Ponto de vista da KaiaAssim que acordei, soube que ainda estava presa pelas cordas.Eles se deitaram pesadamente sobre meu peito e meu tronco. Mas, em vez de me causarem dor, eu fiquei tão atordoada com o toque deles, com o jeito como me seguravam, que aquilo provocava arrepios... Faíscas que dançavam sobre minha pele, em vez de queimá-la.Tentei me mexer, me livrar delas mais uma vez, até que, de repente, desapareceram. Meu peito se aliviou e eu consegui respirar de novo.Meus olhos se abriram quando senti uma leve pressão no rosto, e alguém chamava meu nome.— Kaia... Kaia... — Uma voz quente e preocupada me chamava.Por que o Samson estaria preocupado? Foi ele quem me colocou naquela situação.Tentei afastar as mãos dele, lutar, quando vi o teto branco e iluminado acima de mim.— Calma, Kaia. Sou eu. Você está segura agora. Conseguimos sair. — A voz do Hector tentou me acalmar, mas aquilo só podia ser um truque. Ou o sedativo mexendo com minha cabeça.Ele... Ele devia estar morto.

Se o Alfa Zederick sempre tivesse sido o Alfa Marc, então ele tinha me enganado.Tinha usado minha amnésia contra mim, fingido ser um aliado, alguém que se importava comigo, alguém próximo do meu pai.— Kaia? — Meu silêncio provocou um rosnado exigente de Hector. Eu tinha sido uma idiota. Confiei na pessoa errada, quando a única pessoa em quem deveria ter confiado estava bem na minha frente.— Ele disse que me salvou das águas... Que você queria me controlar, igual meu pai fazia...— Você acreditou nele em vez de mim? — As palavras saíram entre os dentes cerrados de Hector. A mágoa na voz dele era impossível de ignorar.— Ele disse que conhecia meu pai... E também conhecia minha mãe...— A gente vai embora agora. Mande guerreiros, se quiser Orpheus, mas tudo o que vão encontrar é um monte de cinzas e um corpo morto....Voltamos para a estrada em questão de minutos. Orpheus tinha emprestado um carro da matilha para a gente, insistindo que tivesse um motorista junto, mas o Hector recuso

Ponto de Vista da KaiaGraças à deusa por Jude, porque, sem ele, eu realmente acreditava que estaríamos mortos. Foi ele quem conseguiu acalmar Hector o suficiente para que os soldados me levassem no veículo deles.Eu ainda sentia a aura furiosa de Hector tentando sufocar o ar ao nosso redor, mesmo depois que entrei na parte de trás da van do conselho. Jude seguia o veículo quase colado no para-choque enquanto eu era transportada.— Não diga nada, Kaia. Eu vou descobrir quem fez isso. Vou tirar você daqui! — Hector sussurrou no meu ouvido assim que saí do veículo e fui levada para dentro de um prédio comercial no meio da cidade.Um soldado do conselho empurrou Hector para o lado. Um rosnado ameaçador vibrou ao nosso redor, até que meu olhar firme conseguiu acalmar ele.A gente ainda não sabia o que estava acontecendo. Não era hora de começar uma guerra.Fui conduzida para dentro de um prédio que não parecia em nada com uma prisão. Era uma torre de vidro, parecida com um escritório human

Kaia – Ponto de Vista— Glace é seu sobrenome, Varon é o do seu companheiro, mas obviamente vocês ainda não são casados, e Sable... Sable é seu nome de casada... embora eu não veja nenhum pedido para alteração de nome... você nunca chegou a mudar? — Ele folheava meus documentos, depois ergueu os olhos para mim.— Mudar meu nome?— Desde que você se casou com o Alfa Than Sable, da Matilha Deserto de Âmbar? — Ele me encarava como se eu estivesse totalmente perdida.E de fato eu estava, e no fundo eu sabia que ele sabia disso. Eu via o brilho nos olhos dele — ele estava se divertindo com minha confusão. Para ele, conhecimento é poder, e ele tinha todo o poder naquele momento.Casada...Era como se o chão inteiro tivesse desaparecido sob meus pés.Como se o carpete tivesse derretido, abrindo um buraco negro onde eu despencava — meu estômago afundava, como se eu realmente estivesse caindo, embora eu nem me mexesse.— Eu era casada... casada com Than Sable? — Meus olhos buscaram Hector, cujo

Kaia – Ponto de Vista— O Alfa Than está aqui? — Isso não poderia estar acontecendo.— Está, Luna. — Respondeu Aubrey, mas seus olhos estavam voltados apenas para o próprio Alfa.Havia preocupação neles. Todos sabiam... a matilha inteira sabia. Será que só eu não sabia...? Achava que é assim que funciona a amnésia.— Então permita a entrada, Aubrey. Afinal, deveríamos manter relações amigáveis com o meu ex-marido — Retruquei. Meus olhos brilharam com a presença da minha loba, enquanto um rosnado baixo escapava da minha garganta.Eu adorava Aubrey — ela era como uma mãe para Hector — mas também devia saber de tudo.Tentei dar um passo em direção à porta do escritório, mas fui impedida.— Você não vai a lugar nenhum... — Fui puxada de volta contra o peito firme de Hector, que se recusava a me deixar sair.— O que quer que tenham a dizer, podem dizer aqui mesmo. — Ele me conduziu de volta à minha mesa, me sentou na cadeira e permaneceu em pé atrás de mim.Os dedos dele roçaram meu pescoço