Damian VólkovA sala estava carregada. O ar, denso, pulsava com uma energia que eu conhecia bem, mas que não sentia há muito tempo. A magia. Ela estava ali, rodopiando ao nosso redor como uma presença invisível, fria e opressora. Mas o que mais me incomodava era a origem.Celeste.Meus olhos estavam fixos nela, que agora piscava confusa, completamente alheia ao que acabara de acontecer. A voz que saíra de seus lábios não era dela. O jeito como seu corpo se enrijeceu, como se algo a possuísse por um breve momento, foi o suficiente para me colocar em alerta. Eu sabia que aquilo não era um truque. Eu já havia sentido aquilo antes.— Celeste... — chamei seu nome, mantendo minha voz firme, mas ela apenas franziu a testa, sua expressão levemente inquieta.— O quê? O que aconteceu? — sua voz voltou ao normal, cheia de dúvida e cansaço. Ela esfregou as têmporas como se sentisse uma dor de cabeça súbita.Por um instante, hesitei. Devia contar a ela? Não, não agora. Se ela realmente era a chave

Celeste MoreauEu não conseguia mais ignorar o que estava acontecendo. Cada vez que pensava que estava em controle da situação, algo dentro de mim se rebelava, como se eu fosse apenas uma marionete presa a fios invisíveis. Damian Vólkov era como uma sombra em minha vida, e agora, essa sombra estava se tornando mais intensa, mais pesada, mais impossível de escapar.Aquela manhã, quando entrei na empresa, senti uma pressão no peito, como se tudo ao meu redor fosse uma grande mentira que eu estava começando a perceber, mas ainda não sabia como explicar. O olhar de Damian na noite passada ainda estava vivo em minha mente. Ele sabia mais do que estava me dizendo, e isso me aterrorizava. Mas o pior não era ele — o pior era a sensação de que ele estava certo. Que eu estava começando a ver coisas que não deveria.Me sentei à minha mesa, mas as palavras no computador pareciam dançar, distorcidas. Eu passei a mão pela testa, tentando afastar o peso do que parecia estar se aproximando. Eu estava

Damian VólkovO som do porteiro do meu prédio ecoou pela sala, cortando o silêncio pesado que pairava na casa. Eu estava sentado à mesa, olhando fixamente para o vazio, minha mente emaranhada de pensamentos sobre Celeste. Ela ainda estava fraca, inconsciente, repousando no sofá da sala. Eu não conseguia afastar a sensação de que algo estava profundamente errado. Algo mais do que a possessão da bruxa antiga. Algo mais que me ligava a ela, de maneira inexplicável, perigosa.Foi então que a porta se abriu, e Nick entrou. Ele era o único amigo que eu tinha e, para minha surpresa, o único com quem eu realmente poderia falar sobre o que estava acontecendo. Não que eu quisesse, mas de alguma forma, ele já estava envolvido demais.Ele me olhou com uma expressão séria, e logo seus olhos se fixaram em Celeste, deitada no sofá. Ele parecia perceber a tensão no ar, mas não disse nada de imediato. Caminhou até mim com passos firmes, mas devagar, como se estivesse absorvendo cada detalhe da cena.—

Celeste MoreauO silêncio que pairava na casa era quase palpável, pesado, como se o ar em volta de nós tivesse se transformado em uma substância densa e difícil de respirar. Mesmo com a tensão crescente, algo me dizia que não havia mais volta. O que quer que estivesse acontecendo, nós estávamos dentro disso agora. Sienna estava perto, e isso me dava uma sensação de conforto, mas também de desconforto, como se soubéssemos, as duas, que um novo ciclo estava começando e que não poderíamos mais ignorá-lo.Acordei para a realidade novamente, quando finalmente consegui formular minhas palavras:— Sienna, você precisa vir até aqui, na casa de Damian. Eu não sei como explicar, mas há algo muito errado acontecendo. E eu não posso enfrentar isso sozinha. — Minha voz soava trêmula, e eu sabia que as palavras eram desesperadas, mas não conseguia esconder o pânico que me consumia por dentro.Sienna, como sempre, foi minha âncora. Sua voz, geralmente calma e controlada, transmitiu um toque de preoc

Damian VólkovA sala estava silenciosa, apenas o crepitar do fogo quebrando o peso da tensão que pairava no ar. Eu havia começado a explicar, mas ainda havia tantas camadas a desvendar, tantas peças do quebra-cabeça que precisavam ser colocadas no lugar. O que acontecera entre nós e o que estava prestes a acontecer não era algo simples, e as respostas não seriam fáceis de digerir.Sienna, ainda sentada no sofá, parecia absorver cada palavra que eu dizia, mas havia um brilho nos seus olhos, algo como uma dúvida que ela não podia ignorar. Celeste, por outro lado, se mantinha calma, mas eu sabia que, em seu interior, a inquietação não desaparecia. Elas não sabiam, ainda, o que isso tudo significava para elas. E nem eu sabia ao certo.Mas, para que pudessem entender, era necessário voltar ao início. O começo da linhagem dos lobos, a origem de tudo.— Os primeiros lobos... — comecei, minha voz mais suave agora, como se eu estivesse falando de algo distante, mas também incrivelmente íntimo.