Cap. 42Valerius se sentou na cadeira em frente à cama enquanto Lúcios analisava seus movimentos.— Não se pode esconder nada de você, certo? — Valerius sorriu, apreensivo.— Pelo menos você não. Afinal, você não consegue mentir tão bem. Não para mim. O que aconteceu naquele dia?— Naquele dia, a Ângela viu a empregada colocando algo na sopa. — Valerius disse, a voz baixa, mas firme.Lúcios suspirou, pensativo ao ouvir, com os olhos cravados no teto, como se a própria vida estivesse escrita ali. Ele não esboçou nenhuma surpresa, apenas suspirou como quem já está cansado.— Ângela viu? Ou ela fez algo? — murmurou, sem mover a cabeça.— Ângela viu. Não pense tão mal dela. Sei que você tem fortes suspeitas de que ela esteja envolvida com tudo que está acontecendo, mas... eu acredito que, como ela está sem memória, tem demonstrado de verdade que gosta de você.— Mas ela não lembra de nada... como foi que ela entendeu? Ângela, até então, é mais inocente que uma menina de dez anos.Valerius

Cap. 44Na manhã seguinte — Auditório Principal da UniversidadeAs cadeiras estavam ocupadas por centenas de alunos, professores, investidores, avaliadores da comissão e até jornalistas convidados.O evento anual era prestigiado, transmitido ao vivo pelos canais internos da universidade. Um mar de câmeras e celulares estava voltado para o palco, porque aquele não era qualquer momento, mas o momento que representava mais um avanço para a ciência apresentado por cada aluno.Rafael ajeitava a gravata ao lado de Kellen. Ele estava sorridente, um ar arrogante evidente em cada passo que dava. Vários alunos cochichavam ao vê-lo caminhar com confiança. Ele era bonito, articulado... e agora, um possível vencedor do maior projeto científico do ano.Kellen, por outro lado, estava calma demais. Sentada na cadeira com as pernas cruzadas, usava um jaleco e, por baixo, um vestido preto. As pernas cruzadas balançavam o pé com uma calma cirúrgica, olhando ao redor daquela multidão como se esperasse po

Cap. 46— Então me diz uma coisa... por que você não tem a mesma especialização que a Ângela? Por que não consegue fazer nem metade do que ela fazia? Isso poderia ter nos ajudado.Kellen ergueu uma sobrancelha.— Eu nunca me interessei por aquilo. Medicina me entedia — disse sem rodeios. — Ângela que sempre me ajudava a tirar notas boas. Eu copiava os trabalhos dela, decorava os resumos... — ela riu baixo, um som seco. — E sinceramente? Até me arrependo de ter matado ela. Afinal... agora não tenho mais quem me ajude a estudar, que pena... vou ter que largar a graduação.Rafael a encarou por um longo momento. As palavras pairaram entre eles como uma nuvem pesada. O remorso dele contrastava com a frieza dela.— Mas... sei que existem coisas mais interessantes que você quer agora, e eu sei exatamente como te ajudar. Por que não vamos para seu apartamento? — ela perguntou, deslizando a mão pela mandíbula dele, aproximando seu rosto do dele.— Não sei... estou um pouco irritado agora.— Ma

Cap. 48— Não... espera... Isso não é... — Ele ficou tenso. — Meu corpo... — gaguejou ao ver seu corpo reagindo aos estímulos de Ângela. — Céus... — Ele riu por um momento, mas logo seu sorriso desapareceu, encarando Ângela.Ângela saltou do colo dele como se tivesse pisado em brasas, bateu no suporte da banheira, tropeçou no tapete e escorregou, caindo na água da mesma, quase se afogando, enquanto Lúcios estava petrificado — ainda mais com a reação dela, como se estivesse vendo um bicho.— Sério? Você está fazendo tanto alarde por causa de uma ereção? — Ele perguntou, surpreso.— Ah, meu Deus! — Ela exclamou, o rosto vermelho como fogo ao se arrastar, saindo da banheira. — Como assim?— Apenas saia! Eu posso tomar banho sozinho! — Lúcios gritou, tentando se cobrir, ainda atordoado.Ela correu até a porta, atrapalhada, tropeçando no avental e se chocou com Valerius, que trazia uma toalha.— Mas o que...? — Valerius a segurou antes que ela caísse novamente. Sua face estava vermelha que

Cap.50— Então estou brincando também. — Ele roçou o nariz na bochecha dela, sorrindo. — Que foi, Angela? Virou uma menininha coagida agora?Ela empurrou o ombro dele, irritada, mas não conseguiu se livrar das mãos dele. Protestou, sentindo desconforto com seu aperto.— E você está sendo um babaca!Ele parou. O olhar escureceu um pouco. A voz ficou sóbria.— Então... — ele sussurrou em seu ouvido, segurando-a com força pela cintura — você deveria ter pensado nisso quando me provocava todos os dias. Desde que entrou nesta casa, é isso que você faz. — Soltou o quadril dela devagar. — Se não quer mais brincar, da próxima vez, se comporta. Não fica se jogando em cima de mim como se eu fosse seu urso de pelúcia. Mesmo assim, você não precisa se preocupar. Não tenho a intenção de te desejar como mulher. Só senti algo que foi provocado fisicamente. Não vai mais acontecer. Não com você.Angela se levantou com raiva, os cabelos meio bagunçados, ajeitando o vestido com indignação. Ela não sabia