Stella Willians O som abafado das vozes no corredor ecoava pela parede da sala de aula enquanto eu recolhia minhas coisas, tentando ignorar o nó que havia se formado no fundo da minha garganta desde hoje à tarde. A reunião com meu pai, Irina e Nolan ainda pesava sobre mim como uma névoa densa, e o desconforto que senti naquele banheiro, diante de Dominic, voltava a cada pensamento disperso que eu tinha. Era como se aquele encontro tivesse mexido com todas as peças mal equilibradas dentro de mim. Suspirei, ajeitando a alça da bolsa no ombro, e saí da sala. Brandon não tinha aula naquele dia, o que significava que não estaria me esperando lá fora com aquela simpatia ensaiada e os olhos vigilantes. Honestamente, era um alívio. Precisava colocar minha cabeça no lugar. Mas fui surpreendida. Quando atravessei as portas da universidade, desci a pequena escadaria e caminhei um pouco em direção onde provavelmente o motorista designado a mim costumava me esperar. Senti meus passos falharem.

Stella Willians — Você está falando sério? — perguntei, ainda ofegante, como se meu corpo não tivesse conseguido se recuperar completamente do que acabou de acontecer entre nós.Dominic assentiu, com aquele sorriso sereno que ele só mostrava quando estava absolutamente certo do que queria.— A cidade é pequena, isolada, e o projeto é grande o suficiente para justificar minha presença constante. Achei que seria o momento ideal para nos afastarmos de tudo.Ele saiu de dentro de mim, o que me fez sentir falta do seu calor, mas seus olhos continuavam presos nos meus.— Mas e se desconfiarem? — Minha voz saiu baixa, hesitante, apesar da esperança que crescia dentro de mim, me incendiando por inteiro. — Se o Brandon desconfiar? Se alguém da empresa perceber?Dominic passou os dedos pelo meu braço nu, e senti a pele se arrepiar com seu toque.— Vamos ser cuidadosos. Não posso mais ficar longe de você, Stella. E apesar do seu receio, sei que você sente o mesmo. Quando estou com você... tudo

Dominic WilliansEstava na cozinha, preparando o café, como eu costumava fazer todo dia — tinha empregados para tudo em casa, mas gostava do sabor do meu, e do cheiro do líquido âmbar se espalhando no ar — quando o som de passos apressados no andar de cima e o zíper de uma mala sendo fechado com força me chamou a atenção. Olhei para o relógio de pulso: seis e quarenta e cinco. Me aproximei da porta da cozinha, tentando ouvir melhor, mas não conseguia. Então caminhei a passos furtivos até a ponta da escada e fiquei ali, escutando.Um murmúrio abafado vinha do corredor dos quartos. Dei alguns passos devagar, pisando leve como um intruso, pensando em subir a escada e chegar à porta do quarto de Stella e Brandon — mas desisti. Independente do que estivesse acontecendo, eu não podia intervir. Seria pior. Para ela.— Eu não vou fingir que nada aconteceu, Brandon! — A voz dela soava baixa, porém, firme. Carregada de mágoa.— Stella, por favor... eu perdi o controle. Foi um momento. Eu nunca

Dominic Willians Chegamos ao hotel no final da tarde, depois de algumas horas de estrada e de um silêncio que falava alto demais.A cidade era menor do que as que eu costumava trabalhar, mas promissora. Eu já havia feito outros projetos pelos arredores da região, mas nunca nessa cidade em específico. E isso me dava bastante gás para trabalhar. Eu sempre gostei de um desafio.Um terreno extenso nos arredores já nos esperava para o início das obras da nova filial. Eu deveria estar concentrado, mentalmente listando os próximos passos, os riscos, os prazos. Mas desde que Stella subiu comigo para o elevador, as prioridades pareceram… distorcidas.Ela estava com os olhos presos no visor dos andares, mas eu sentia a tensão nela. No jeito como segurava a alça da bolsa com força. No cuidado exagerado para não encostar em mim, mesmo quando o elevador balançou um pouco na subida. E eu entendi. Ou, pelo menos, tentei entender. O que aconteceu com o Brandon mexeu com nós dois. Eu não podia negar.

Stella Willians Tentei fechar a porta, mas ele colocou o pé entre ela e o batente, entrando com naturalidade e empurrando o carrinho para dentro.— Dominic, eu... eu pedi para jantar sozinha.— E eu pedi para te esquecer — ele murmurou, parando no meio do quarto e me encarando com olhos escuros. — Mas nem sempre a gente consegue o que quer, não é?A atmosfera entre nós mudou instantaneamente. O ar parecia pesado, carregado de eletricidade. Meu corpo inteiro reagiu à presença dele. A água do banho ainda evaporava da minha pele, me deixando mais sensível. E ele... ele estava lindo demais. Perigoso demais.— Dominic, você devia ir… — murmurei, mesmo que cada parte de mim gritasse o contrário. A voz quase falhando.— Devia — ele disse, se aproximando devagar e fechando a porta com o pé. Ouvi apenas o baque. — Mas não vou.Engoli em seco. O carrinho de comida estava esquecido ao lado, a luz suave da lâmpada dava ao quarto um tom quente, íntimo.Ele parou diante de mim, olhando direto nos