei-me a permitir que aquela negatividade contaminasse meu espírito. Por isso, permaneci ereta, com o queixo erguido, determinada a não me curvar diante da mesquinhez delas. Aos olhos delas, eu talvez não passasse de um alvo fácil para zombarias, mas, aos meus, eu era forte, resiliente e digna de respeito.Ao encarar seus olhares com firmeza, fiz um voto silencioso de que superaria toda aquela toxicidade e mostraria que estavam completamente erradas. Embora a opinião delas pudesse ferir por um instante, ela jamais teria o poder de me definir. Eu era muito mais do que os j

(Ponto de Vista de Eva)Lembrava perfeitamente do dia em que tudo desmoronou para mim naquele evento.— O que você fez? — Perguntou Adam depois de checar as câmeras de segurança. Consumido pela fúria, ele manteve os punhos cerrados e uma postura tão agressiva que parecia prestes a me atingir. Nunca o tinha visto assim antes... E, o pior, estava gritando comigo por causa daquela ex-esposa insignificante!Num momento de descuido, acabei exagerando com Aria. Então, desesperada para evitar as consequências, tentei jogar a culpa nela.Mas, mesmo tentando esconder, não pude ignorar a inquietação que se instalou em mim. Era evidente que meu irmão estava começando a enxergar as coisas com mais clareza, especialmente desde a partida de Aria.Essa percepção caiu sobre mim como um peso esmagador, já que minhas velhas táticas de manipulação já não surtiam o mesmo efeito. Dessa forma, com a ausência de Aria como bode expiatório, Adam conseguia se livrar das minhas mentiras cada vez com mais facilid

(Ponto de Vista de Adam)Eu percebi o choque estampado no rosto de todos, e sabia exatamente o motivo. Ao chegar, presenciei Eva prestes a estapear Aria, o que me fez entender, naquele instante, que provavelmente aquilo já havia acontecido outras vezes... E eu nunca estive lá para defendê-la. Não era porque eu soubesse e escolhesse ignorar, mas sim porque a verdade era ainda mais cruel: jamais enxerguei Aria como minha parceira, pois sempre acreditei na minha irmã e na minha mãe.Agora, tudo o que eu queria era consertar isso, pois os arrependimentos me atormentavam todas as noites. Era impossível esquecer o quanto a tratei mal e como nunca lhe dei o lugar que ela merecia na minha vida. Minha casa parecia vazia sem ela, e a ideia de perdê-la para sempre me era insuportável. Por isso, estava decidido a reparar tudo, a mostrar o amor e o respeito que ela sempre mereceu.A culpa pesava em mim como um fardo constante, sufocando cada pensamento. Cada lembrança de Aria vinha carregada de dor

(Ponto de Vista de Aria)Quando Elodie e Eva entraram na recepção, um enjoo subiu pelo meu estômago, ameaçando tomar o controle de todo o meu corpo. Ainda que uma maré crescente de desconforto se formasse dentro de mim, forcei-me a manter uma aparência serena. No entanto, meu coração disparava num ritmo descompassado, denunciando o caos que se instalava por dentro.A cada passo que davam em minha direção, o peso da ansiedade parecia se intensificar, sufocando-me com uma apreensão quase física. Ainda assim, engoli em seco e me preparei para resistir ao pânico que ameaçava me dominar por completo.Quando seus olhos se fixaram nos meus, meu corpo se preparou para a onda inevitável de humilhação. Bastava o olhar delas para arrancar qualquer traço de dignidade que eu ainda conservasse, deixando-me vulnerável e exposta, como se meu interior tivesse sido rasgado diante delas.Minha respiração falhou assim que antecipei as palavras venenosas e os olhares carregados de desprezo. Ao mesmo tempo,