A mulher diante de mim tinha o mesmo tom de cabelo da minha mãe, embora a cor dos olhos fosse um pouco diferente. Ela realmente se parecia com minha mãe, mas parecia um pouco mais jovem. As lágrimas escorriam sem som, e bastou um olhar mais atento para que eu notasse o olho machucado e a boca trêmula... A língua havia sido arrancada, impedindo-a de falar.Slade se aproximou. Observou a mulher de cima a baixo e franziu o cenho, irritado, pois aquilo não era o que esperava, e seu ego fora ferido. Logo depois, ele desferiu um chute violento que a lançou ao chão, e, pelo impacto, eu soube que algum osso fora quebrado. Thane a encarou e, enquanto a ajudava a se erguer, notei um brilho perturbador em seu olhar. A mulher mal conseguia sustentar o próprio corpo.— Ela pertence à minha alcateia, e jurei que não sairia viva daqui. — Disse Thane ao pai.Slade não pareceu satisfeito com aquilo, até porque se dependesse dele, teria prolongado a tortura da mulher. Thane se aproximou, inclinou-se e s

No fim, Thane estava certo: eu havia me tornado capaz de me conectar com minha loba por conta própria.Com o tempo, correr sobre quatro patas deixou de ser estranho, e os sentidos intensos da primeira vez já não me sobrecarregavam como antes.Eu me sentia... Livre. E, finalmente, completa.-Minhas roupas ainda estavam onde as deixei antes da transformação, e, ao reencontrá-las, vesti-me novamente. Logo, percebi os passos vindo em minha direção, antes mesmo de identificar quem era.— Ei. — Chamou o estranho. Talvez nem tão estranho assim, pois eu já o tinha visto antes, mas não conseguia lembrar onde.— Você me assustou. — Menti.— Me desculpe, Luna. Eu não sabia que era você.— O que está fazendo aqui?Me repreendi internamente assim que fiz a pergunta. Aquele não era um espaço privado, então qualquer um podia estar ali se quisesse.— Estou buscando clarear a mente… — Disse ele, com um leve sorriso triste no rosto. Havia uma beleza discreta nele, do tipo que só se revelava quando se o

— Ela não fez nada. Quem foi responsável por aquilo... Já está morta. — Afirmei, com a voz fria. Aquilo já não era mais um jogo, não depois que minha mãe se tornara parte disso. Eu não podia me permitir entregar nenhum detalhe.— Uma mulher foi morta, sim. Mas a responsável não. Sua mãe esteve no meu quarto. Como eu não notaria? Jamais esqueceria aquele cheiro. — Disse ele com um sorriso cínico. — Ou meu filho está se enfraquecendo... Ou está tentando me provocar.— Que pena que você não tenha conseguido fazer essa pergunta diretamente à minha mãe.— Eu até faria, mas ela está sob a proteção de Thane, então pode ser um pouco... Complicado. — Respondeu, e eu soltei um riso abafado. Então, o olhar dele deslizou pelo meu corpo, e precisei conter o arrepio de puro nojo.— Não pareceu difícil para ela chegar até você. — Retruquei apenas para provocá-lo.— Quando uma mulher decide se vingar, até o diabo se esconde. — Murmurou, e o ressentimento que eu sentia ameaçou romper minha fachada cont

Já fazia tempo demais desde a última vez em que fiquei sozinha com Axel em um cômodo, e eu precisava conversar com ele. Afinal, ele não podia simplesmente soltar uma bomba e sair andando como se nada tivesse acontecido. No entanto, em vez de encarar aquilo, ele parecia mais interessado em falar sobre "o incidente".— Então, de repente, aparece um cara estranho, que você nunca viu na vida, e ele diz: "Vamos até um depósito suspeito"... E você simplesmente vai com ele? — Questionou Axel, com a voz carregada de desaprovação.— Sim, eu fui... Mas não como você está dizendo. Essa sua teoria me faz parecer patética, e não foi assim que aconteceu.— Então, o que realmente aconteceu?— Eu havia saído para correr... Mas, na verdade, eu esperava te ver. — Confessei, notando o olhar dele suavizar. — Como você não apareceu, achei que podia continuar sozinha. E foi o que fiz. Segui com a ideia, mas então ele surgiu. Estava tão abatido... Pensei que fosse um dos nossos, alguém da alcateia. E, como e

— Você parece perdida em pensamentos. No que está pensando? — Thane perguntou. Era tarde da noite, mas minha mente permanecia desperta, e, claro, ele percebeu.— Em nada. — Menti.— Está pensando, por acaso, na declaração do Axel? — Questionou, e eu fiquei em silêncio. Sempre achei que Thane fosse bom em ler as pessoas, mas e se... Fosse mais do que isso? Não havia como ele ter percebido aquilo só pela minha expressão.— Thane, acho que você consegue ler mentes.— Isso quer dizer que acertei?— Sim. E como... Como fez isso?— Acho que sou um bom adivinhador.— Não, é mais do que isso. Sinto que tem algo aí que você não está me contando.— Riley, olhe pra mim. — Pediu, e eu obedeci. — — Eu adoraria poder ler mentes, mas, infelizmente, isso só existe na ficção, em livros e filmes. Eu não tenho esse dom. Axel me contou, mais cedo, que se sentiu culpado pelo seu sequestro, então só fiz uma dedução.— Porque sou um livro aberto? — Perguntei.— Não. Acho você um mistério. Acredite ou não, vo