Ela já não queria ficar ali. Aquele lugar já não tinha mais o mesmo efeito nela. Em tão pouco tempo, as coisas mudaram tanto assim à volta dela. Era verdade, quanto mais a sua forma de ver as coisas mudava, mais as coisas à sua volta pareciam bizarras. Mas tudo foi sempre assim, tudo sempre esteve naquela disposição, e ela adorava sua arrumação, organização e rotina. Mas agora, mesmo ela não conseguia reconhecer que aquele era mesmo seu gosto de decoração. Será que ela sempre quis mesmo viver numa cobertura ou era só Yahya que achava aquilo deslumbrante? Ela queria uma vivenda, com um modelo rústico, com a mistura de campo e vintage, mas bem moderno ao mesmo tempo. Ela era complicada como qualquer mulher, mas se deixava levar pelos gostos daquele homem, e só agora nota que talvez nem aquelas roupas sérias que veste fazem seu perfil.Quando olha para trás, parecia apenas que ela perdeu preciosos anos de sua vida. Era uma pena, mas ninguém podia trazer aqueles de volta. Pegou no pote de

Era manhã, e os raios do sol invadiam a cobertura com brusquidão. As duas amigas se fizeram á sala de jantar, cochichando enquanto traziam o pequeno almoço elaborado para a mesa. Acordaram um pouco tarde, após uma noite em branco contando fofocas e assistindo comedias românticas coreanas.— Quando é que Elias estará aqui? — Selsabil pergunta para a mulher que se acomodava á mesa redonda de mármore polido.— A qualquer minuto, ele falou de estar aqui antes das 10. Mas não tem problema, hoje decidi tirar o dia livre e relaxar. Não quero trabalho, não quero nada. Vou aproveitar para me livrar de todo aquele lixo e ligar para a fundação, para dizer que tenho coisas para o leilão que será feito na próxima gala. — Fátima tagarelou, na sua boa disposição, que não era vista em muito tempo.Antes que ela pudesse dar um gole no cappuccino, a campainha tocou. Ali no retrovisor viu Elias, trazia uma caixa consigo. O sorriso no rosto de Fátima, foi quase automático. Abriu a porta, e o homem estava

Já passava da meia-noite quando o trio se encontrava na sala da cobertura, Fátima trazia três chávenas de café, acompanhado de algumas amêndoas e tâmaras, e as colocou sobre a mesa de centro. Selsabil tinha o seu olhar curioso grudado no ecrã do Laptop, enquanto Elias abria os files copiados do computador de Salman. — Já encontraram algo? — Fátima pergunta, intrigada e impaciente. Elias não tirou os olhos do ecrã, apenas continuava a fazer o que tinha de fazer, sem se deixar estressar pelas mulheres impacientes.— Temos de ter paciência, ele tem muita informação aqui que não precisamos. Nós queremos especificamente algo que lhe implique. — Elias diz em sua voz calma, e um semblante serio.— Espero que ele não desconfie de nada. — Fátima diz, aquecendo suas mãos com a xicara quente, toma um gole. Selsabil finalmente tira a cara do ecrã e olha para sua amiga com um olhar que dizia para ela não se preocupar muito.— Nada. Ainda está convencido de que sou uma universitária esquecida e de

O homem que chegou no A-Z Technologies conduzindo um mercedes classe S, logo pela manhã, desceu o carro assobiando uma melodia, como se aquele fosse o dia mais bonito de sua vida. E até podia ser; estava a conquistar a mulher de seus sonhos, que caia na sua teia tão bonita. Estava um milionário, na suíça. Seria o CEO duma empresa renomada a nível mundial, e ficaria mais milionário do que agora.Pisou no botão que trancou o carro com um piscar das luzes. Andava quase dançando, enquanto balançava sua mala de couro na mão. Parou por um instante e fez um gesto de quem b**e numa bola de golfe invisível, com um taco invisível, e colocando a mºao sobre a testar, fingiu assistir a bola furar o ar, antes de fazer um som de vitoria. Continuou a andar, com aquele sorriso de quem encontrou ouro no fim do arco-íris. — Bom dia. — Salman cumprimentou o segurança que, firme, se pôs à sua frente, barrando a entrada. Aquele era o dia do xeque-mate, e já começava mal.— Bom dia. Desculpe, mas o senhor n

— Mesmo assim. Tu não sabes nada sobre ele. — respondeu, com um tom decidido. — E mesmo que tudo isso seja verdade, ainda assim... nada muda. Ele me trata como ninguém jamais tratou. Como uma rainha. E tu... tu tentas me comprar como se eu fosse gado.Omar sorriu, impassível. Parecia que palavra nenhuma o atingia. Ele tinha um objetivo, um objetivo único, e parece que nada o convenceria do contrário.— Isso é fogo de palha, Fátima. Vai passar. E quando passar, estarei aqui. À tua espera. — Posou seus talheres ao lado do prato e a encarou.Era obvio que Elias não havia a dito nada sobre sua vida, e para Omar aquilo mostrava apenas o quão frágil era sua ligação.Fátima tinha sua garganta a doer, de tanto reprimir suas lágrimas. Sim, Elias havia se fechado, e também a havia envolvido mais do que ela devia. Mas era só um contrato, não é? Não devia nem tão pouco se sentir assim.Sua mão foi de encontro á seu clutch que estava sobre a mesa, e pegou a bolsa com certa violência, antes de se ap