AVERY WELLES 4 MESES DEPOIS. Seus beijos delicados caem sobre minha pele nua, acendendo um rastro de calor intenso do meu ombro até a bochecha, me despertando do sono profundo. Ele percebe minha reação inquieta e começa a depositar uma dúzia de beijos em meus lábios, continuando até eu rir sonolenta e retribuir o beijo. — Bom dia pra você também. — murmuro, apertando a palma da mão contra os olhos para me adaptar à luz que entra pela fresta das cortinas. Ele continua o caminho da paixão pelo meu maxilar até a curva do meu pescoço. — Você estava sonhando de novo. — resmunga ele na minha clavícula, depositando seu último beijo antes de se apoiar no travesseiro ao meu lado. Meus lábios se contraem numa expressão indecifrável enquanto me sento, os lençóis de algodão se acumulando em volta da minha cintura nua. Alcanço o elástico de cabelo no criado-mudo enquanto as pontas dos dedos dele roçam a alça do meu sutiã. — Avery? — Estou bem. — murmuro, puxando os lençóis e jogando as p

AVERY WELLES — Você queria me ver? — a voz amigável de Jason interrompe minha bagunça de tinta e recortes de tecido. Suspiro, aliviada, empurrando a pasta e me recostando na cadeira. — Você está tendo esse tipo de dia? — Esse tipo de semana. — respondo com um riso baixo. Ele estica o pescoço para espiar o layout do hotel em Boston. — Eu cuido disso. Mas queria te chamar pra me acompanhar na viagem a Londres na semana que vem. — O amante não pode ir? Mostro a língua ao ouvir o apelido que ele deu a Logan. — Sou capaz de fazer negócios sozinha, obrigada. Mas pensei que você gostaria de ir. Se não quiser, posso... — Quem falou em não ir?! — sorri. — Mas, falando sério, por que o Logan não vai? Reviro os olhos e fecho a caneta. — Está procurando um novo espaço pro restaurante. Eu convenci todos de que posso resolver algumas pendências lá. Só queria companhia. — Ah, entendi. Usando e abusando de mim agora que virou uma viúva trabalhadora. — Eu não sou uma viúva trabalhadora! —

AVERY WELLES Quando eu tinha quatro anos, Ju e eu estávamos correndo atrás uma da outra no quintal quando tropecei na mangueira do jardim e quebrei meu braço. Quando eu tinha oito anos, escorreguei no parquinho da escola e fiquei com um corte acima da sobrancelha direita que exigiu seis pontos. Quando eu tinha quatorze anos, sentei-me em uma sala fria e cor de marfim com meus pais enquanto eles contavam a mim e à minha irmã que minha mãe tinha desenvolvido câncer. Quando eu tinha dezenove anos, todos nós estávamos sentados no mesmo hospital, em volta de uma cama de aparência desconfortável, enquanto minha mãe dava seu último suspiro. Agora, aos 25 anos, eu estava aos pés da horrível cama de hospital, olhando para o corpo inconsciente do meu pai. Meus olhos ardiam e eu não tinha certeza se era por causa do fluxo de lágrimas que deixei nas últimas oito horas, ou pelo forte cheiro de desinfetante. — Não entendo. — minha voz estava rouca e seca. Paul massageava meus ombros c

AVERY WELLES — Nossa, calma aí, querida. — ele suspira. Lágrimas escorrem dos meus olhos enquanto me agarro ao meu pai como se eu fosse uma criança de novo. — Ei, sem chorar. Estou aqui. — Por que você não tomou cuidado? — Eu tomei. — defende-se ele. — Havia um buraco na estrada. Só percebi quando já era tarde demais. Dei uma guinada e perdi o controle, é tudo o que me lembro. Tento controlar minha respiração, agradecendo a Logan enquanto ele me entrega um copo d'água. — Minha moto se foi, hein? Estreito os olhos. — Você está mesmo se importando mais com esse pedaço de metal do que com a sua própria vida agora? — Nunca tive a intenção de parecer amargurada. — Você quase morreu, pai. Foi você quem quase se foi! — Ei, calma...— Logan murmura suavemente em meu ouvido enquanto coloca a mão delicadamente em meu ombro. Dou um suspiro pesado, e as lágrimas brotam novamente nos meus olhos. — Desculpa. Eu... é que quase te perdemos, papai. — Avery. — diz carinhosamente. — Vem cá.

AVERY WELLES Para uma tarde de sexta-feira, as ruas estavam surpreendentemente calmas, mas isso não acalmou a sensação nauseante que me assola. Liguei para minha equipe. Mas ninguém sabia de nada sobre o corte repentino do restaurante.Confusão, mágoa, culpa, medo e, mais importante, traição, dominavam cada ênfase do meu corpo. Eu até comecei a escrever mentalmente tudo o que planejava dizer a Logan quando nos encontrássemos.Como ele não me contou que estava me substituindo neste trabalho? Como ele não me contou que o Harry já estava fazendo entrevistas? Como ele pôde depositar tanta confiança nele e deixá-lo assumir o escritório?E à medida que meus passos se aproximavam cada vez mais do canteiro de obras lotado de homens com jaquetas fluorescentes e capacetes, todas as perguntas começaram a desaparecer no ar e meu subconsciente encolheu até desaparecer.— Avery! — ouço uma voz familiar exclamar. Lucian se aproxima, com a prancheta debaixo do braço e o capacete preso na cabeça. —