Catarina, sentada em sua cadeirinha, está ao nosso lado enquanto tomamos café. A cozinheira preparou uma banana amassada com aveia e a serviu em um pratinho plástico no cadeirão. A pequena se delicia com a refeição, mas também se diverte, espalhando a comida por toda parte. Passo um guardanapo suavemente pelos seus dedinhos sujos enquanto ela balbucia sons animados. O tempo todo sinto os olhos de Luke sobre mim, atentos a cada movimento meu. Ele observa enquanto limpo a bagunça de Catarina, e sua expressão me intriga.Kate entra e se une a nós, pegando a folha com o discurso de Luke para repassar tudo com ele. Antes disso, ele me lança uma careta divertida, como se antecipasse a impaciência que terá com as revisões dela. Eu, no entanto, permaneço alheia à conversa, concentrando-me em minha refeição e nos cuidados com Catarina. Assim que termino, peço licença e a pego no colo, levando-a até o quartinho de brinquedos.Passamos horas agradáveis juntas, entre risos infantis e brincadeiras

Luke— Luke! O que há com você? Deus! Você não pode agir assim, chutando os cachorros. — O tom de Kate é uma mistura de exasperação e preocupação. Ela não está falando de animais, claro, mas da minha atitude, da minha expressão sempre fechada, das palavras cortantes que ando distribuindo sem filtro. A insatisfação dentro de mim transborda, e ela percebe. — Você anda muito nervoso. Está colocando tudo a perder! Esse nervosismo vai acabar com você. Seu próprio pessoal já não acredita no seu romance com Natália, e isso pode vazar. Eles podem dizer que você, na vida real, é uma coisa e, lá fora, outra. Isso é péssimo para a sua imagem como político. Passa uma impressão de falsidade.Olho para ela, mas minha mente está em outro lugar. Um vulcão contido que ameaça entrar em erupção no meu peito. Meus pensamentos, como sempre, voltam para Natália.Não entendo. A química entre nós é intensa, algo que me consome, e ainda assim, ela me mantém à distância, como se eu fosse algo repulsivo. E não

Deus! Nem me lembrei disso!Ele se junta a mim na cama. Segura a minha cabeça entre suas mãos e o seu rosto se aproxima mais e mais do meu... ele então me beija.Um beijo lento, mordiscando meus lábios.Antes que eu possa piscar, sem quebrar o beijo, suas mãos soltam meu rosto e envolvem meu corpo, me puxando mais para si; enquanto seus lábios apreciam os meus, como se fosse a coisa mais gostosa do mundo.—Adoro seu cheiro natural misturado ao seu perfume e ao shampoo de seus cabelos. Todos eles combinam com você.Eu respiro fundo, mas não digo nada. Não quero falar nada. Quero apenas sentir, me entregar, esquecer meus conflitos, fechar os olhos para os meus medos...Cheia de desejo, eu o puxo para mim.Agora nossas mãos não são gentis enquanto percorremos o corpo um do outro. Tudo tem um ar de desespero, um desejo implacável.Eu solto um gemido de prazer quando ele toma um dos meus seios e o provoca com a sua língua. Um som possessivo sai de sua boca quando eu ergo minhas pernas em

Pouco tempo depois, encontro Luke na cozinha. Ele está bem à vontade conversando com uma das garotas que trabalha para ele. Um papo bem animado para o meu gosto. Ele ainda não pegou nada na geladeira.Também, com essa conversa mole com ela... Quando ele me vê, endireita o corpo e vem na minha direção. A garota com um sorrisinho se afasta.—O que ela queria?Ele me envolve com os braços.—Nada. Ela estava apenas comentando de uma das cartas e e-mails que eu recebi de uma eleitora. Ela é responsável por responde-las para mim. Já imagino o teor dessas cartas e e-mails que chegam...—Você mesmo não as responde? Confia tanto nessa garota, assim? —Questiono.Se ele nem confia em mim, por que confia nela para responder as cartas?—No começo respondia, mas me cansei. As cartas não falam dos meus projetos, não falam de política. Entende? São de outra natureza. Ela só me passa as que são importantes.—Mas essa carta não parece importante.Ele ri.—Não, mas tinha um teor engraçado, meio pesad

LukeNatália adormeceu de bruços. O rosto de lado, os cabelos espalhados no travesseiro. Sorrio com a visão e lhe dou um beijo carinhoso em seu pescoço, ela resmunga e continua dormindo. Levanto-me da cama e vou até o banheiro.Solto um suspiro quando vejo a camisinha estourada na minha mão. Há muito eu parei de esvaziar o conteúdo dela embaixo do chuveiro. Hoje, eu apenas a jogo no lixo. Natália conseguiu o que eu achava impossível: voltar a confiar em uma mulher.Com as mãos no balcão olho novamente a camisinha dentro do lixo.Conto para ela ou não? Questiono-me.Respiro fundo. Não! Não vou preocupa-la com isso. Se acontecer, aconteceu. Sempre sonhei em dar um irmão ou irmã para Catarina. E pretendo depois da candidatura pedi-la em casamento. Só não fiz o pedido ainda pois não quero passar a imagem que fiz isso para me candidatar e que então continuamos noivos como se acostumássemos com isso. Não! Quero que ela veja e sinta que minhas intenções são reais e verdadeiras. Que indepe