Henrique CarterEm poucos dias, será meu aniversário de 17 anos. Tenho certeza de que minha mãe espera que eu viaje correndo para casa, mas, desta vez, acho que não conseguirei fazer isso. Até porque sei que o Charles não permitirá que eu me afaste dos seus olhos enquanto as confusões que o James está aprontando não se acalmarem.Nossa viagem foi bem tranquila, ainda bem. Tentei me aproximar da Dakota, mas ela se manteve afastada o tempo todo. Sentou-se no fundo da aeronave e ficou de conversinha com alguém pelo telefone, o que já me deixou irritado.Petter, por sua vez, não perdeu a oportunidade de me encher o saco, deixando-me com a pulga atrás da orelha ao insinuar que ela devia estar falando com o Brian, que sempre soube que ele arrasta uma asa para ela. Depois que começamos a namorar, ele mudou o comportamento com ela. Agora está bem mais cuidadoso, o que tem me incomodado.Mas, com ela irritada do jeito que está, não vou lá pedir satisfação. Continuei sentado no meu lugar com o

Henrique CarterFui pego de surpresa com o que Charles me disse assim que saímos do carro. Ele se engana ao pensar que passou despercebido o olhar que lançou para Dakota. Isso me faz acreditar, mais uma vez, que talvez Petter esteja certo sobre ela estar trabalhando para James.Mas o que ela ganharia me usando assim? É isso que não consigo entender e, principalmente, não consigo aceitar: que ela esteja me traindo dessa forma. Petter começa a rir do que aconteceu, e dou um chute na sua canela, fazendo-o deixar a maçã cair no chão e ir se queixar com a mãe, que nos observava da escada.Puxo Dakota pela mão e entramos na casa. Precisamos conversar, entender o que realmente pode acontecer agora que minha mãe está ciente do que está acontecendo. Charles vai até o bar, serve-se de um copo de uísque, senta-se em frente à lareira e estende a mão. Sua esposa vai até ele e senta-se em seu colo de bom grado.Dakota me dá um selinho e decide subir para o quarto. Percebo que Petter observa o fato

Cleide MunizAssim que acordamos, desci sem medo algum do que me esperava no andar inferior. Uma coisa que aprendi com James foi a enfrentar o perigo, mesmo que doesse. Eu precisava proteger meu filho desse mundo.Augusto ainda não se sentia confortável com toda a situação. Passou praticamente a noite inteira acordado, com medo de que alguém invadisse o quarto e nos matasse ou fizesse algo que forçasse Henrique a escolher um lado.Não desmereci o medo dele, mas, pelo pouco que entendi do que está acontecendo aqui, Charles está mudando de lado pelo bem de sua família. E, pelo visto, ele se afeiçoou ao meu filho, assim como todos ao seu redor que o protegem.Talvez isso seja o necessário para que todos fiquemos livres do mal que James causou a cada uma das pessoas que estão aqui. Respirei fundo e desci, pronta para enfrentar tudo o que meu filho também vinha enfrentando.Com o desenrolar da manhã, Augusto saiu com Charles e Henrique foi atrás de Dakota. Fiquei com Marília e sua filha, q

Cleide MunizVoltar para casa e deixar meu filho, mesmo sob a proteção de Charles, me deixou muito preocupada. Como eles podem confiar que aqueles que estavam lá não vão traí-los e contar a James que já sei de tudo o que está acontecendo com Henrique?Nossa viagem de volta foi bastante tranquila, embora minha mente estivesse atordoada com tantas informações, principalmente com os planos que Henrique decidiu compartilhar comigo e com Charles, para que eu possa contá-los a Carol e, assim, eles consigam encontrar James, seja no México ou no Caribe.Até onde sabemos, ele está no México, com um tal de Gonzales, que sempre o ajuda com algumas coisas. Charles teve o cuidado de nos passar diversas informações para que pudéssemos repassar o máximo possível para a famosa Madame Suíça.Sei que ela vai me encher de perguntas, mas não tenho como esconder que já sei da verdade. Tenho certeza de que ela tentará me manter fora dessa loucura que envolve a vida deles, mas, ainda assim, preciso contar.

Henrique CarterEntramos no quarto e vou direto para o banho. Preciso limpar os cortes que ganhei no rosto. Sinto a água escorrer, limpando cada ferida. Então, ouço uma batida na porta e a voz de Charles pedindo licença.— Henrique, preciso ir para o Caribe. James foi emboscado no iate e a ligação ficou muda. — Eu ainda estava pelado no box quando Dakota apareceu na porta do banheiro com uma caixinha de primeiros socorros.— Finalmente fizeram alguma coisa. Espero que, pelo menos, tenha sido bem feita. — Charles revirou os olhos.— Estou levando o Bryan comigo. Se o deixar aqui, tenho a sensação de que você o mataria. — Sorri, porque essa era realmente a minha vontade. — Estou indo. Dakota, cuide dele. Assim que eu chegar ao Caribe e souber de alguma coisa, te ligarei.Vi Charles sair do banheiro. Enrolei-me em uma toalha e fui até minha jujuba.— Que merda foi essa, Henrique? — Sentei-me na beira da cama enquanto ela começava a abrir vários pacotes de gazes e curativos para cuidar de