POV KaelO fim da tirolesa nos lançou direto em um acolchoado de folhas e areia fofa, à beira da praia. Caímos rindo, meio embolados um no outro, com a adrenalina ainda correndo solta nas veias.Nyvie estava com as bochechas coradas e os olhos brilhando como nunca.— Quero fazer isso de novo — disse, ainda ofegante.— Vamos fazer quantas vezes quiser. Mas antes... — olhei para o horizonte. — Tem algo que quero dividir com você.Ela seguiu meu olhar.O sol começava a descer lentamente, tingindo o céu com tons de laranja, rosa e dourado. As nuvens se curvavam como pinceladas suaves e, à medida que a luz se espalhava pelo mar, era como se o oceano tivesse sido coberto de ouro líquido.Tirei minha roupa e estendi a mão para ela.— Vem comigo.Ela sorriu, tirando suas roupas também, estávamos nus com o sol de fim da tarde iluminando nossos corpos, e logo estávamos correndo em direção à água, rindo como duas

POV Kael O motor do barco rugia suavemente enquanto a costa desaparecia atrás de nós, envolta na névoa rosada do entardecer. Nyvie estava encolhida contra mim, uma das mãos segurando a minha, a outra descansando sobre a barriga ainda plana, mas que agora abrigava algo sagrado. Nosso filhote. A palavra ecoava na minha mente como um trovão calmo, impossível de ignorar. Filhote. Por um tempo, eu só consegui encarar o horizonte, tentando conter a emoção que ainda me prendia a garganta. Tantas vezes eu havia imaginado um futuro com ela, sonhado em vê-la sorrir com nossos filhos correndo ao redor — mas agora… agora era real. Killer, dentro de mim, estava inquieto. Feliz. Orgulhoso. E feroz. “Temos que protegê-la. Os dois. Não há mais margem para erro.” — Eu sei. — murmurei em voz baixa, e Nyvie levantou o olhar. — Está tudo bem? Assenti. — Só estou tentand

POV NyvieA noite caiu com um silêncio quase sagrado, como se a própria floresta ao redor soubesse que precisava nos proteger esta noite. Kael dormia profundamente ao meu lado, o braço ainda envolto em minha cintura como se isso fosse suficiente para afastar qualquer perigo, ele ficou ainda mais protetor quando soube que eu estava esperando nosso bebê. Mas eu não conseguia dormir por nada.A imagem de Orion assombrava meus pensamentos. Não por medo, mas por raiva caso ele tentasse algo contra meu filhote, eu não permitiria. Ele havia se tornado uma sombra do que foi um dia. Um homem partido, consumido por um amor doentio que ele mesmo inventou, no começo realmente parecia real, mas era tudo obra do feitiço que ele mesmo fez com os bruxos de seu pai. E agora… agora eu era mãe. Eu não podia mais me dar ao luxo de apenas sobreviver.Levantei devagar, sem acordar Kael, e fui até a varanda. A lua cheia banhava a mata com um brilho prateado, e Kira andando por minha mente, silenciosa com se

POV OrionA noite avançava como um véu denso, abafando a floresta em sombras. Mas eu via tudo. Sentia tudo. Cada passo de caça, cada farfalhar de folhas. Dark mantinha meus sentidos aguçados, faminto, impaciente ainda após saber sobre nossa companheira.O sangue do cervo ainda escorria pelas minhas presas quando retomei a forma humana ao lado da pedra sagrada. Meus dedos ainda tremiam da fúria, do ciúmes... e da lembrança do nome dela desenhado em sangue. Nyvie. Aquilo era só o começo e logo ela saberia.— Eles viram. Sentiram nossa presença. Vão correndo contar pro Alfa Garret e logo Kael saberá com o que está lidando — disse Dark, em tom satisfeito. — A pedra agora é nossa. A floresta vai sussurrar nosso aviso. Logo, eles virão. E ela também, pra podermos tomá-la.— Eles não vão ignorar isso. Kael vai entender como uma ameaça.— É uma promessa. E uma promessa nossa... se cumpre ou se arrasta em sangue, acabamos com todos da alcatéia dele.Me vesti com as roupas sujas que havia deixad

POV NyvieAcordei com um sobressalto, o corpo curvado de dor, minhas costas cediam.Não era como as cólicas comuns da gestação. Essa dor era profunda, como se algo estivesse sendo arrancado de dentro de mim. Instintivamente, levei as mãos à barriga, ofegando. Senti um calor gelado escorrer pela pele e percebi que estava suando frio.— Kael… — minha voz saiu fraca, mas desesperada.Ele já estava acordado, como se sentisse antes de mim. Em segundos, pulou da cama e ajoelhou ao meu lado, os olhos arregalados de pânico.— Nyvie! O que está acontecendo?— A barriga… está doendo... muito...Ele não hesitou. Me envolveu com o lençol, me ergueu nos braços e desceu as escadas quase voando. Quando chegamos à sala, minha mãe já estava à nossa espera. O olhar dela era de puro terror, mas havia também aquele brilho de foco — o mesmo olhar que ela sempre teve como médica. Ela sabia.— Eu senti — foi tudo o que disse, abrindo a porta. — Entrem. Agora.O carro já estava ligado. Kael segurava minha mã