JADEA noite caiu lá fora como um luto silencioso. O quarto continuava escuro, abafado, e o cheiro de sujeira impregnava tudo. A porta seguia trancada, enquanto a fome arranhava o estômago e a sede colava a língua no céu da boca. Joaquim dormia — ou fingia — tentando escapar daquele inferno. Eu, por outro lado, não pregava os olhos.Ficava ali. Sentada. A mão sobre minha barriga. Pensando no bebê. No Ravi. No que poderia acontecer se demorassem demais.Um aperto no peito me consumia, como se o universo me avisasse de que algo horrível estava por vir.E veio.CLAC.A chave girou devagar, como se fosse parte do jogo psicológico. Joaquim acordou num pulo. Me pus à frente dele, instintiva, protetora. A porta se abriu. E quando vi ela, meu sangue ferveu.Estela.Se eu soubesse que ia encarar aquela cobra de novo, teria deixado ela em coma da última vez. Ou melhor: teria matado a vadia.— Olha só quem é a prisioneira da vez — ela disse, com aquele sorriso de cobra. — Quem diria, hein, Jade?

JADEDepois do Ravi passar a faca no pescoço da Estela, ele pegou a arma e disparou contra ela. Fiquei surpresa com a atitude do Ravi, mas não senti pena dela, pois ela estava prestes a matar o meu bebê. RAVIAssim que chegamos ao local indicado pelo localizador, nos separamos. Eu entrei na cabana com a Fera, enquanto o Júnior foi com a Érica olhar ao redor da casa.Comecei a procurar no interior da cabana, até que senti o cano de uma arma em minhas costas.Donatello: Quem diria que o grande empresário, que se achava tão esperto, não conseguiu perceber rapidamente que eu sou o irmão do Jonas. Para isso, precisei sequestrar o chato do seu cunhado.Ravi: O que você queria com isso? Me trazer até aqui? Então tudo bem, eu troco de lugar com eles, e você deixa eles irem embora.Donatello: Eu quero que sua mulher veja você morrer na frente dela, e depois farei com ela o que meu irmão pretendia — estrupá-la e fazer ela de minha puta particular.Tentei me virar, para olhar n

EFRAIM Quem disse que a preocupação é exclusiva da infância dos filhos? À medida que eles crescem, a preocupação permanece a mesma. Quando Jonatha me contou sobre o sequestro do irmão da Jade e que Ravi sabia do paradeiro deles e estava a caminho de resgatar, meu coração de pai se apertou. No entanto, era evidente que entre Jonatha e Ravi, o Ravi sempre foi mais teimoso. Eu sabia que minha opinião nesse momento não faria diferença, e, se estivesse em seu lugar, teria agido da mesma forma. Por isso, não poderia me opor a ele.Ele me pediu para ir até a sogra, e como não tinha compromissos, decidi ajudá-la.Nunca imaginei ver o Ravi tão envolvido com uma mulher como está agora. Ele sempre afirmava que não se apaixonaria, que nenhuma mulher valia a pena, e agora o vejo apaixonado por uma simples dançarina. Mas quem sou eu para julgá-lo? Eu era apenas uma figura insignificante, enquanto a mãe deles tinha tudo, porém o amor é sempre mais forte do que qualquer riqueza.Dirigi-m

ALGUNS MESES DEPOIS - JADE Estava admirando minha linda barriga no espelho. Com sete meses de gestação, estava definitivamente parecendo uma bola, mas com um motivo maravilhoso: minha filha, Joice. Decidi homenagear a mãe do Ravi escolhendo esse nome. Durante toda a gravidez, deixei Ravi louco com meus desejos noturnos, e ele sempre se mobilizava para atender a cada uma das minhas vontades. Era emocionante vê-lo falar com nossa bebê. Ravi: Cadê a bonequinha do papai?Ela parecia já reconhecer a voz dele, pois respondia com chutinhos.Ele havia chegado recentemente da empresa, beijou minha barriga e depois me deu um beijo. A prioridade sempre foi ela, e eu brincava dizendo que havia perdido meu lugar.Joaquim ficou fascinado com a notícia de que seria tio e jurou proteger Joice com sua própria vida. Hoje, eu, minha mãe e ele teríamos uma conversa com Maurício, que saiu da clínica de reabilitação e pediu uma oportunidade para dialogar. Embora eu ainda não tenha lhe perdoado por nos te