LeonardoUm menino. Eu seria pai de um menino.Como a vida poderia mudar tanto em menos de um ano? Passamos meses tentando, depois outros tantos fazendo exames, enfrentando frustrações silenciosas, noites longas e esperanças contidas. E agora… agora éramos pais da Laura, graças à adoção, e teríamos nosso segundo filho, que crescia dentro da mulher que eu amava.Eu realmente não podia estar mais feliz.Agora a nova missão era escolher o nome. Nunca fomos fãs da ideia de combinar letras nos nomes da família, mas depois da chegada da nossa Laurinha, manter a tradição com a letra "L" parecia fazer sentido. Era como uma marca nossa, um pequeno elo entre todos.Enquanto Laura dormia no quarto ao lado, eu e Luísa estávamos deitados, conversando baixinho, como fazíamos nos nossos melhores dias. Falávamos sobre os nomes possíveis, sobre o almoço que prepararemos para contar às nossas famílias sobre a gravidez. Era como se estivéssemos sonhando acordados — e eu me sentia exatamente onde sempre

LeonardoAcordei com uma vozinha sussurrando bem perto do meu ouvido:— Papai...Abri os olhos com esforço. Eram cinco da manhã. Laura estava em pé ao lado da cama, com a corujinha de pelúcia na mão e o olhar sonolento.Eu mal conseguia manter os olhos abertos. Só levantei o edredom, puxei ela para o meio da cama entre mim e Luísa, e voltei a dormir.Quando acordei de novo, já eram oito horas. As duas dormiam profundamente, e fiquei ali por alguns minutos, só observando aquela cena — minha esposa e minha filha, lado a lado, abraçadas. Era como começar o dia dentro de um sonho.Saí de fininho para buscar as sobremesas que Luísa tinha encomendado para o almoço. Quando voltei, as duas já estavam na cozinha, Laura toda animada, tagarelando, e Luísa com aquele sorriso que iluminava qualquer manhã.Comecei a preparar o almoço. Quando tudo estava pronto e a mesa posta, os convidados começaram a chegar. O clima era leve, cheio de risos e conversas boas. Laura, como sempre, no centro de tudo.

LeonardoA vida estava um pouco caótica ultimamente. Luísa já estava na reta final da gestação, e tudo parecia girar em torno da chegada de Luca. A maternidade já estava escolhida, as malas prontas, os documentos separados. Nossos pais estavam avisados, de sobreaviso.Laura, por outro lado, parecia sentir que algo grande estava prestes a acontecer. Estava mais manhosa, mais grudada em Luísa — que, por causa da barriga, já não conseguia mais pegá-la no colo. Para compensar, passava mais tempo com ela no sofá, deitadas, conversando, fazendo carinho.— Ela está bem manhosinha ultimamente, né? — disse Luísa, com um sorriso cansado.— Acho que já sente que nas próximas semanas não vai mais ser a única. — respondi, acariciando seus cabelos.À noite, quando Laura dormia, passávamos horas pesquisando sobre parto, amamentação e os desafios do puerpério. Conversávamos sobre como seriam as noites com um recém-nascido, se ele choraria muito, se acordaria Laura... A ansiedade nos acompanhava em tu

LeonardoA rotina estava cansativa. Acordamos de três em três horas por causa das mamadas, Laura ainda demandava atenção o tempo todo, e Luísa… bom, eu via nos olhos dela que algo não estava bem. Estava mais calada, mais cansada — não só no corpo, mas na alma. Eu lia sobre o puerpério, sabia que mudanças hormonais eram comuns, mas também sabia que aquilo podia ser o início de uma tristeza mais profunda. E isso me assustava.Eu ficava me perguntando se estava ajudando o suficiente. Será que ela se sentia sozinha, mesmo comigo por perto? Será que eu estava conseguindo ser o parceiro que ela precisava agora?Foi então que tive uma ideia. Combinei com a minha mãe para ficar com as crianças na sexta à noite. Eu e Luísa sairíamos para jantar, só nós dois. Nada de fralda, de mamada ou de desenhos animados. Comprei um vestido para ela, delicado, do jeito que ela gostava, e um par de sapatos.Na sexta de manhã, deixei Laura na escola e voltei para casa. Luísa ainda dormia. Dei uma geral na coz

LeonardoFoi intenso. E maravilhoso.Estar com Luísa daquele jeito de novo… depois de tudo o que vivemos, depois da chegada do Luca, depois das noites em claro e da correria do dia a dia — foi como reencontrá-la por inteiro. Eu queria mais. Queria fazer amor com ela em cada canto da casa, em cada oportunidade, em cada silêncio roubado entre mamadas e cochilos infantis.Mas eu também sabia que tinha sido um recomeço. Que o corpo dela ainda estava se adaptando, ainda sensível. E que, mesmo com toda a vontade que existia em mim, o respeito por ela vinha em primeiro lugar.Ficamos deitados, nossos corpos ainda quentes, nossas respirações se acalmando.— Não usamos camisinha... e você também não está tomando nada — comentei, com o olhar fixo no teto, mas o pensamento no que havíamos acabado de viver.Ela virou o rosto para mim, ainda com um leve sorriso.— Acho que não vou engravidar agora. Acabei de ter um filho, meu corpo nem teve tempo de entender isso ainda — respondeu. — E… acho que d